29 de maio de 2023

PSD a duas vozes

O PSD nacional retirou a confiança política ao deputado Joaquim Pinto Moreira, arguido na operação Vortex.



Mas por cá, o PSD mantém a confiança política no João Pimpão, presidente da Junta das Meirinhas, ACUSADO de peculato no exercício da função de Chefe de Gabinete do ex-presidente da câmara, Diogo Mateus, igualmente acusado de peculato e de falsificação de documentos. 

O presidente do PSD, Luís Montenegro, justificou a decisão – política - afirmando que "o PSD não se conforma, nem quer contribuir para a degradação da política”. Mas, por cá, ninguém lhe dá ouvidos. Por cá, quanto maior a degradação da política melhor… 

4 comentários:

  1. Amigo Malho, se a degradação da política que invoca tivesse a importância que lhe pretende atribuir, certamente que os políticos envolvidos teriam atuação diferente.
    Ao compararmos casos que só muito longinquamente têm semelhança é mascararmos a razão que pretendemos ter.
    O caso do PSD nacional de Joaquim Pinto Moreira envolve uma suspensão voluntária do seu mandato e um regresso ao mesmo sem dar cavaco prévio aos seus pares, o que gerou um mal estar na cúpula partidária que, como sabe, tem muito maior impacto mediático do que um pequeno incidente local, de complexidade zero e com desfecho de absolvição quase garantido.
    Os partidos locais, e o PSD não é excepção, lutam para irem sobrevivendo, com os resistentes cada vez mais raros a darem-lhe continuidade.
    Os partidos têm por missão principal propor caminhos de governação e ação pública e não enredarem-se em julgamentos por antecipação dos seus elementos que de vez em quando são envolvidos em diligências judiciais.
    O caso de Pombal aqui realçado não teve qualquer iniciativa do próprio em termos partidários, não suspendeu a militância para logo querer reentrar, nem resignou ou suspendeu o seu mandato, pelo que iniciativas indignadas do órgão político de nada serviriam, além de criarem incómodo interno e discussão sem utilidade, pois nada acresceria ou diminuiria aos objetivos políticos do partido. Seriam apenas sound bites folclóricos para gáudio dos mais demagógicos.
    Assim, a ética suprema e omnipresente que tudo deveria condicionar na política local que defende, não tem aqui nenhuma utilidade prática, nem sequer responsabiliza os decisores partidários, pois o PSD não se deixa enredar pelo acessório na sua missão principal da direção política.
    Pode-se concluir então que assim jamais passaremos da cepa-torta, abstrata no seu conceito, mas a questão essencial é que a atuação partidária já é suficientemente trabalhosa e complicada para ainda permitir, ou incluir, areia estéril na engrenagem.
    A atuação do PSD nacional faz sentido. A local, idêntica, no caso vertente, não o faria e por isso não aconteceu.
    Abraço compreensivo mas discordante.

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    1. O meu amigo não é capaz, ou não quer, distinguir a dimensão judicial da política (ético-moral), mas o Montenegro separa-as bem, tanto no caso da operação Vortex como na operação Tutti-fruti. E o JM Júdice vai ainda mais além quando afirma que só faltava que, perante certos casos, aceitássemos que nos digam "esperem pela justiça", ou "vejam como fui absolvido".

      O João Pimpão - e até o Diogo Mateus - pode ser absolvido. Mas isso nunca significará, perante gente séria, que o uso e o abuso do fundo de maneio foi correto e aceitável.

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    2. Amigo Malho, diga-me cá. Se por acaso a justiça absolver os arguidos será justo ainda assim o julgamento popular do uso e abuso do fundo de maneio?
      Como ouvia hoje na TSF dizer, onde está o respeito pelo ser humano quando se condena na praça pública o que a justiça absolveu?
      Condenar as pessoas ao opróbrio público de qualquer maneira é ainda menos correto e aceitável do que aquilo que se pretende condenar.
      Não ser mais papista do que o papa é uma boa forma de sermos justos e conseguirmos dormir de cabeça descansada.

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    3. Oh amigo Serra, eu sei muito bem que não subscreve, publicamente, as minhas posições sobre esta matéria, mas pelo menos ouça o seu líder político, o jurista JM Júdice ou o L. Xavier - só para falar de alguns ilustres juristas (bem à Direita).

      Em princípio não vejo problema em se condenar na praça pública o que a justiça absolveu - nalguns casos - muitos - é até desejável que tal se faça. Há justiça o que é da Justiça e a Política (ética-moral) o que é da/o (julgamento) Política/o.

      Mas já vejo muito mal a Justiça condenar na praça pública aquilo que não consegue condenar nos Tribunais (exemplos maiores: operação Marquês e Tutti frutti).

      Sobre o caso do fundo de maneio do GAP da CMP afirmo, com toda a convicção e com carradas de provas, que, nos últimos mandatos, houve uso e abuso escandaloso dos dinheiros públicos para pagamento de todo o tipo de despesas. Nenhuma pessoa íntegra tolera estas irregularidades e estes abusos. E nenhuma decisão judicial os apaga. Ponto.

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