Coisa mai linda |
Portanto, somem-se a Novembro de 2011 mais 8 meses. E isto para festejar os 500 anos do foral manuelino.
Por partes: o facto de reabrir, depois de se gastarem 3 milhões de euros naquela colina e de estarmos à espera há tanto tempo, é o mínimo. Houve soluções interessantes aplicadas e outras que nem por isso. Há outras que, suponho eu e meio mundo, existirão, mas não sabemos. Não sabemos o que vai ser feito lá dentro. Não sabemos se se irá aproveitar a História Templária (sim, insisto nesta parte - lá fora por bem menos, vende-se de tudo). Não sabemos. Sabemos que há um filme que custou bastantes milhares de euros e haverá uma BD. Mas a nós não há fonte da autarquia que diga. Há um jornal que sabe de uma fonte da autarquia. O resto são suposições. E uma certeza: haverá uma placa enorme para inaugurar, pois claro. Se até em supermercados atingidos por cheias há, não haverá numa obra que, ironicamente, a penúltima vez que sofreu mexidas, era uma obra do regime?
A parte boa é a aposta no Castelo, na colina, nas actividades, no levar pessoas lá acima (disciplinem é o estacionamento entre o cemitério e a colina - penalizando os chicos-espertos que teimam em não saber ler placas de trânsito), onde suponho que a Cafetaria - um espaço agradável, admito - terá o seu papel. A outra parte é o aproveitamento de efemérides como o Foral Manuelino. Numa terra que trata, na maioria dos casos, a sua História ao pontapé e se fica pelo que é fácil (Marquês ad nauseaum, por exemplo), todo e qualquer evento equilibrado que sirva de pretexto para fazer as pessoas reencontrar a parte histórica é bem-vindo. É um esforço que interessa.
É pena que não haja uma Carta Arqueológica no Concelho, que não haja um arqueólogo no quadro da Câmara (não há nenhum com cartão laranja que esteja disponível?), para juntar a um núcleo muito restrito de gente que está lá e se preocupa com estas questões. Mas a sociedade civil continua (onde faço um mea culpa também) por não se mobilizar e questionar os investimentos que não fazem sentido, como a cobertura de betão com que se tapou a colina ou a perfeita anormalidade que é a rua da encosta do Castelo. Ou a bela escadaria de acesso à porta principal. 3 milhões de euros é muito dinheiro e podia ter sido melhor gasto. Relembro que só em Leiria se gastaram perto de 600 mil euros para a prospecção arqueológica do Castelo. Num lado explora-se. Noutro esconde-se? É que ressalvando diferenças de área e de importância, aqui também se descobriu um muro no acesso ao cemitério, prontamente tapado por betão. Serviria de quê? Não sei. Não houve fonte da autarquia que informasse.
Por isso, enquanto Junho e esse programa de festas não chega, o nosso castelo altaneiro, mutilado pela aberração insegura que o IGESPAR (ou lá como aquilo se chama agora) fez à torre de menagem (mais uma vez, veja-se Leiria) e por aquela escadaria inenarrável, a lembrar um acesso a um qualquer centro de saúde, continua inacessível aos pombalenses. Esperemos que valha a pena, tal como a Cafetaria parece estar a resultar (recomendo a visita desde já). E ficamos à espera que alguma fonte da autarquia nos informe, por interposta pessoa, de futuros desenvolvimentos.
Boas tardes!
ResponderEliminarPombal terra de inovação e empreendedorismo, até têm um castelo com câmara de tirar retratos!
Gasta-se muito com pouca utilidade, é um facto.
ResponderEliminarMas o pior é que os investimentos acabam por ser apenas "Gastos", uma vez que, para verdadeiramente se enquadrarem no conceito de "investimento", deveria haver uma perspectiva de retorno (e não necessariamente financeiro). Uma estratégia integrada de aproveitamento turístico seria obrigatória. Um plano de dinamização cultural. O enquadramento com outras valências (por exemplo, e referiste bem, a cafetaria. Mas não só!). Em relação ao Castelo, isso não se verifica, de maneira nenhuma!
Separo o comentário, para explanar um assunto que diverge um pouco. É que aquilo que disse em relação ao castelo, é reflexo do que acontece no próprio concelho em relação à cultura.
