Foto de Céu Guarda
A 6 de Dezembro de 1998, José Saramago escreveu: “Nós estamos a assistir ao que chamaria de morte do cidadão e, no seu lugar, o que temos, e cada vez mais, é o cliente. Agora já ninguém te pergunta o que pensas, agora perguntam-te que marca de carro, de roupa, de gravata tens, quanto ganhas…”. Como o Farpas pretende ser um espaço de exercício da cidadania, lembro essa grande figura da cultura universal. Hoje, no dia da sua morte.
Goste-se ou não, hoje faleceu um GRANDE ESCRITOR E PRÉMIO NOBEL DE LITERATURA.Não sou grande admirador da sua forma de exprimir a sua escrita, mas o JOSÉ SARAMAGO, deixa uma marca indelével na LITERATURA PORTUGUESA.
ResponderEliminarNão embarco nos elogios facéis (embora nem por sombras me passe que os dois que me antecedem o sejam) que vão pulular na nossa comunicação social. É de Saramago um dos meus livros favoritos (Memorial do Convento) e deu-me muitas outras horas de leitura dedicada: Todos os Nomes, Evangelho segundo Jesus Cristo e Jangada de Pedra, em especial, mas como nunca escondi a antipatia que sentia pela figura pública Saramago, lamento obviamente a sua morte, mas o sentimento de perda está restrito à faceta de escritor. Descanse em paz.
ResponderEliminarÉ inegavelmente uma perda...
ResponderEliminarEu tive o privilégio de estar com José Saramgo por duas vezes, uma em Lisboa e uma em Barcelona. Apesar de muito controverso, era uma pessoal igual a si mesma, dizia o que pensava, quer através da sua literatura ou até mesmo em frente às câmaras de teevisão, sem querer com isso dar nas vistas. Uma pessoa "simples" e sem tiques de vedetismo.
ResponderEliminarmt triste.
ResponderEliminarEm comunhão com o João Alvim eu acrescento, além destes que referiu, o gozo interior da leitura da "Viagem do Elefante" ou a birra do "Caim", querendo atrapalhar a obra de Deus. Muitas horas de prazer da leitura é a minha identificação com Saramago.
ResponderEliminarVai ficar vivo muito tempo, enquanto houver Língua Portuguesa!
Saudações
Um dos melhores, que permanecerá vivo mesmo depois de morto...
ResponderEliminarSaramago, um nome que marca a literatura portuguesa.
ResponderEliminarDeixo um excerto de "Ensaio sobre a lucidez", uma obra cuja temática é o poder político e que vem no seguimento do muito conhecido "Ensaio sobre a cegueira": "Até amanhã. É interessante como levamos todos os dias da vida a despedir-nos, dizendo e ouvindo dizer até amanhã, e , fatalmente, em um desses dias, o que foi último para alguém, ou já não está aquele a quem o dissemos, ou já não estamos nós que o tínhamos dito."
EPÍSTOLAS PAULIANAS
ResponderEliminarCONVERSANDO COM O NOBILÍSSIMO ESCRITOR JOSÉ SARAMAGO
Diadema, minha amada cidade, 19 de junho de 2010.
Nobilíssimo José Saramago!
Não consigo externar, através da linguagem escrita, com precisão o sentimento de desalento , de desamparo, que tomou conta da minha insulsa existência, desde ontem cedo, quando soube por intermédio da minha querida amiga, a jornalista Nívia Andres, que Vossa Senhoria deixou de existir...
Não é possível ficar indiferente ao se debruçar sobre seus imperdíveis e inquietantes livros, como por exemplo: “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, “Ensaio sobre a cegueira” e “Ensaio sobre a lucidez”, porque estas preciosas obras literárias desvelam, sem vaselina, seu argutíssimo e erudito viés de mundo, tornando-nos propensos a rever nossos conceitos e modos de vida, bem como nos possibilitam a pensar, pensar, pensar, pensar,pensar...
Quando cheguei à luz, neste maltratado e fascinante mundo, que ainda habito, Vossa Senhoria estava para completar 31 anos... Fico a divagar o deleite inefável que seria manter colóquios intermináveis com um pensador supimpa, como o caríssimo amigo, que nos legou além das suas preciosas obras literárias, um preceito irrefutável, que é estar sempre atento a ler nas entrelinhas, além de sempre especular, especular, especular, o que é estabelecido como dogma ou norma!!!
Sua existência foi um refrigério, um porto seguro, um oásis, num deserto de velamento e alienação!!! É evidente que seu viés de mundo causava comoção, porque não interessa aos poderes instituídos o questionamento ao que está estabelecido e é claro cidadãos inquiridores, que tem como escopo o desvelamento.
O seu desaparecimento ocorreu no período que está nas “luzes da ribalta” a disputa pelo almejadíssimo título de Campeão Mundial de Futebol. Se fosse um jogador de futebol renomado a deixar de existir, a comoção tomaria conta deste Reino digo República, que ainda vivo, que tem uma candidata ao cargo de Timoneiro Mor com perfil totalitário...
Como é aniquilante a dura realidade de saber que nunca, jamais, em tempo algum, teremos a prerrogativa de esperar sair do prelo mais uma imperdível obra de sua autoria...
Como será a não existência? O que é o nada? Como uma mente brilhante com a sua simplesmente desaparece para sempre? Que tristeza profunda saber que logo mais seus despojos mortais serão incinerados... Pensando racionalmente é melhor do que ficar imaginando a decomposição do seu corpo numa fria lápide, onde o silêncio sepulcral impera...
ATÉ NUNCA MAIS, CARÍSSIMO AMIGO JOSÉ SARAMAGO!!!!
NUNCA O VI, SEMPRE O AMEI!!!!
Até breve...
Compungidamente...
João Paulo de Oliveira