20 de setembro de 2019

O ADN persecutório e o episódio Pedro Lamares



Chamei-lhe, a brincar, Lamaresgate, quando ontem à noite soube de todo o desenlace da novela. Tinha pensado contar o episódio em registo ridículo, mas a partir do momento em que D. Diogo leva o assunto à Câmara e o torna público - contando apenas uma parte da história - o caso muda de figura.
Vamos a factos: a Biblioteca Municipal de Pombal comemora hoje os seus 21 anos com um espectáculo de poesia pelo actor Pedro Lamares - que é mandatário da lista do Bloco de Esquerda pelo círculo eleitoral do Porto. Como Ruy de Carvalho já foi pelo PSD. Como outros foram por outros partidos.
 Ora, satisfeita com a vinda de um camarada a Pombal, a responsável local pelo BE, Célia Cavalheiro, partilhou o evento não só na sua página pessoal de FB, como na página do partido. Conhecendo-a como conheço, tenho dúvidas de que o tenha feito intencionalmente, mas antes por inabilidade na rede. Mas adiante. Quando soube da história, já o post não estava lá disponível, de modo que li-o na página pessoal da Célia, secundado por um comentário de Nelson Pedrosa, o distinto director da Biblioteca.
Que antes disso já lhe ligara a pedir que retirasse o post (!) que considerava que "aproveitamento político".
Depois ligou-lhe a produtora, Maria Miguel Coelho.
E depois ligou-lhe o próprio do Pedro Lamares(!), cheio de pruridos e cuidados. Imagino o tipo de contacto que deve ter sido feito com eles a partir de Pombal...

Não deixa de ser surpreendente como a realidade consegue sempre superar a ficção.
Esta manhã ficámos a saber, em directo, na reunião de Câmara, que D. Diogo equaciona fazer queixa da Célia (que é como quem diz do BE/Pombal) à Comissão Nacional de Eleições. E que ele é tão democrata que até convida o Pedro Lamares. Porque "a Câmara não tem qualquer agenda partidária" (sic) nos convites que faz. Citou, aliás, vários exemplos nacionais que já aqui estiveram no burgo, como Sérgio Godinho, Vitorino de Almeida ou Gabriel o Pensador. Tão democrata.
O que deveria preocupar o presidente da Câmara era que o seu funcionário Nelson Pedrosa perdesse tempo a fiscalizar o facebook alheio, mas talvez isso faça parte das funções. Pior: que ouse contactar e sugerir a eliminação de uma publicação. Não lhes basta a forma como destratam - na pessoa da presidente da AM - a deputada Célia Cavalheiro. Tudo serve para exercitar o ADN persecutório que lhes corre nas veias, num registo típico de quem é fraco com os fortes e forte com os fracos.
Se aqui reinasse alguma elevação, isto era um não-assunto.
Como o que reina é o caciquismo, a lambebotice e nunca se esgota o gosto de espezinhar os outros, eis o poder ofendido com uma publicação do BE - que, como sabe, é poderosíssimo em Pombal!

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