20 de maio de 2016

Laranja podre


Que o PSD faz do município uma coutada privada, já há muito se sabia. Há quem se incomode mas, pelos vistos, a maioria da população aceita isso passivamente. Entristece-me... O problema é que, perante tanta passividade, a falta de decoro agrava-se e, a partir de certa altura, nem os próprios se apercebem da indignidade das suas decisões.

Vem a propósito da cerimónia de inauguração da nova Casa Abrigo para vítimas de violência doméstica que vai ocorrer hoje, pelas 17 horas, nos Paços do Concelho. Há muito que a APEPI - Associação de Pais e Educadores para a Infância - reclamava da necessidade de uma nova Casa Abrigo e a autarquia, nos finais de 2013, acedeu assumir as despesas da obra, reconhecendo "a importância do projeto e a incapacidade da administração central em poder assumir este investimento". Até aqui tudo bem. 

Mas onde isto tudo começa a cheirar muito mal é no que vem a seguir. Para começar, a Casa Abrigo vai chamar-se Teresa Morais. O nome da antiga Secretária de Estado da Igualdade, cuja ligação a Pombal presumo que seja apenas por ter sido a cabeça-de-lista pela PaF (e antes do PSD) em Leiria às eleições legislativas, vai passar a fazer parte da nossa toponímia local. E mais: como havia necessidade de marcar uma data para a inauguração em que a senhora pudesse cá vir, nada melhor do que fazê-lo para o dia em que se realiza o jantar das Mulheres Sociais Democratas de Pombal. Matam-se dois coelhos de uma só cajadada: cerimónia oficial às 17h; convívio às 20h30. 

Será que só eu é que me incomodo com isto? Estamos todos a pagar - sim, caro Diogo Mateus: o dinheiro é nosso - para os laranjinhas se andarem a bajular uns aos outros? Conseguiram transformar uma iniciativa interessante numa sabujice política. Haja dignidade! 

4 comentários:

  1. Adérito Araujo... Pombal é uma Ilha igual a da Madeira, só não temos um Carnaval e um Presidente a desfilar e a tirar fotos em cuecas... de resto é tudo normal no POMBAL OCIDENTAL. Abraço Camarada

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  2. Adérito, a mim consola-me imaginar que vai acontecer à Casa Teresa Morais o que aconteceu ao Teatro-Cine Amália Rodrigues. Mas há limites.

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  3. Eu até dava de barato que o nome de Teresa Morais fosse o escolhido. O que me irrita é saber que a escolha se prende por simpatias partidárias. A senhora terá os seus méritos, não discuto, mas perde pontos ao pactuar com esta colagem tão directa entre uma iniciativa municipal e uma actividade partidária.

    Como é óbvio, a farpa é para a Câmara. A APEPI está de parabéns. Consegue melhorar a sua capacidade de intervenção social, principalmente numa área tão relevante. E se o dinheiro que pagou a obra não fosse nosso, até poderiam colocar o nome de Maria Luís Albuquerque (que também veio a Pombal), Assunção Cristas (também eleita pela PaF em Leiria) ou da Padeira de Aljubarrota que não me chateava puto.

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  4. Claro que a farpa é para a Câmara, Aderito. Lamentavelmente, tudo é "Câmara" em Pombal. Esta é uma terra tristemente camarocrata, se me permites o neologismo.

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