Nota prévia: este post
foi escrito para ser publicado no dia da malfadada reunião do executivo
camarário. Foi adiado, e pode, agora, perante os últimos acontecimentos, parecer
desproporcionado. Um peido não desculpa uma bufa.
As reuniões da AM são uma espécie de ópera bufa, fastidiosa
de contar e pior de ouvir, onde o tenor principal, na sua pose nobre mas sem
nobreza, monopoliza todo o trama, e os tenores secundários não têm consciência
do papel irrelevante que representam.
O guião e o propósito do trama são conhecidos: subjugar os
desalinhados e transformar todos em pajens - impor o arbítrio. Os mais
desprendidos perceberam-no e já debandaram; os outros arrastam-se naquele ritual
sem honra nem glória. É um espectáculo bizarro: ao mesmo tempo, sonoro e surdo,
onde se fala muito e nada se ouve. De um lado actuam as criaturas para quem a
política é um trabalho de enfeite e a rapaziada de dentes de leite e cabeça oca.
Do outro contracenam os desavindos da ala direita, a esquerda sonsa e a esquerda
folclórica. Ao fundo sentam-se as figuras cuja utilidade, ali, é idêntica à das
muletas para o defunto. No topo, secretários que não secretariam. Os tenores
secundários gravitam todos na orbita do tenor principal. Os que vêm do lado
direito apresentam-se inchados com os sucessos, uns suam sob o peso do estatuto
outros do orgulho juvenil. Os que vêm do lado esquerdo entram no palco com a
roupa e o espírito do dia de finados, quais cordeiros no dia do sacrifício, prontos
a aceitar humildemente o castigo de representar papéis que desconhecem, para os
quais não estão preparados nem se preparam. Depois, do meio daquela amálgama de
figurantes de que não se espera nada, porque é perfeitamente inútil esperar o
que que quer que seja - criaturas que se limitam a arrecadar a senha de
presença e a compor a sala -, surge aquele cavalheiro ilustre, cheio de lustre e termos novos, inconsequente, que insiste no pregar aos peixes. Algumas
daquelas criaturas nem para ser filmadas servem, como aquela cara de perpétua
que passa o tempo todo a cuscar os papéis que a vizinha lê.
No final, fica-nos sempre a dúvida: se o papel mais reles é
dos que falam ou dos que se calam.
Adelino Malho, quem ler o Sr. pode ter a ideia que o Sr. na AM seria uma mais-valia. Ainda estamos longe das autárquicas está a tempo de apresentar uma candidatura independente á AM ou integrar uma lista de um partido. Força, só criticar por fora é fácil, aproveite a maré e siga em frente. Não garanto que voto em si, mas certamente ha alguns eleitores que votariam. Se se considera melhor que todos os outros tem a árdua tarefa de mostrar ao Pombalenses que consegue ser eleito.
ResponderEliminarSabendo fazer alguma coisa, deve-se fazer o que se sabe fazer. Criticar, sei fazê-lo… – os números dizem-no, cada vez mais.
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