11 de julho de 2016

A (nossa) tragédia grega

A política pombalense está possuída pelo Complexo de Édipo. Existisse por aqui um Sófocles, e o actual o drama político daria uma bela tragédia grega.
O complexo de Édipo é a designação que Freud atribuiu a um fenómeno psicológico universal que observou em crianças neuróticas e normais, após ter visto a representação da tragédia de Édipo do Rei, de Sófocles. Freud caracterizou o complexo como um conjunto de desejos amorosos e hostis que as crianças vivenciam na relação com a mãe e o pai, que lhes provoca enorme culpa inconsciente e as leva a dirigir o primeiro impulso sexual para a mãe e o primeiro ódio para o pai, ao ponto de desejarem matá-lo. De uma forma ou de outra, com menor ou maior intensidade, o Complexo de Édipo acompanha-nos ao longo da vida, e, se não for bem resolvido, nos primeiros anos de vida, pode tornar-se patológico e desencadear verdadeiras tragédias. Freud observou também que a tragédia do Édipo do Rei era apreciada por novos e velhos e por diferentes culturas, o que indicava que o Complexo de Édipo era um fenómeno universal.   
Por cá, o complexo de Édipo manifesta-se porque o filho não arrumou o passado - não esqueceu os desaforos do pai, recalcou-os. Daí à afronta ao pai, foi um passo. Afrontar o pai é um erro que transforma a felicidade em infelicidade, por duas razões: primeira, a cultura cristã castiga sempre quem afronta o pai; segunda, o pai nunca tolera a desconsideração e a desautorização, e quando ainda está rijo, vinga-se. O caminho para a tragédia fica traçado.
O drama político pombalense assemelha-se a uma verdadeira tragédia grega: prelúdio empolgante (que já se vive), mote conhecido de todos - o filho que quis matar o pai, e o pai deseja vingar-se do filho – e epílogo imprevisível.
A peça não terá, com certeza, grande unidade estética, mas promete cenas empolgantes, como a do último fim-de-semana. Dois indivíduos de carácter distinto, com diferentes estados de alma, entregues ao enigma do destino, com culpa inconsciente e sofrimento imerecido, numa luta feita de coragem e medo, resistência e poder, fugindo da punição e buscando a salvação. O enredo promete muita transfiguração da realidade: peças alegóricas e doutrina cristã, sentimentos piedosos e sentido aristocrático, moral prática e falsa moral ascética, briga política e pessoal.
Os espectadores (o povo e o não-povo) não se limitarão a assistir. Ser-lhes-á pedido participação activa na repartição da culpa e da absolvição, na punição e na consagração, conforme o gosto ou a estirpe.
Uma coisa é certa: o deleite do povo está garantido.

5 comentários:

  1. Alguém sabe informar-me o valor que é paga cada hora extra nos plenários do PSD ? É que para estarem a (de)bater até as 3 da madrugada é porque o tacho compensa. No PS parece que as coisas são pacificas e acho que acabou antes da meia noite, a malta não tem tacho e no outro dia tem de ir fazer pela vida, nem que seja ir á formação de assar porcos-no-espeto. Pode ser preciso para fazer a próxima campanha.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É uma perspectiva, Roque. Também há outras...
      Espero que estejas a brincar com isso da formação.

      Eliminar
  2. Adelino Malho o seu texto prima, com recurso ao épico grego, por pôr de forma inequívoca o dedo na ferida. E como bem conclui o deleite do povo já começou há algum tempo mas vai tomando contornos dignos de referência de um sorriso condescendente:
    1º A vaga de informações recentes da NÃO candidatura de Narciso Mota é infantil e ingénua; cerca 10 pessoas já me perguntaram, nos meus passeios pela cidade e aldeia. Narciso Mota está firme de pedra e cal e É IRREVERSÍVEL A SUA CANDIDATURA A PRESIDENTE DA CÂMARA DE POMBAL!
    2º Na Praia do Osso da Baleia (apesar da invisibilidade fotográfica) foi notária a diferença de trato do "filho: sorrisos, voz temperada e a transição do "oh Eng.º Mota" para o correto tratamento de Sr. Presidente da Assembleia Municipal.
    Lembrei-me da Rainha Vitória ao dizer que só se incomodava com coisas pequenas; é nestas que tantas e tantas vezes se apanham cachorros com o rabo de fora.

    ResponderEliminar
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  4. Circulam por ai rumores que Narciso Mota poderá recuar na sua Candidatura a Presidente da Camara Municipal de Pombal.
    Já o conheço desde 1993, era eu ainda um jovem adolescente, e sempre o tive como homem de coragem e de frontalidade, por isso não acredito que isso vá acontecer. Ele só desiste da sua Candidatura em duas situações:
    1º O Candidato do PSD não é Diogo Mateus, porque eu acho mesmo que isto tudo é mesmo confronto de Egos.
    2º No PS aparecer um Candidato com o qual Narciso Mota se reveja e talvez até o apoie.
    Se Narciso Mota recuar agora só dava sinal de que tinha sido dominado pelo aparelho e isso não ira acontecer, pois ele sozinho vale mais que o PSD de Pombal...Quem falhou nisto tudo não foi Narciso Mota...foi o aparelho do PSD Pombal...Tinham colocado o Diogo em lugar elegível na lista do PSD para a Assembleia da República e ficava o Pedro a seguir como Candidato á Camara Municipal de Pombal.
    Assim Narciso Mota ficava sossegado a gozar a sua comenda.

    ResponderEliminar

O comentário que vai submeter será moderado (rejeitado ou aceite na integra), tão breve quanto possível, por um dos administradores.
Se o comentário não abordar a temática do post ou o fizer de forma injuriosa ou difamatória não será publicado. Neste caso, aconselhamo-lo a corrigir o conteúdo ou a linguagem.
Bons comentários.