O meu regresso às lides do nosso Farpas Pombalinas (sítio-net entretanto promovido a espécie de sucedâneo do Povo Livre, ao que ouvi rosnar por aí) não poderia nunca deixar de meter preâmbulo de gratidão à suave e gentil senhorita Joana Coucelo. Deve-se o exórdio agradecedor ao facto de ter sido ela (ela, Joana) a fazer-me descobrir que o bom Adelino Malho é, quando escreve, como eu quando bebo: “sumo”, nem vê-lo. Pronto: posto isto, vamos à trabalheira.
Vossemecês poderão desconhecer que
motivo levou o bom Diogo, o nosso D. Sebastião finalmente retornado, a ir ali a
Barcelona com a mesma urgência com que nós, no campismo ou nos intervalos dos
bailaricos, vamos ali atrás daquela árvore. Desconhecê-lo-eis Vós. Mas aqui o
“je" não desconhece, olha quem!
1) Eu sei porquê.
2) E para quê.
3) E por causa de quem.
Começo pela última parte: foi por
causa do meu trovejante Amigo Man’el Rodrigues Marques, que tão depressa é
capaz de falar alto como de (não) mandar mails
pela calada.
E os pontos 1) e 2)? Fácil: o nosso
Edil pós-Meirinhas foi a Barcelona precisamente à procura do mail que o Man’el d’Albergaria dos 6+6,
se calhar inadvertidamente, para lá enviou mas que, chegar, nunca chegou. Nunca
chegou a quem? Ora, ao bom Zé Gomes Fernandes, esse paladino do debate livre
que já tem tão boa idade para ter o juízo suficiente de perceber às primeiras
que “debate livre” e “PSD/Pombal” estão um para o outro como a Guida da
Funerária para as maternidades.
E por que espécie terá feito o
Man’el escrever electronicamente ao Zé para as bandas onde joga o Messi? Fácil
também: porque o Zé Gomes Fernandes e o Adelino Malho andam muito os dois, isto
é, de bicicleta. E de bicicleta vão mais longe, muito mais longe, do que na
política. Já ouvi dizer que até já chegaram quase a Manteigas mas voltaram para
trás por lhes terem dito que agora andavam a chamar Brokeback Mountain àquelas paragens altas. (Ainda um dia, aliás,
hei-de eu aqui farpear crónica a propósito das peregrinações ciclísticas
Malho/Fernandes pelos arredores da vida a quilómetro, colorindo de manilhas à
Carrasqueira e de tout-venant à
Narciso as beiras das estradas que eles pedalam com tanto garbo. Prometo.)
Ora, nisto, é claro que o nosso
Diogo não sabia que o tal mail do
Man’el era para o Zé se não esquecer do torneio de dominó naquela sala que
cheira a peixe (ou a peixeirada, por causa do mercado em frente) a que a malta
se habituou a chamar sede do PSD/Pombal. Chegado à capital da Catalunha, o
nosso Eleito Mateus é claro que não deu por lá com convocatória alguma. Deu,
sim, com aquela catedral muito esquisita dedicada à Expiação da Sagrada
Família, espécie de barraca desenhada sobre os joelhos por um gajo chamado
Gaudi, gajo que suponho tenha sido o mesmo a projectar aquele “peido-geométrico”, como se diz em
Coimbra, que é a igreja da Guia. Mas adiante, se não o Celestino Mota ainda
pensa que eu só me refiro ao Gaudi para dizer mal dele (dele, Celestino).
Vem daí, regressa o Diogo às
pastagens do Arunca – e logo a ele acorre, pressuroso, aflito e gozão, o nosso
Man’el 6+6. Sigamos, como se moscas fôssemos, o capitoso e ominoso diálogo
entre ambos.
–
Ó Diogo, e que tal, o mail?
–
Eh pá, ó Man’el, metes-me em cada uma que nem o Faraó anterior, pá, fartei-me
de procurar e nicles-batatóides.
–
Porra, pá, porra-porrinha-porreta, isto assim ainda acaba no Farpas.
–
Ó pá, não seja por isso: queres tu que eu mande ali o Orlando fazer um
desmentido a entalar o Zé Gomes?
–
Poça, prez’dent’, também não é preciso exagerar: se fosse o caso de ser preciso
escrever, tinha de não ser com os pés.
–
Atão manda-se um dos clementinas bitaitar umas brilhantinices pimponas
“quaisqueres”.
–
Pior a emenda, ó Autarca da Longa Espera e Maior Paciência, pior a emenda: para
aves dessas, vou ali ao talho do Adriano e trago quantos franganotes sem cabeça eu quiser. Não: tem de ser no Farpas, tipo assim, anunciamos uma rifa de
bicicletas como as do Malho e do Zé.
–
Ó Man’el, eu antes queria que fosse no Pombal Jornal…
–
Ó pá, ‘tá bem, pá, mas depois sujeitas-te a que ninguém leia aquela porra, pá…
–
Também tens razão, de vez em quando também te dá para acertar. Inté pareces o
Alvim: perderes a freguesia foi a melhor coisinha que já te aconteceu, pá. Mas
olha, já sei! – quase
gritou o prez’dent’da’cambra.
(Nota da Redacção: não gritou
porque nunca grita, que ele é mais daquele pianinho dos modos da fala que tão
bem se aprende no Conservatório da Opus Dei.)
–
Atão? – quis
logo saber o Rodrigues Mails, perdão, Marques.
– Eh pá, chama-se o craque dos computadores, o
Pedro Martins, lembras-te dele?, aquele que pôs Pombal no lugar da frente da
modernização infoadministrativa e a quem nós agradecemos com um coice na
braguilha.
