8 de setembro de 2017

Autárquicas 2017: a voz do povo


Existe um preconceito na nossa vida política: quem não tiver canudo não pode ser bom cabeça de lista. A prova disso é que, em Pombal, só a CDU fugiu à tentação de escolher os principais protagonistas fora do leque dos doutores & engenheiros. Se queremos órgãos autárquicos plurais, sensíveis aos diferentes problemas das populações, não podemos deixar de louvar esta opção.

Mas não foi só por isso que aceitei o convite para pertencer às listas da coligação liderada pelo Partido Comunista Português. O papel que esta força política tem desempenhado no concelho é bem mais relevante do que a sua expressão eleitoral. E, convenhamos: não há partido que tenha tarefa mais difícil que o PCP. Sobretudo em Pombal.

18 comentários:

  1. Sempre achei descabida a reverência como são tratados em Portugal os detentores de qualquer grau universitário, mas acho que a formação académica não impede ninguém de ser sensível aos problemas da população. Não me parece que um candidato ter ou não ter um "canudo" o faça ter mais a voz do povo.
    Acredito que os candidatos da CDU tenham muitas qualidades, mas acho que algo está mal quando se escolhe destacar como ponto positivo o facto do cabeça de lista não ser doutor ou engenheiro.
    Também não percebo porque razão tem o PCP uma tarefa mais difícil do que todos os outros partidos. Há alguma razão que me escape para o PCP ter, por exemplo, uma tarefa mais difícil do que o Bloco de Esquerda?

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  2. Sinceramente, considero a tarefa do PCP, BE e das listas independentes a mais fácil.
    Também considero a análise dos "doutores e engenheiros nas listas" (como a dos "familiares nas listas" feita há uns anos) como populista e facilista. Aliás, como é a "das quotas para as mulheres" e de outras inovações legislativas agora muito em voga por entre os "liberais dos costumes/controladores mediáticos do pensamento divergente".
    Ainda assim, desejo boa sorte à boa intenção que move o camarada Adérito nestas coisas, que é a de ajudar o povo.

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  3. Caro L Parreira,

    A nossa forma de escolher os protagonistas políticos é tão ostensivamente "canudo-dependente" que quando tal não acontece o destaque (quanto a mim) é legítimo. Além disso, eu acredito que a pluralidade de profissões e experiências de vida é muito salutar na política.

    Devolvo a sua pergunta final com uma outra: conhece o nosso concelho e o estigma que aqui é imputado aos comunistas?

    Abraço,
    Adérito

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  4. Meu caro João,

    Populista seria se negasse a importância dos partidos ou das (chamadas) elites. O que enalteço é a pluralidade. Reconheço-te qualidades suficientes para não deturpares o lês.

    Grande abraço,
    Adérito

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  5. A afirmação "Existe um preconceito na nossa vida política: quem não tiver canudo não pode ser bom cabeça de lista." é tua. E pressupõe que É assim!, não tolerando a hipótese de não ser verdade o que escreves.
    Considero isso populismo por esquecer deliberadamente a possibilidade (bem possível) de quem fez as listas não ser preconceituoso a esse nível. Como em muitos outros casos, a criação de equipas na política passa por factores muito mais complexos do que aquele que apontas (daí o facilitismo).

    Como na Matemática, inventa-se um modelo para resolver um problema e depois testa-se muitas vezes e de várias formas para ver se bate sempre certo. Convido-te a chamares "preconceituoso dos não licenciados" a todos os que fizeram listas em Pombal para ver se bate certo em todos os partidos para além do PCP.

    Mas vá, ao PCP nunca se poderá imputar presunção ou preconceito, nunca se lhe viu determinar a um licenciado o seu posto na luta.

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  6. A CDU em Pombal, assim como no resto do País está a bater no fundo...dos partidos com expressão na AM cada vez se afunda mais, nunca se renovou e as novas gerações já não se identificam com aquele modelo bafiento e antiquado de fazer politica. Vão ser ultrapassados á esquerda pelo BE. Ainda resistem pequenos bastiões a sul do tejo, mas não resistirão a próxima década.

