A sessão
de abertura das Festas do Bodo teve muita solenidade e classe, com uma falha ou
outra que não comprometeram a grandiosidade do momento. Os serviços já tinham
estado muito bem no lançamento da primeira pedra do lar para os confrades - com
o estear das bandeiras; recepção das autoridades eclesiásticas e políticas;
banda filarmónica; cerimonial e discursos eloquentes -, mas a sessão de
abertura das Festas do Bodo superou em muito o ensaio geral.
O Príncipe
esteve portentoso: sereno, douto e gracioso – liberto de qualquer ódio baixo ou
mal nascido, distribuindo graças e venturas por todos os presentes e alguns
ausentes – clérigos, governantes, políticos, confrades, beneméritos e
avarentos, vivos e falecidos, etc. Na oratória esteve sublime: registo
bilingue; sermão em tom evangélico, inspirado com certeza na epístola de S.
Paulo ao Coríntios, cheio de reminiscências bíblicas entrelaçadas com laivos
profanos; palavras e frases bem escolhidas que tocam sempre as almas mais
sensíveis.
O Pança
esteve bem, também; mas com algumas falhas no protocolo. A maior –
indesculpável – foi ter atirado Sua Excelência Reverendíssimo Bispo para a
plateia quando deveria encimar a cerimónia, como é do protocolo nos reinos
confessionais - como o nosso. Não menos desculpável foi ter atirado,
igualmente, o nosso deputado para a plateia – parece que neste reino já não
venera as altas figuras da República. Por outro lado, esteve bem o Pança ao
puxar o sr. comendador para cima – e viu-se bem o quanto ficou feliz com a
distinção. Mas o que não ficou nada bem ao Pança foi andar a distribuir copos
de água durante a sessão. Um escudeiro-mor, que já é governador de um condado, e
a quem o Farpas augura promissora carreira política, não pode ser
pau-para-toda-a-obra. Bem sabemos que lhe falta gente; culpa sua: se não tivesse
infernizado a vida à noviça de Alitém, ao ponto de lhe ter posto a
cabeça-em-água, tinha uma prestimosa ajuda para estas situações mais exigentes.
Para
finalizar uma referência – merecida - à Marquesa Prada: esteve portentosa, com
muita “finesse” e deslumbrante (em contraste total como o tom mate geral).
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