–
Ah, já sei, o que é casado com a Júlia Paula do Toninho Póvoa, aquela moça
que canta o fado de olhos fechados sem que o marido consiga fazer
CONTROL+ALT+DELETE. Tou-t’a’ver. Vamos nisso.
E foram. Ora, estava o dito Pedro
Martins (que é uma jóia viva de pessoa, talvez o único com que o Autor destes
disparates por escrito casaria à moda gay no caso de as mulheres todas do
concelho levarem sumiço migratório) ali na Ti’ São, ao Largo do Bacalhau ou das
Laranjeiras, a chuchar uns jaquinzinhos com guarnição de migas de repolho
criado a penicadas de mijo em quintais traseiros de viúvas baixinhas e
artríticas, quando os bons Diogo e Man’el Six-Plus-Six rompem por ali adentro
com carácter de urgência a pedir deferimento. Logo o excelente Pedro, que é um
gozão daqueles mansinhos, contente de os ver exclama assim:
–
Vossemecês os dois por aqui juntos? Até parecem o Gomes Fernandes e o Malho,
isto sem desfazer, é claro.
Vai daí, os dois explicam-lhe ao
que vêem. Restringindo no esófago o ímpeto gargalhoso, esclarece-os assim o bom
Pedro da Júlia Paula do Toninho Póvoa:
–
Mas ó gente, isso é o caso mais simples do mundo! O Zé Gomes não recebeu o mail
do Man’el porque o Zé Gomes fez o que eu lhe disse há muito tempo para fazer e
que eu há muito tempo fiz também: configurar o correio electrónico para, cada
vez que aparece o triplo dígito P-S-D, o spam abrir automaticamente.
Nisto, o Man’el pergunta assim:
–
Mas q’a porra é isso do spam?
E o Diogo, (sempre) muito paciente,
assim:
–
Ó pá, é como estes gajos das informáticas chamam ao caixote do lixo.
E pronto, amiguinhos, já por hoje
açucarei a bílis.
Voltarei, ameaço.
Se por aí virdes ocasiões, contai
comigo, que os Amigos afinal é para elas
que são.
Daniel, mas que bom texto para uma peça de Teatro. Acho que também estas é com dor de cotovelo, como eu, de não teres ido a Barcelona fazer companhia á Vereadora Fashion
ResponderEliminarPerfeito!!! Aqui podemos quase perceber a realidade de Pombal!
ResponderEliminarApesar de faltar qualquer coisa, como por exemplo: "GPS/ Calvete / Madame pois têm sido notícia national.
Toninho: tens toda a razão - dor-de-cotovelo é o que me faz rosnar.
ResponderEliminarCatarina: esse é um tema a abordar, com efeito. Arrisco-me a perder convites para o Manjar do Marques, perdão, do Marquês, mas não faz mal.
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EliminarPerder convites... hahaha pelo andar da camioneta esses convites vão acabar!
ResponderEliminarMas se não for o Daniel mas ninguém irá comentar porque tenho acompanhado o farpas e os farpianos só atacam quando não têm tachos ou interesses, será que estou certa?
Boa tarde
ResponderEliminarCaro AMIGO Daniel, vê bem, têm cuidado, arriscas-te a ir a pé!
Bom texto, a bílis não é tua, é do Manel Marques
:)
ResponderEliminarBoas
EliminarJá tinha simpatia por ti, depois da caminhada, a simpatia passou a ser em exponencial!
Este comentário foi removido pelo autor.
EliminarPara quê tanto comentário, os dois implicados só estão a seguir os passos dos políticos, está claro que foram tirar o doutoramento a Barcelona numa semana, assim como o ministro Crato foi a Boston tirar o doutoramento em estatística, em dois meses, mas como “era um aluno exemplar” levou seis meses, e agora é ministro.
ResponderEliminarAmigo e companheiro Daniel, boa noite.
ResponderEliminarA desoras, que não são as minhas horas, te digo que logo mais te responderei à letra, com poucas letras.
Abraço, grande
Podes responder, amigo, que o meu spam é para outras necessidades.
ResponderEliminarSR. Eng. Não se incomode de ser o protagonista desta bela peça de Teatro do nosso grande amigo Daniel Abrunheiro. Só ele para me fazer sorrir nestes tristes dias cinzentos.
ResponderEliminarDaniel, irmão meu dos sumos, boa noite.
ResponderEliminarMaldito tresmalhado mail que, ao invés de aterrar no aeroporto certo, aterrou no Xurrex, do nosso amigo e companheiro Querido, na Terça-feira passada.
Acontece aos melhores e aos melhores que de novas tecnologias pouco sabem.
Com o tresmalhado mail íamos, quase, transformando o Farpas Pombalinas no órgão oficioso do PSD.
Lagarto, lagarto, lagarto!
Quanto à matéria.
O meu fraco pensar pensa pouco sobre a tua peça.
O teu e meu Presidente, Diogo Mateus, pensa por nós dois e por todos os Homens Bons do território e muito para além do território.
Assim, por que é que o companheiro José Gomes Fernandes há-de pensar?
Deixem as Mulheres Boas pensar e verão que isto melhora.
Gosto, gostei.
Abraço, grande
Bela, cavalheiresca resposta, grande Man'el. Outra coisa não esperava. Se há coisa que levo muito a sério é o saber brincar. É prova de maturidade, de que, aliás, sempre (me) deste prova provada. Um abraço.
ResponderEliminarCompanheiro Daniel, boa noite.
EliminarObrigado
Bondade tua.
Abraço grande
Olá
ResponderEliminarCá para mim o camarada Engº Manel está a redimir-se como o camarada Dr. Daniel, isto é: está a granjear amigos para se defender do camarada Dr. José Fernandes!
Calha bem, porque o Dr. José Fernandes me dá mais 500 paus se eu não disser mal dele. eheh
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