7 de junho de 2010

O encerramento das escolas

O governo decidiu, e muito bem, prosseguir o programa de encerramento das escolas pequenas(níssimas). No início o programa incidiu sobre escolas com menos de seis alunos, agora aplicar-se-á às escolas com menos de vinte alunos (continuam a ser muito poucos). Sempre achei que esta era uma medida fundamental para melhorar o desempenho do sistema de ensino e tinha a secreta esperança que não ficasse pelo critério dos seis alunos. Agora constata-se que a medida não era cega (como se continua a afirmar) mas gradualista e reveladora de quem sabe o que está a fazer para proporcionar idênticas condições de aprendizagem às crianças.
No início a polémica foi grande. Foi interessante ver, tal como agora, toda a oposição, da extrema-direita à extrema-esquerda, entrincheirada no mesmo lado da barricada, manipulando e arregimentando as populações contra este programa governamental. A polémica passou, também e de forma intensa, por Pombal; mas penso que, por cá, desta vez, não ocorrerá. As pessoas, apesar de tudo, aprendem mais depressa do que os partidos e já perceberam que nos novos pólos escolares são uma enorme mais-valia para as crianças, para as famílias e para os profissionais da educação.
A câmara soube inverter caminho e aproveitou o programa governamental para reconstruir o parque escolar. Deixarão uma bela obra.

17 comentários:

  1. Camarada Adelino Malho, boa noite.
    O meu espírito espanta.
    Não fora a distância de segurança, ainda dava um coice a algum.
    Não é que agora te deu para concordar com tudo e com todos.
    Dou o meu reino por ideia melhor do que a tua.
    Abraço, mas grande.

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  2. Acho muita piada quando se comentam as questões de educação e falam por nós profissionais da Educação. Lembro-me que quando o Presidente Sampaio numa dos seus roteiros, publicitou o caso de umas meninas que se tinham de levantar às 7 e 20h da manhã para ir para a escola, em Pombal na Escola Conde de Castelo Melhor tinhamos vários alunos que se levantavam mais cedo. Hoje muitos alunos têm que se levantar todos os dias mais de uma hora mais cedo do que as de Pombal. Hoje as maiores distorções são aí. Gostava que alguém um dia de forma séria fizesse um estudo acerca disso. Uma das realidades de hoje que mais condiciona o processo de ensino aprendizagem tem a ver com o tempo de sono.

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  3. O Eng. Malho agora a dizer bem do trabalho do Sr. Eng. Narciso. Algo de muito anormal se passa? Será que foi alguma benção do papa?

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  4. Menos, Malho. Menos.
    Até posso concordar que é benéfico para as crianças, quando estas estão quase isoladas. Meia dúzia é pouco. Vinte? Não me parece. Quem me dera que os meus filhos pudessem ter turmas de 20 alunos, em que os professores lhes prestassem a atenção devida, sem gritarem, em ataques de fúria, perante VINTE E OITO miúdos.
    Aqui, no conforto das assecibilidades, até nos pode parecer normal e porreiro, pá. Mas há um país para além do litoral onde nem tudo é ali ao lado. E vai ser assim neste caso, não haja ilusões.
    Sobre a "bela obra", imagino que estejas a ironizar. Ou então temos de fazer uma visita guiada àquelas escolas em que a Câmara gastou uma parte importante do nosso dinheiro a recuperar os edifícios, para meses depois as entregar aos comes e bebes ou aos torneios de chinquilho. Reconheço que há recuperações bem feitas, sim. Em Albergaria, se não me engano, há um bom exemplo. Mas já o que se passou nos Antões, entre a Guia e o Louriçal, anda longe desse padrão.
    ps: engenheiro que é engenheiro, tem de saber reconher uma bela obra ;)

