2 de maio de 2016

Chamem os bombeiros


Ao minuto 47 da gravação da Assembleia Municipal da passada sexta-feira, o presidente da Câmara de Pombal explica com detalhe por que razão não está em vigor no nosso concelho o Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios. Legalista militante, Diogo Mateus coloca nas mãos da Justiça a resolução de um processo kafkiano cuja culpa atribui ao Instituto de Conservação da Natureza. Diz o autarca que não é por aí, pois que o Plano Operacional Municipal existe - e é esse "que disponibiliza o conjunto de meios que estão prontos a fazer intervenção, se forem necessários os mecanismos de prevenção". Fazendo fé nas palavras supremas, está tudo bem. Mas diz a imprensa que os Bombeiros Voluntários de Pombal se debatem com falta de gente, lamento assumido publicamente na última assembleia geral da associação humanitária, aqui há dias. Foi na mesma altura em que os sócios aprovaram as contas - que limpam a imagem da casa um ano depois da tempestade directiva. Sabe-se que esta direcção da AHBVP tem funcionado ao estilo "Tide lava mais branco", implacável no alcance dos resultados, entretanto afixados no placard das secções. Tudo está bem quando acaba bem. 
Ora acontece que, apesar da proximidade a Fátima, os milagres não se verificam num instalar de dedos. Como não se pode ter sol na eira e chuva no nabal, são compreensíveis os receios manifestados pelo presidente da assembleia geral, José Manuel Carrilho, que já dirigiu com mestria a associação e sabe do que fala. Sem ovos ainda não se fazem omoletes: sem voluntários não há corpo de bombeiros. Sucedem-se os cursos e também o número dos que nem sequer terminam as formações; os incentivos e regalias foram sendo sucessivamente dizimados, e por isso ser bombeiro é hoje mais penoso do que aliciante para qualquer voluntário. Posto isto, o melhor é aproveitar as peregrinações de Maio para rezar e pedir protecção divina para a floresta. Ou então mudar a agulha na estratégia organizacional, onde tantas vezes o essencial é invisível aos olhos. 
Se perguntarem aos bombeiros, rapidamente percebem que isto não vai lá com trail's.

1 comentário:

  1. Se não há voluntários a culpa é única e exclusivamente da cúpula da AHBVP que enquanto os teve, e não foram poucos os espezinhou e desrespeitou em toda a sua essência. Já agora, o que foi feito das duas ambulâncias do Carriço que tão habilmente foram (não quer aplicar aqui o termo correto mas é esse mesmo que me vai em mente) desviadas ao povo do Carriço.

    ResponderEliminar

O comentário que vai submeter será moderado (rejeitado ou aceite na integra), tão breve quanto possível, por um dos administradores.
Se o comentário não abordar a temática do post ou o fizer de forma injuriosa ou difamatória não será publicado. Neste caso, aconselhamo-lo a corrigir o conteúdo ou a linguagem.
Bons comentários.