ResponderEliminarA CMP sempre teve uma tremenda falta de sensibilidade para tratar este tema (a cultura). Em primeiro lugar, pelas características pessoais dos seus dirigentes (o eng.º Narciso Mota é muito mais um homem de obra que um homem do meio cultural). Este aspecto seria desculpável. Já não o é o facto de não se rodear de pessoas competentes para esta área. Pessoas na CMP com grande responsabilidade na área cultural que não assistem a um único espetáculo, são o reflexo da condenação a que a cultura em Pombal está votada. A ausência de (bons) programadores indica o mesmo. Ou seja... em Pombal, estamos muito à vontade para levantar paredes, mas depois para dar vida aos espaços, somos uma tristeza.
E ainda por cima, ao que parece, há dinheiro. O que falta em Pombal, a nível cultural? Olhem, por exemplo, uma programação regular (coisa que esta cidade nunca conheceu). Se as pessoas soubessem que semanalmente (ou quinzenalmente) existe um espetáculo de qualidade no Teatro-cine, elas vão aparecendo. O público vai-se cultivando (todos os que estão no meio sabem disso). E cultiva-se com hábitos!
Fala-se que o vídeo do Castelo vai custar 75.000 €. Não sei se é verdade. Sei é que esses 75.000 € permitiriam um espetáculo quinzenal a custar, em média, mais de 3250 €. Conseguir-se-ia (com um bom programador, insisto) uma excelente qualidade com este plafond. Com uns a 1000 €, outros a 5.000 €... maravilhas, meus caros. E o que falta? Falta isto ser uma opção. Uma opção com menos vedetismos (um pequeno vídeo 3D é que tem pinta!), e com gente que não trate a cultura como coisa estranha.
Quando não se sabe, vai-se buscar quem saiba. Pena é que aqui, ou lá fora, o cartão conte sempre sobre a competência. E esse é um dos problemas. O outro é a teia de interesses, do "arranje-me um lugar para o filhinho/a". E depois, a eterna questão da regularidade e da diversidade na cultura. Não é preciso inventar muito. Mas sinceramente, quem se interessa? Há quem tenha aquela noção estúpida que gostar de cultura é marcar o ponto em tudo, à boa maneira de algum Pombal. Como afirmaste e como outros demonstrarão, o essencial é o hábito, a diversidade e a regularidade. E a cultura não como um feito para distribuir convites ou para o discurso da praxe, mas como algo que se pode aproveitar. No caso, mantenho, dar a quem sabe. Política também é isso: trabalhar com os melhores sem interferir com a parte "técnica", obviamente sem prescindir de balizar os objectivos.
ResponderEliminarO IGAL pediu, a Câmara fez:
ResponderEliminarhttp://www.cm-pombal.pt/si_assembleia/files/docs_proposta_regulamento_assoc_cultural.pdf
A vossa opinião, sff.
A minha opinião é que ESTE regulamento só serve para continuar a não haver critério, mas agora de uma forma legal. Fica tudo como estava, mas agora tem força de lei! É ler o regulamento como deve ser, e isso fica claro!:)
ResponderEliminarMas, sinceramente... dou-vos uma opinião potencialmente muito criticável, mas eu creio que os subsídios desta índole não devem ter critérios "matemáticos", mas sim reflectirem apostas politicas consistentes. Vila do Conde apostou nas curtas-metragens, Espinho no Jazz, a Póvoa de Varzim nos encontros de escritores, Montemor-o-Velho no teatro... e subsidiou essas actividades de forma desproporcional em relação a outros eventos culturais, talvez igualmente meritórios. Fizeram-se opções, em vez de se resumirem a seguir "decretos". E é nessa sabedoria de saber fazer opções (e lhes dar consistência)que reside (a meu ver) a mais-valia da acção política. Senão, deixávamos de precisar de políticos, e bastavam-nos técnicos que cumprissem o previamente decretado.
Este regulamento é copy+paste do que foi feito em Coimbra e que mostra aquilo que já é conhecido: PSD e cultura não foram feitos um para o outro.
ResponderEliminarNão vou entrar em detalhes mas refiro um aspecto que mostra como quem elabora o regulamento não pesca nada do assunto. O ponto 1 do artigo 9º diz: "Caso se justifique, pode o Município de Pombal solicitar pareceres técnicos a entidades exteriores ao Município, tais como:" (e refiro apenas uma alínea) "Federação do Folclore Português". Que eu saiba, os melhores espectáculos de etnografia/folclore do país são feitos à margem desta fedração. Mais grave: provavelmente seriam "chumbados" por esses senhores.
Mas a Câmara obedeceu ao IGAL, que bonito e que bom. Fez de conta que regulamentou e ficamos "todos" felizes. Um faz que regulamenta, outro faz que fiscaliza, outro faz que se preocupa com a cultura. Um mimo (lá está).
ResponderEliminar