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  5. Paulo, não podia estar em maior acordo. Fechar escolas, como aliás tudo o que nos últimos 40 ou 50 anos se tem feito no Ensino, não tem nada a ver com "melhor ensino"... É uma blague, um modismo económico, só tem a ver com diminuir custos com o pessoal principalmente; o que as crianças aprendem, a sua comodidade e apego ao solo pátrio não interessa a ninguém. Aldeias desertas, viagens demoradas, horas de sono perdidas, quem se preocupa com isso? Um iluminado ministro, um dia, quis criar incentivos para que os professors se fixassem nas terras em que leccionavam. Caíu-lhe tudo em cima: era muito caro, desistiu-se. Pensou-se num rácio máximo mestre educandos, de 1 para 20 sem limite inferior, também foi abandonado e hoje julgo que a média já vai no 1 para 28 que, deixem -me falar um pouco eduquês: em ensino inclusivo, obviamente com turmas extremamente heterogéneas, não se compadece com atenção diferenciada dispensada a cada aluno. Já nada me admira. Se eu já ouvi professores queixarem-se de terem cinco alunos e que era muito cansativo dirigirem-se permanentemente a cada um deles e arranjar-lhes tarefas diferenciadas. Não será para alguns mais fácil fazerem no primeiro ciclo ensino à Universidade - um mestre fala para uma centena ou mais de alunos e quem aprende aprende quem não aprende que vá embora. Tanto para fazer no Ensino Básico no nosso país e ninguém com craveira para executar um trabalho honesto. O ministro pode ser um excelente escritor, um técnico especializado, mas se lhe faltar o sentido do pedagógico, não vamos a parte nenhuma.
    Tenho dito. Não me venham é com a mentira da defesa do interesse dos alunos...
    Saudações.

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  6. Rodrigues Marques,
    Neste caso, do encerramento das escolas e reconstrução do parque escolar (tal como na esmagadora maioria das grandes questões por que me tenho batido) não tenho tido necessidade de dar o braço a torcer. O tempo têm-me dado razão e esforço-me por a conseguir, procuro analisar a realidade enquanto outros a procuram distorcer.
    Esta foi a minha primeira batalha política: a dos outdors arrancados pelo Narciso. Pelo meio desbaratou-se muito dinheiro.
    Paula,
    “Menos Malho”? Talvez, pelo menos na quantidade…
    20 miúdos continua a ser muito pouco; são, em média, 5 por ano. É mau a todos os níveis: desenvolvimento pessoal, condições, custo (sim Professor, o custo!)…
    Bem sei que no interior a realidade é diferente e a implementação da medida é (pode ser) mais difícil. Mas temos que alterar a realidade e esta medida vai, também, no sentido que acho que deve ser dado ao ordenamento territorial.
    Por fim, sim, é verdade Paula, foi derretido muito dinheiro em remendos de escolas obsoletas. Disse-o aqui e noutros locais varias vezes. Mudaram e ainda bem.
    Será uma bela obra (se for concluída), como espero e está prometido. Mérito da câmara e (acima de tudo) do governo. O que me custa é ver toda a oposição contra, com uma demagogia feroz. Está (quase) tudo cegamente entrincheirado.
    Boas,
    AM

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  7. Malho, sendo assim...estamos entendidos. Como dizia o Vasco Santana :)

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  8. Se calhar o investimento orçado para a secundária de mais de 12.000.000 de euros é adequado a um País como o nosso. O Negócio do Parque escolar é algo mt mais nebuloso que o do Magalhães e exponencialmente mais lucrativo. O conceito que tentam vender de Escola Inclusiva é o maior embuste da educação actual. Portugal foi um dos signatários da Declaração de Salamanca onde foi instituido o seu Princípio, só que o principio foi completamente subvertido. Ele parte da ideia que todas as crianças devem ter sucesso escolar e que o ensino se deve adequar às suas capacidades,necessidades e aspirações. Só que na forma como foi aplicada provoca em muitos casos a exclusão. Um exemplo foi a introdução das turmas de PCAS logo desde o 1º Ciclo, em que vão condicionar todo o percurso escolar das crianças logo desde o início do percurso escolar, o outro Decreto-lei n.º 3/2008, a legislação do Ensino Especial que, privou milhares de alunos dos Apoios e Medidas Educativas a que tinham direito na legislação anterior. Em face disto, hoje existem alunos no 2º e 3º ciclos sem competências de Lingua Portuguesa e Matemática Básicas, (sem saber ler ou incapazes de realizar as operações de multiplicação e divisão sem auxílio de máquina de calcular). A escola só muda quando se alterar profundamente os currícula (há disciplinas novas que deveriam ser substituídas por outras), alteração dos programas, maior grau de exigência e rigor e disciplina e autoridade, pois muito do esforço dispendido pelos professores nas aulas não é direccionado para a leccionação mas para o controlo da sala de aula. É muito lindo falar nos investimentos nos novos equipamentos,isso pode ser um factor motivacional, mas é apenas um factor com pouca importância. Dei aulas nas 3 escolas de Pombal, Conde de Castelo Melhor, Gualdim Pais e Marquês de Pombal e não foi por a Escola Conde de Castelo Melhor ter menos condições na minha área Educação Física, que os meus alunos ficaram pior preparados.

