23 de junho de 2014

Eis o retrato do concelho charneira

O INE publicou este mês o relatório sobre a população residente em Portugal. Como se esperava, acentuou-se a perda de população). Há regiões que perdem mais que a média nacional e há outras (até) que ganham população.
A região do Pinhal Litoral (-0,37%), onde Pombal está inserido, perde menos população do que a média nacional (-0,57%), mas Pombal (-0,78%) é o maior perdedor da região. A Marinha Grande (-0,02%) mantém e a Batalha (-0,10%) desce muito pouco.
Se analisarmos os dados do triénio 2011-2013, Pombal (-1,48%) perde o dobro da região (-0,74%).
Perante estes dados, muitos explicarão a acentuada perda de população em Pombal - comparativamente à região onde está inserido - com o tradicional fenómeno da emigração. Enganam-se! É verdade que Pombal foi uma terra de forte emigração. Foi, mas já não o é! Pombal, no que se refere à Taxa de Crescimento Migratório está abaixo da Região. Onde Pombal perde mais é na Taxa de Crescimento Natural. Em Pombal as pessoas, surpreendentemente, emigram pouco, migram é muito (para os jardins das tabuletas).
Os indicadores demográficos são os mais fiáveis para avaliar, no longo prazo, a eficácia da ação politica. Por cá dizem-nos que estamos a definhar.

Decididamente, onde não há visão as populações desaparecem. Por cá, da pior das formas.

8 comentários:

  1. Bom, não deixa de ser surpreendente a conclusão do INE.
    Eu, como muitos que conheço, atribuía o declínio demográfico, ás razões emigratórias. Afinal, a principal razão era outra...
    Surpreendente, porque assim estamos mais perto da desertificação que outros concelhos do interior sofrem, e que aceleram cada vez mais essa desertificação.
    E mais surpreendente, porque temos muitos pólos de interesse: indústria, comércio e serviços públicos em números apreciáveis e funcionais (mesmo com a crise económica visível no concelho), e ainda um considerável interesse turístico.
    Ora, se temos boas capacidades de evitar a desertificação demográfica, o que se passa? Não somos atractivos o suficiente? Não sabemos desenvolver alguma medida municipal, em que tentemos «seduzir» as mulheres a terem mais filhos? (passe a força de expressão usada...)
    Uma das medidas que podíamos adoptar, seria o de igualdade salarial das mulheres ao dos homens, no mesmo tipo de serviço.
    Ou então, encorajar os casais a terem mais filhos, com bons benefícios em impostos, e/ou em comida/fraldas/aleitamento. Por exemplo, isenção temporária de IMI, enquanto existirem filhos menores de 2 anos de idade em casa. Ou um desconto no Imposto Automóvel, caso o casal tenha mais que 3 filhos (excepto veículos comerciais).
    Mas eu sei que muitas mais medidas têm de ser tomadas em conjunto com o Governo, e decididas no Parlamento. Para articularem melhores soluções a nível Nacional. Porque uma solução tem mesmo de passar por ser a nível Nacional. E não medidas avulsas, que só permitem concorrência desleal entre concelhos vizinhos (Figueiró dos Vinhos jamais conseguiria concorrer com Pombal em medidas avulsas )

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  2. Eduardo,

    Os dados são do INE, a conclusão é minha.
    Boas,
    AM

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  3. Estamos sem gente e isso nota-se a todos os níveis. Podemos até invocar os anos 60 e estabelecer comparações. A verdade é que isto nunca nos aconteceu. Nos anos 60, 70 e 80 foi embora muita gente, mas havia ainda muita que ficava. Agora basta fazer o exercício de marcar uma consulta no centro de saúde ou matricular uma criança na escola, no que diz respeito à cidade. Ou percorrer as freguesias. Basta olhar. É claro que podemos sempre dourar a pílula e dizer que, enfim, foram só alguns que emigraram, que a maioria continua aqui fixada, que aqui há trabalho e condições de vida. Chamo a vossa atenção para algo inédito: duas placas enormes estrategicamente colocadas nas entradas da Casa da Criança de Pombal, a informar das "inscrições abertas". Por exemplo.

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  4. O que se verifica nos dias de hoje é que, ao contrário dos anos 60 e 70, não é só o chefe de família que emigra. Depois de 2009, altura em que Portugal começou a definhar, as pessoas abandonaram literalmente as casas e foi toda a família. Os Filhos depois de estarem integrados numa nova sociedade já não irão voltar a este miserável País cada vez mais mal frequentado. Os que vão resistindo vão comendo o pão que o Diabo amassou só para não deixarem tudo o que já construíram ao abandono. antigamente ficavam as mulheres, as crianças e os velhos, nos dias de hoje ficam os velhos. Se esta politica continuar Portugal daqui a 20 anos será um gigantesco asilo.

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  5. Caro Roque
    Não posso aceitar que fales de Portugal como "este miserável País cada vez mais mal frequentado". É um ultraje. Portugal é "frequentado" por ti, por mim e pelos outros e é aquilo que nós portugueses queremos ou conseguimos que seja.
    A crítica de comportamentos, da população em geral e dos políticos em especial, não pode implicar, como alguns já fizeram no passado, "pisar" a bandeira nacional.

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    1. Bom dia
      Numa única frase: escorraçar os que não prestam e elevar o nosso ego, ,!

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  6. Bom dia
    Caríssimos: em vez de esbanjar-mos dinheiro a plantar granito podemos plantar casais novos e subsidiar a natalidade com oferta do infantário, por exemplo

    Criar um filho e proporcionar-lhe uma educação compatível não é fácil quanto mais dois, vou dar-lhes um exemplo (há quem diga que é desonestidade intelectual):
    Filho na universidade e, Lisboa
    - quarto 300,00 euros
    - alimentação 10 euros dia x 30 300,00 euros
    - propina 1.800 e ano 12 meses 150,00 euros
    - transportes 2 viagens a casa mês 70,00 euros
    - outros transportes mês 30.00 euros
    - água, luz e gás mês 25,,00 euros
    . papel e fotocópias mês 10,00 euros
    - roupas e sapatos mês 35,00 euros
    - alguns livros caríssimos /ás vezes/

    Não falo na ida ao cinema porque não há carteira que resista

    Por favor façam o somatório digam-me quem pode seguir a lei da natureza: nascei crescei e multiplicai vos
    -

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    1. Papagaio, tocaste num dos pontos mais sensíveis actualmente: a Educação em Portugal é muito cara! Ou os salários dos progenitores é que são demasiado baixos...
      Seja na Unoversidade, ou no Secundário, ou no Básico/Preparatório, as despesas com a Educação fazem muita mossa num orçamento de uma família da classe média.
      O desenvolvimento cultural de um País, depende da sua Educação. Ora, se cada vez mais se aposta num Ensino privado. E com isso, a Educação tende a regressar aos tempos do "Grande Líder" Salazar, onde as elites mantinham os filhos na escola e Universidade, e os pobres não passavam da Básica 4ª classe (e já era muito bom!)
      Uns dizem que o Ensino deve ser tendencialmente gratuito, e que isso acarreta mais impostos para manter o Estado Social. Pois bem, mas o que tem acontecido são cortes cegos nesse campo, e os custos passaram a ser para cima das famílias, que com salários miseráveis, não podem suportar tanta despesa!
      Resultado? Menos filhos. Ou nenhum, como muitos casais já fazem.

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