Dia 2
de Julho, um cidadão dos Malhos, indignado com o péssimo estado da Rua
Principal dos Motes e com a indiferença da câmara perante os vários protestos
dos aí residentes, decidiu: partir uns ramos de eucalipto; espetá-los nas
crateras da via; e publicar o feito no facebook. Inspirou-se, com certeza, nos desordeiros
autarcas cá da terra, que, com D. Diogo à cabeça, realizaram, em Março de 2017,
uma manifestação contra a falta de segurança no IC2, recorrendo a recursos e
equipamentos públicos, onde tentaram, e conseguiram, cortar o trânsito no IC2, apesar
da oposição da GNR.
Na
semana passada, a GNR recebeu um e-mail do vereador Pedro Murtinho com uma
queixa contra o cidadão dos Malhos. Actuou prontamente: abordou o indignado
cidadão na sua residência; identificou-o; autuou-o em
300 a 1500€ por “infracção à liberdade de trânsito”; e notificou-o a comparecer
no posto a fim de prestar depoimento no processo criminal instaurado.
Se
fossemos todos iguais perante a lei – como esta estabelece – a GNR tinha actuado
com os autarcas cá da terra como actuou na semana passada com o cidadão dos
Malhos: tinha autuado e processado a generalidade dos políticos cá da terra e umas
dezenas dos seus mais acérrimos defensores que os acompanharam na desordeira
manifestação. Mas desenganem-se - ainda não somos todos iguais perante a lei.
Continuamos a ser uma comunidade estratificada em mandantes e mandados,
poderosos e fracos, privilegiados e desprotegidos, alinhados e desalinhado com
o poder, gente de sangue azul e gente de sangue vermelho, etc. É nesta
dicotomia social e neste caldo de cultura que as assimetrias se cavam, que os
poderes fácticos medram, que a hegemonia se acentua, que o autoritarismo se
instala, que até o beato Murtinho bufa. O poder instalado tem um cunho
persecutório; se as polícias e os tribunais alinharem com isto (e estão a ser arrastadas) estamos lixados.
Proponho uma recolha de fundos para o cidadão em causa pagar a coima que lhe seja aplicada. Contem com um donativo meu.
ResponderEliminarE já agora, não tratar da manutenção da via como é seu dever, não será também um claro acto de “infracção à liberdade de trânsito”?
ResponderEliminarEsta estrada fotografada não me parece intransitável apenas por causa dos ramos de eucalipto (que têm até a virtuosa função de sinalizar perigos evidentes aos que por ali pretendessem circular).
Será que vai haver mais um processo contra os “outros infratores”?
E mais um comentário ainda: se sobrasse dinheiro da recolha de fundos, podia ser usado para comprar umas “pingas” de alcatrão. Já que quem devia fazer alguma coisa por aquela via nada faz!
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