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  9. "É preciso pelo menos uma aldeia para educar uma criança!" Esta foi uma das frases chave – citada de um ditado popular africano - do discurso de tomada de posse como Presidente da RSA. Uma mensagem sensata sabedoria que alguns paladinos tentam desmerecer em nome de economicismos espúrios e de pretensas socializações de urbanidade. O excesso nos salários de todos “mexias” e “babas” deste país davam para recuperar e manter em funcionamento muitas das escolas que se querem fechar

    No interior de Portugal, por cada escola que acaba, é uma janela de esperança que fecha e uma aldeia que morre!

    Sobre estes - e outros - assuntos gostaria que lessem o artigo de Ana Benavente no público da passada 2ª feira.

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  10. Jorge,
    Estás a ver mal a questão (e não é normal em ti, mas...). E o teu penúltimo parágrafo resume tudo, mas conclui mal.
    A escola fecha porque a aldeia "morreu" e não a aldeia morre porque a escola fecha. E a escola que lá está não é esperança é desesperança.
    Boas,
    AM

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  11. Só me apetece dizer que só temos o que merecemos!!!

    Se se faz alguma coisa é porque é mal feita, se não se faz nada, é porque não se faz nada! Que povo tão insatisfeito, será do eterno "Fado" que teimosamente nos vem perseguindo?

    Sobre a medida em questão, eu sou de opinião que se deverá ter em conta as realidades locais. Naturalmente que no interior (que mania a nossa de falar do interior, porque nalguns casos é bem melhor que o litoral) ou nalgumas zonas mais desertificadas, haverá muitas condicionantes a ter em conta, nomeadamente o custo/benefício(social).

    Naturalmente qualquer medida que se tome (quer seja política, económica, ou outra), tem os seus prós e contras!
    Eu conheço algumas escolas no Concelho, e naturalmente melhor na minha freguesia, em que as condições são verdadeiramente vergonhosas! E também não é por acaso que todas as freguesias (umas fazendo mais pressão que outras), reclamam um Centro Escolar!

    Tenho um filho na Pré sem quaisquer condições, passa frio (embora houvesse algumas, embora insuficientes “melhorias”, por pressão de alguns pais onde naturalmente eu me incluo), não existe água quente, as frestas nas janelas cabiam lá uma mão, as educadoras não têm sala de trabalho, as crianças da pré e do 1º ciclo (tenho outro filho) não têm recreio condigno. Não têm telheiro/coberta para brincar no recreio quando chove, têm nesses dias que permanecerem dentro das salas de aulas! Já se pressionou diversas vezes as autoridades competentes, mas…como se vai construir um centro Escolar (embora não se saiba quando).

    Mas também acho que não nos devemos concentrar, só e apenas, nas condições físicas das escolas. Aqui o Paulo tocou em outros aspectos relativas á Educação, que me parecem importantes (programa escolar renovado/actualizado ou até mesmo a legislação relativamente ao Ensino especial) e mais nem me atrevo a falar das AEC,S que são uma verdadeira vergonha. Não porque não concorde com elas, mas sim como em Pombal e nalgumas freguesias vou tendo conhecimento do seu funcionamento, muitas vezes não estando a decorrer de acordo com a lei.. Mas Paulo, por aquilo que deixou transparecer é professor, então perdoe-me e todos os (bons) professores: porque é que não fazem greve ou manifestações na 5 de Outubro, ou porque é que os sindicatos dos Professores não manifestam publicamente o que está mal no ensino? Tal como o fizeram (pelo direito que vos/nos assiste de manifestar e fazer greve) contra a Avaliação dos Professores? Porque acabou de dizer que muitas vezes falam por vocês, que são os profissionais da Educação! Então vamos em frente! Eu não sou profissional da educação, mas sou mãe e portanto considero-me pertencendo também á escola e consequentemente, a tudo o que diga respeito á Educação! Estou pronta a falar/debater sobre estas questões que também me dizem respeito.

