11 de janeiro de 2014

A verdade a que temos direito

Num assomo de excesso de zelo, o município de Pombal publicou on-line os nomes completos e respectivos valores das indemninizações dos trabalhadores que aderiram ao programa de rescisão por mútuo acordo, no âmbito daquela "operação limpeza" dos funcionários públicos que o Governo incentivou.  
São dez, ao todo, o que representa para os cofres municipais uma despesa na ordem dos 150 mil euros. Qualquer coisa como 1/5 do estádio da Meirinhas, duas ou três obras como a da Féteira.
Mas o insólito não ficou por aqui. Num rasgo de criatividade, o Pombal Jornal chamou o assunto à primeira página: "Saiba quem são os trabalhadores do município que pediram rescisão". Lá dentro, a notícia teria sido correcta se ficasse pelo penúltimo parágrafo, mas o jornal preferiu aderir ao estilo pravdazinho e estampar os nomes das pessoas e os euros que cada uma vai levar, à laia de compensação. 
Talvez lá no jornal ninguém saiba que um funcionário público não é, necessariamente, uma figura pública. E que ainda assim, o acordo é privado. "E por isso só poderia ser tornado público com o consentimento de ambas as partes", tal como me disse ontem à noite Óscar Mascarenhas, provedor do leitor do DN, que durante anos presidiu ao conselho deontológico do Sindicato dos Jornalistas. É que à partida, as notícias que saem nos jornais não devem perder de vista o artº 9º do Código Deontológico: "O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos excepto quando estiver em causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente, valores e princípios que publicamente defende"(...)
Em tempos, o Diogo Mateus seria o primeiro a apontar o dedo a esta façanha. E em tempos, os jornais faziam mais do que reproduzir as informações municipais como verdades absolutas. Dizia o "velho" Pimpão que "o jornalista é que tem de ser esperto, os outros podem ser todos burros".
Estamos sempre a inovar em Pombal, está visto...



14 comentários:

  1. Paula,
    Como bem te lembras - porque foi em resposta a uma pergunta tua - o Marinho Pinto, há uns meses, explicou muito bem, nesta terra, o que é e o que não é "informação" e porque é que esta é um bem de utilidade pública. Desconfio que, mesmo que ele explique outra vez, a maior parte não aprende...

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    1. Ao longo do dia de hoje esta questão tem sido amplamente debatida no meu mural do FB entre o anterior adjunto de Narciso Mota (Paulo Almeida) e o actual chefe de gabinete de Diogo Mateus (João Pimpão). A este respeito, o primeiro fez uma síntese do caso que respigo para aqui, por me parecer o cerne da questão: "Eu quero acreditar que isto passou ao lado do Diogo. E quero acreditar que ele neste momento esta a puxar as orelhas a alguem. Quero acreditar que tudo isto foi o tal excesso de zelo de que falas aliada a burrice amadorista de quem aprendeu a fazer copy paste e chama-lhe noticia. Que sirva de exemplo e de contenção a quem tem a responsabilidade da comunicação municipal. Erros todos cometemos e um pedido de desculpas ficava bem". É isto, afinal...

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    2. Quando um Jornal é um pasquim e informação é calhandrice, está tudo ao mesmo nível, está tudo explicado!

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  2. É a degradação dos valores. Já anda em Pombal há algum tempo.

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  3. Boa tarde
    Mas qual jornal? Aquilo são umas folhas dobradas ao estilo de agenda do que se passou, festas, passagens de modelos, assuntos já ultrapassados no tempo e comentados aqui no FARPAS, alguns textos assinados e investigação para noticiar nada, absolutamente nada, esta coisa que aqui estamos a comentar foi um devaneio, eles, os do jornal nem se aperceberam do que estavam a tratar, não se pode levar a mal porque nem é incompetência é ingenuidade.
    O jornal é feito a pensar em facturar algum em publicidade porque bocas existem para alimentar, o resto é para encher papel, depois do alerta acredito que ouve contactos e pedidos de desculpa e que para a próxima perguntamos primeiro.
    Mas notem a arrogância e falta de vergonha. " Pega num telefone e fala com quem quer que seja o responsavel do jornal para que clarifiquem a situacao", o que é isto? Então era a pratica?, a resposta de quem já por lá passou: "O jornalismo trata da maneira como vimos... a deontologia, os leitores e os anunciantes que ajuízem."
    Esta é a postura que desejamos, tenho a certeza.

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  4. Companheiros, boa noite.
    Só agora pude ler.
    Estou na minha zona de conforto.
    Por que é que vossas excelências, que são uns sábios, não saem das vossas zonas de conforto e metem a mão na massa?
    Eu sei porquê: Dá trabalho e vocês sábios, sabem que o trabalho não dá saúde.
    Saúde

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  5. Amigos e companheiros, boa noite.
    É com muita mágoa que vos confidencio que um garganta funda me denunciou como assassino.
    Confesso!
    Assassinei este debate.
    Mandem-me prender.
    Com Votos de Boa Saúde e de termos trabalho, sou
    O não arrependido

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  6. Amigos e companheiros, boa noite.
    É com muita mágoa que vos confidencio que um garganta funda me denunciou como assassino.
    Confesso!
    Fui eu que assassinei este debate.
    Mandem-me prender.
    Com Votos de Boa Saúde e de termos trabalho, sou
    O não arrependido

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  7. Boa tarde
    O Sr. Engº assassino? só for de si próprio, não faz mal a ninguém, só à concorrência política!.

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  8. Desta vez concordo consigo. O Eng. Marques agora só quer sopas e descanso, no entanto vai pondo o olho para policiar os adversários e corrigir os aliados.

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  9. Amigo e companheiro António Roque, boa noite.
    Da minha zona de conforto, digo-tê que entremeio umas cervejolas no Paulo com sopas de cavalo cansado.
    Abraço

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  10. Por acaso, num debate recente fui informado que a imperial do Paulo em Albergaria é a melhor em toda a região Centro. Tem de organizar um Wokshop para os Farpistas afiarem a má-lingua.

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  11. Amigo e companheiro António Roque, boa noite.
    Quando tu queres, tens boas ideias.
    Vamos nessa.
    Todos ao Paulo, num Sábado à tarde.
    No Sábado, dia 25, não pode ser, dado que estou de serviço às directas para o Presidente do PSD, das 16 às 22 horas.
    Mas não tenho compromissos nos seguintes.
    Por favor, marquem.
    Abraço

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  12. A notícia em si não me despert anenhum interesse, mas não vejo caso para alarido...
    Nem sequer vejo incompatibilidade com o artigo do código deontológico citado, já que o caso se enquadra no "excepto quando estiver em causa o interesse público".
    Até me parece que que deve haver obrigatoriedade de que a informação seja pública. Se assim não fosse, com certeza este post teria o texto ao contrário: "Então gasta-se X dos dinheiros públicos e não se publica para onde foi o dinheiro?"

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