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  7. Meu caro João,

    A prova do meu argumento é puramente estatística.

    Abraço,
    Adérito

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  8. A taxa de desemprego é de 10% para a população toda mas é de 100% para o desempregado.
    A tua estatística tem uma probabilidade grande (na tua análise) mas é muito injusta para quem não foi considerado como inocente até prova em contrário.

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  9. Abraço, Adérito. Sempre com um abraço, porque as nossas divergências comunicacionais e civilizacionais não são suficientes para diminuir a elevada consideração que tenho pela tua participação cívica.

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    1. É isso, meu amigo. Grande abraço. Depois explicas-me essa das "divergências civilizacionais" com calma.

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  10. Amigos e companheiros, sois uns pontos.
    Então eu é que fui achincalhado (como o foi a extraordinária e nossa amiga e companheira Ana Carolina) por me armar em filósofo e vocês é que filosofam?
    Bonito serviço, sim senhor!
    Mergulhemos, de cabeça, na coisa.
    “Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
    Em nosso espírito sofrer pedras e flechas
    Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
    Ou insurgir-nos contra um mar de provocações
    E em luta pôr-lhes fim? Morrer… dormir, não mais.”…
    Mas mergulhemos, ainda, um pouco mais.
    Já vos falei do Princípio de Pareto?
    Do PCP? Não! Do BCP, também não. Do FCP? Ainda menos. Já não sei…
    Mas vamos ao Pareto.
    Será que 80 % do trabalho no terreno, do PCP, corresponde a 20 % de eficácia?
    Ou será que 20 % do trabalho corresponde a 80 % de ineficácia?
    Valha-me Deus, já não me entendo.
    Saúde e Fraternidade

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  11. Percebo o argumento, Adérito. Mas nao discordando dele, creio ter particular respondabilidade para assumir cargos públicos relevantes os melhor preparados para tal. E isso nao é ser exclusivista, mas sim ter em determinado cargo (e com esta responsabilidade) quem melhorno pode desempenhar.
    Contudo, creio que era aí que querias chegat, e deixo duas notas "pró-post":
    1- As habilitaçoes académicas sao uma ferramenta possivel, mas nao sao a única (e certamentr nem será a mais importante) para deixar um individuo técnica e politicamente preparado;
    2- A realidade do PCP é diferente da de um PSD, por exemplo. Um cabeça de lista do PSD concorre para ser presidente de câmara. O do PCP concorre para, na melhor das hipóteses, ser um vereador da oposição.
    Ainda assim, nao é forçoso que um candidato a presidente de camara tenha que ter formaçao académica superior, pelos mesmos motivos apresentados no ponto anterior.

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    1. Meu caro Gabriel,

      Sou daqueles que defende a educação superior para todos. Mas a nossa realidade não é essa. Ao contrário dos políticos (os representantes do povo), a maioria da população não possui essas habilitações literárias. Daí que eu considere qua a representatividade política está enviesada.

      Mas concordo contigo: devemos eleger os melhores. Foi isso que o Paraguai fez quando, em 2010, elegeu para Presidente da República o agricultor José "Pepe" Mujica.

      Grande abraço,
      Adérito

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    2. Ou motorista de autocarros Maduro, já agora.

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    3. Olá João,

      Não estarás a confundir uma parte mais íntima com a feira de Borba? Ou então são as nossas "divergências civilizacionais" que me impedem de perceber o sentido da tua comparação.

      Abraço,
      Adérito

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    4. Só estava a ser simpático para o raciocínio, alargando a amostra de chefes de estado não doutores, demonstrando que há os bons e há os maus (assim como por entre os doutores).

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  12. Caro Rodrigues Marques,

    Se é de Pareto que quer falar, a resposta é simples: a 20% de causas (trabalho) correspondem 80% dos efeitos (eficácia).

    Abraço,
    Adérito

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