Soubemos por estes dias que a Figueira da Foz vai receber um investimento (inicial)de 12 milhões de euros - coisa pouca - alusivo a uma unidade de combustíveis avançados. Trata-se de uma unidade industrial que vai ser construída junto ao porto marítimo, e que promete ser das mais desenvolvidas no mundo na produção de combustíveis avançados, com poupanças estimadas entre 92 e 98% das emissões de CO2 (dióxido de carbono) comparativamente aos combustíveis fósseis usados no setor rodoviário.
Ora, e o que nos interessa isto? - perguntam os leitores do Farpas?
É que segundo o presidente da Câmara da Figueira da Foz, "a nova unidade estava inicialmente projetada para o concelho de Pombal". Mas Santana Lopes mexe-se bem.
Segundo as notícias, numa primeira fase serão criados 36 postos de trabalho, dos quais 18 altamente qualificados e, no final, prevê-se que a empresa crie mais de 100 . Dentro de dois anos, o investimento projetado será de 47 milhões de euros, tornando-se num dos grandes operadores europeus na produção de combustíveis avançados.
E é isto. Tomem lá mais um bocadinho da nova ambição, oferecida de bandeja aos municípios vizinhos.
Cara Paula, nem tudo o que luze é ouro.
ResponderEliminarTemos por hábito deslumbrar-nos com os milhões, encher a boca com os milhões e fazer de conta que desses investimentos só derivam vantagens e emprego e progresso, e nem sempre assim é, e por isso esses tipos de investimentos devem ser ponderados em todas as vertentes, sendo a ambiental uma das de maior peso e quanto mais próximo das populações mais exigente há que ser.
Não duvido que esse investimento na FF tenha todos os méritos e vantagens que se apregoam, nem sei bem porque é que estava para vir para Pombal e agora vai para a Figueira.
De todo o modo, julgo que houve tentativas de o instalar na Guia, o que iria ser nova preocupação ambiental para muitos numa terra onde o investimento há 2 anos anunciado já muita gente alvoroçou, pelo que iria ser um redobrar angustias locais.
Repare que a refinaria de Matosinhos encerrou por problemas ambientais locais anunciados porque dava jeito à empresa utilizar esses argumento em face da agitação social que os despedimentos sempre provocam, embora os ambientais também existissem há muito mas só agora realçados.
Ora, o investimento agora em causa, que fala em combustíveis do futuro, sem mácula nem pegada carbónica, a gerar empregos altamente qualificados e do futuro que guindará o seu espaço envolvente a outra realidade mais radiosa, não deixa de ser uma refinaria de biodiesel, com um volume de produção enorme e consequências funcionais e ambientais à mesma escala que, se por um lado irá trazer vantagens, pelo outro trará sem dúvida muitas desvantagens.
A Guia tem tentado restringir a sua atividade industrial àquelas atividades sem impactos ambientais, para além do acréscimo de trânsito e pouco mais, como quase todas as instaladas na ZIG, da qual a mais importante em dimensão e faturação é atualmente a ValSteam. Nesta nem se ouve barulho, nem fumos, nem cheiros nem produz efluentes volumosos.
Mas há uma unidade de Biodiesel que tem aumentado a sua produção, não havendo neste momento um cm2 do seu lote disponível, ou seja, está completamente ocupado por silos e maquinaria, que aumentou também bastante os seus efeitos poluentes atmosféricos, pois agora são sentidos com muito mais premência os seus efeitos atmosféricos, principalmente em dias de nevoeiro e sem vento. além de outros perigos de derrames de poluentes líquidos para as redes de saneamento e pluvial. E felizmente que se encontra na zona mais a poente da ZIG, mais favorável à dispersão dos cheiros. Aliás basta passar lá ao lado e sentir o cheiro constante e forte de Oleo, bem como a impregnação oleosa dos passeios públicos anexos que não escondem nada do que ali se passa.
E parece que esta unidade a instalar na FF seria outra unidade do género de Biodiesel, só que 30 ou 40 vezes maior, com os efeitos a multiplicarem-se por iguais fatores.
Aguardemos então a instalação dessa industria na FF e vejamos depois, ao fim de seis meses ou um ano de laboração, quais os efeitos à sua volta.
Provavelmente o local agora anunciado para a sua instalação até poderá ser mais vantajoso em todos os âmbitos e por mim fico bem mais descansado e feliz de o ver para lá decidido.
Pombal precisa de investimento, mas não pode ser qualquer investimento só porque é de milhões, há que procurar e dar condições a quem cá queira investir, mas dentro das atividades e regras exigentes que temos obrigação de defender, a bem da qualidade ambiental de vida local que neste momento é quase imaculada.
Portanto aí também pode residir parte da Nova Ambição, saber prescindir do duvidoso e saber cativar o desejável.