31 de agosto de 2015

Onde está a “Igreja Velha” de Albergaria dos Doze?

Tive o prazer de jantar na XV Mostra Gastronómica da Região Alitém – Albergaria dos Doze, no espaço privilegiado contíguo ao pavilhão desportivo de Albergaria dos Doze. Enquanto jantava em família, ouvimos os discursos dos Presidente da Assembleia e do Presidente da União das Freguesias de Santiago, São Simão de Litém e Albergaria dos Doze, seguida da intervenção do Presidente da Câmara Municipal de Pombal, Dr. Diogo Mateus. Muito espaço físico entre os oradores e a assistência que jantava. Contudo, a aparelhagem de som permitia que os interessados ouvissem as mensagens e os projetos verbalizados.
Afinal, a Alitém está de parabéns pois foi a primeira associação de freguesias a constituir-se, em termos do território português, para pensar, essencialmente, em sinergias ligadas a acessibilidades [a eterna via rápida a ligar Alvaiázere a Leiria] e a outras infraestruturas comuns. No final do espetáculo da noite, tive o prazer de ter uma longa conversa com o Manuel Henriques, digníssimo presidente da União das Freguesias de Santiago, São Simão de Litém e Albergaria dos Doze, sobre os projetos que estavam expostos no recinto de festas e sobre os quais irei falar um pouco quer hoje quer nos próximos dias.
Dei os parabéns à autarquia, na pessoa do seu presidente, Manuel Henriques Nogueira de Matos. Finalmente surge o projeto do parque de merendas de Albergaria, entre outros. Há tantos anos falado, e idealizado por muitos, tem agora projeto já definido para espaço sobreposto à estação de tratamento de esgotos.
O projeto de que menos gostei designa-se por “Remodelação dos largos da Igreja Velha e Guilherme Santos – Albergaria dos Doze”, essencialmente porque apaga do mapa a Igreja Velha, cujo restauro para Centro Cultural Padre Petronilho foi concluído em 1993 e que tem na origem uma capela cuja construção foi iniciada em 1566, tendo a primeira missa sido celebrada em 1572. Sim, estão a ler bem. Nesse espaço estão apenas 11 lugares de estacionamento. O Edifício do Centro Cultural é demolido neste projeto. O Projeto não está assinado e desconheço o seu autor.
Do meu ponto de vista, cometeu-se o primeiro grande erro e desrespeito para com a população que há tão pouco tempo se envolveu no restauro do seu mais antigo Monumento Histórico que antes de haver camiões e viaturas a motor já ali morava.   
É certo que Manuel Henriques me disse que a Autarquia tinha dois projetos para a praça: um com o Centro Cultural Pe. Petronilho [que designa de Igreja Velha]; outro sem o mesmo. Mas o facto é que no recinto da festa só está o projeto que elimina o dito Centro Cultural. E Isto não é neutro 
Trata-se de um abuso de autoria e de um desrespeito e atentado contra a população que não foi sequer consultada [nem sabe, provavelmente, da existência deste projeto que destrói o monumento histórico-cultural com mais raízes no tempo da comunidade, berço de Albergaria]. 
Nem mesmo uma Junta ou um Município rico pode dar-se ao luxo de comprar um castelo para o poder demolir de seguida…
Escreverei aqui, durante alguns dias, sobre esta matéria. Para já fica a foto do projeto que analisei agora sumariamente e dois ou três factos sobre o Restauro da Igreja Velha que desenvolverei amanhã:
O valor total do Restauro e Reforma andou pelos 16 000 000 $00 (que seriam hoje cerca de 80 mil euros), que foram pagos com subsídios do Estado (5 566 000$00), da Câmara Municipal de Pombal (1 195 000$00, incluindo postais para a sensibilização, telha total e tinta para o exterior) da Junta de Freguesia de Albergaria dos Doze (100 000$00), Governo Civil (100 000$00), e Caixa de Crédito Agrícola Mútuo (25 000$00). O remanescente foi pago com a ajuda do povo, como na altura o Jornal “Os Doze” divulgou, ora proveniente diretamente de peditórios, ora indiretamente a partir do Conselho Económico da Fábrica da Igreja Paroquial de Albergaria dos Doze. Muitas outras pessoas, empresas e empresários em nome individual contribuíram com dias e noites de trabalho, com material e mão-de-obra grátis.
Já agora, valeria a pena pensar nisto!
Farpa do convidado Ricardo Vieira

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