    Abraço

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  12. A educação é um tema demasiado importante para ser discutido em meia duzia de linhas. A questão do encerramento de escolas é colateral. Tem a ver com dos erros crassos dos governos de guterres que foram permitir que entrassem para o Quadro milhares de professores (sobretudo do 1º Ciclo), sabendo-se que os numeros de alunos nos anos vindoros seria muito reduzido. O outro foi a questão salarial, de uma forma abrupta, houve aumentos mt elevados desejáveis comparativamente com a média europeia, mas demasiado elevados para a riqueza criada no pais. Com esta medida o governo quer essencialmente reduzir o número de professores. Se é melhor para as crianças. Tudo o que é demasiada concentração provoca maiores problemas. Gostaria de saber qual a opinião dos pais de alunos acerca do encerramento da Escola Conde de Castelo Melhor. Será que a Escola Gualdim Pais e Marquês de Pombal ficaram melhor? Claro que não, antes pelo contrário. As melhoria das condições é importante, especialmente ao nível do conforto, mas isso não é tudo. Por exemplo no atletismo que acompanho com regularidade pois fui atleta, o nível médio em portugal é inferior ao que existia há mais de 25 anos, qd não existiam pista de tartan, pistas cobertas, ginásio para musculação,apoio médico, acompanhamento tecnológico, e farmacologico e os técnicos tinham pouca formação.
    Quanto aos espaços exteriores nas escolas que conheço as condições de permanência dos alunos em caso de condições adversas (não só frio e chuva mas tb exposição aos raio UV)são uma vergonha, estas potenciam ainda muitas questões de indisciplina e violência. Mas dos pais não é menos. Em que condições crianças e pais aguardam na Gualdim Pais e Marquês de Pombal a chegadas dos seus? Sem qualquer cobertura exterior?
    Relativamente à educação propriamente dita, abordarei numa outra ocasião. Quantos às greves, eu sempre fiz greves que achei justas, como a vergonhosa questão da avaliação, nunca fiz greves por questões salariais. E aí sempre me ditei pela minha consciência, sendo indiferente da cor política que governava o país. Os sindicatos sempre foram muito hábeis na forma com gerem as greves, muitas vezes incorporadas com propostas consensuais surgem propostas esconças cooperativistas que normalmente são aquelas que são aprovadas. Hoje eles são em parte responsáveis do estado da educação do País.

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  13. Falando em encerramento de escolas.
    Já viram o que fizeram à Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico de Pombal?
    Então não é que o nosso Município decidiu "encerrar" as criancinhas e tirar-lhe a visão da rua?
    Era preciso vedar aquilo daquela forma?
    Os pais foram ouvidos? Quais? Quantos?
    É a única escola da cidade/concelho que está vedada daquela forma.
    Até aqui no canil temos mais liberdade, de visão.
    Valha-nos Deus (se ainda nos pode valer)

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  14. Gosto muito do seu comentário, Rafeiro no Pombal. E sobre o fim, morte mesmo, da Escola nº 1 de Pombal, não sabe o senhor nem metade. Culpa da Câmara? Sim, alguma, mas principalmente do Ministério que subverteu toda a filosofia dos agrupamentos ao expandí-los para números incompatíveis com a própria sociabilização do ser humano. Como pode haver ordem, disciplina, solidariedade, humanização em super agrupamentos ou blocos escolares com mil e mais alunos? Se calhar, nenhum grupo de escolas deveria ter mais de 400 ou 500 alunos. (Quantidade arbitrária, eu sei, pois não há estudos nenhuns sobre esta matéria, nem no nosso País conheço programa de investigaçao séria e livre em Ciências da Educação.
    Saudações

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  15. Uma curiosidade: Enquanto estudante da Escola do Magistério Primário de Lisboa, nos anos lectivos de 1960/61 e 1961/2, tive um Professor de Psicologia que defendia entusiamado a existência de escolas sem muros, sempre à disposição da Comunidade Local e em sua interacção completa!
    Mas isso era quando o Estado abria escolas pelas aldeias, não, agora, que as manda fechar!
    Saudações

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  16. As Juventudes partidárias não são consideradas escolas, pois não? Ai se alguém se lembra de considerar esta hipótese, a Juventude Socialista de Pombal fica em sérios riscos, não é?

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