7 de fevereiro de 2012

Carnaval, Carnavais

Época em que alguns determinam que todos estão “obrigados” a participar em diversões mascaradas e a tolerar tropelias. Na ausência de “tolerância de ponto”, queixam-se de prejuízos para o comércio, como se a folia fosse essencial à vida e necessária à economia…
Por cá, os saloios de alguns concelhos imitam ao frio as actividades, os disfarces e os divertimentos desnudados de países quentes, como se fosse tradição... Parafraseando José Viana, diremos que os saloios convidam belas “artistas” tropicais da América Latina, pagam-lhe grandes “cachets” e, no final, dizem que “nem o cu” lhe viram.
Somos uma cultura sincronizada e aprisionada a datas e a épocas. Época do natal, da páscoa, do carnaval, dia do trabalhador, do ano novo, da criança, da mãe, da mulher, do pai, da árvore, do município, da água, do bodo, do “parabéns para o menino” velho…
Vamos trabalhar...

15 comentários:

  1. Caro Dr.
    Louvo o seu post. Pena é que nem todos pensem assim e não o façam... TRABALHAR.
    Aproveita-se tudo e mais alguma coisa para não trabalhar. É a ponte, é o carnaval, é o bodo, é o funeral do primo da minha prima, é tudo. Tudo é desculpa...
    Acho que existem Portugueses que ainda vivem na ilusão ou pensam que quem lhes paga anda a dormir.
    Cumprimentos

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  2. José Gomes Fernandes Claro que a FOLIA é essencial à vida humana. Muito mais do que o trabalho se queres que te diga. Trabalhar, em regra trabalhamos todos, é uma questão essencial à sobrevivência como o é para os animais. Ao contrário, o que realmente nos distingue dos bichos é dar valor e ter por essenciais coisas que não sendo necessárias à sobrevivência, nos fazem Homens.

    As Folias e outros eventos da vida social de que os bichos não são capazes, mas que fazem de Homens seres criadores de tradições, capazes de fazer coisas pelo prazer de ter e dar prazer, capazes de ser criativos na produção dos seus modos de existência e de e melhorar o mundo de cada um e de todos construir enfim, de tentar a felicidade. Uma sociedade sem tradições, sem festas e de outras manifestações culturais é uma sociedade que o não é ou está a deixar de o ser.

    Ao contrário do que dizes, a folia, o carnaval e outras manifestações de cultura e de lazer, também podem ser vistos do ponto de vista do trabalho, da indústria e da economia. E, neste sentido, ser fonte criadora de recursos e de riqueza. Basta pensares, por mero exemplo, nas receitas do comércio e do turismo que se gera em torno dessa tradição, porventura milenar, que é o carnaval. A industria do lazer e dos bens culturais é uma das mais desenvolvidas e que mais riqueza cria no mundo desenvolvido e moderno. Em Portugal, aliás, um dos sectores que mais receitas capta e mais riqueza cria é o Turismo. Portanto, esse discurso do trabalho é uma lengalenga tão desligada da realidade, com a lengalenga da cigarra e da formiga.

    “Somos uma cultura sincronizada e aprisionada a datas e a épocas. Época do natal, da Páscoa, do carnaval, dia do trabalhador, do ano novo, da criança, da mãe, da mulher, do pai, da árvore, do município, da água, do bodo, do “parabéns para o menino” velho… Somos tudo isto e muito mais porque somos Homens, não aprisionados mas livres para escapar à total alienação pelo trabalho. Há tempo um tempo para trabalhar como há um tempo para nós próprios, para a sociedade e para a família. Nenhum minuto, nenhuma hora, nenhum dia dedicado as estas tradições e manifestações foi, ou é, tempo perdido. Nenhuma crise sobreveio, nem nenhuma riqueza se perdeu por causa disso. Nenhum dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo o é por as suas populações trabalharem mais e mais tempo do que nós, mas sim porque trabalham melhor e produzem maior valor porque têm melhor formação, melhor organização e são melhor remunerados.
    (...)

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  3. (...)
    Essa ideologia do trabalho pelo trabalho, desculpa lá, é do mais reaccionário que há. O trabalho, para os verdadeiramente livres, não é um fim, é um meio que lhes deve assegurar a sobrevivência, mas sobretudo, dar-lhes a possibilidade da felicidade e de se realizarem como Homens. O trabalho de que falas, é o trabalho que aliena, e o homem alienado, passa a ser uma coisa, porque essa é a condição e a natureza do escravo.

    Uma coisa não deves ignorar, Portugal está onde está porque houve quem andasse a gastar o que lhe não pertencia ou devia ser gasto menos e de outro modo, não foi porque os trabalhadores portugueses não trabalharam. As gerações dos nossos avós, dos nossos pais, e a de nós próprios, trabalharam muito e abnegadamente para termos um país diferente e melhor. Estamos no caminho que estamos, porque quem deveria estar preocupado em valorizar o trabalho, a sua qualidade e o potencial de riqueza que ele poderia vir a gerar prefere ganhar mais e pela via mais fácil, que é da de desvalorizar o seu valor, reduzindo os salários e aumentando o tempo de trabalho.

    Podem ir por este caminho, na Ásia e na maior parte do mundo, haverá sempre mão-de-obra sempre mais barata do que a nossa. Agora ainda vamos comprando os produtos baratos que vêm desses países, qualquer dia, como haverá pouco trabalho e o trabalho será barato, nem esses produtos compraremos e nada seremos como país. Mas esse tempo não chegará porque na alma de cada escravo existe um Homem. Um Homem não se permite ser escravo e acabará, pela revolta e pela inteligência, por obter a liberdade contra o que é alienação, exploração e opressão. Isso está tão implícito na História como o está no Evangelho. O que não puderes imputar ao Homem imputá-lo-ás a Deus, mas que acontecerá, acontecerá. Está inscrito na Historia e está escrito nas profecias. O mundo será, um dia, o mundo dos JUSTOS.

    Aos que dizem vamos trabalhar digo: façam favor, vão todos trabalhar malandros!!!

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  4. As palavras do Jorge Ferreira traduzem melhor o que penso que as minhas próprias que aqui pudesse produzir. Pelo que me limito a subscrever na íntegra o seu comentário.
    Em jeito de rodapé, acrescento apenas que não gosto muito do Carnaval, não por ser uma folia, mas porque esteticamente não vai muito de encontro ao meu gosto. Só por isso. Mas que me revejo em tudo o que, de ritual (pagão, mas incorporado até religiosamente - veja-se como resulta a marcação da sua data, por exemplo), ele significa. A morte do velho e o nascimento do novo. A transição apoteótica da penúria para a fartura. A sagração da Primavera, se quisermos. Ou (permitam-me a imagem) um festim louco em que a magna Gaia se deixa enlouquecer, e que terá como efeito a sua hiper-fecundidade, terra gritante de vida que se seguirá ao "deboche do entrudo". Pim!

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  5. Companheiro Zé Fernandes, concordo que é preciso produzir mais em Portugal. Porquê não acabar com os Feriados Municipais? Agora o Carnaval é uma época do ano que movimenta alguns sectores da nossa economia. Temos de pensar que as empresas Hoteleiras também empregam pessoas e sem clientes o desemprego surge. Temos todos de perceber que não há empresa que seja sustentável sem pessoas para gastar o dinheiro, ou vamos todos somente Exportar? Numa economia saudavel tem de haver poder de compra, para as Empresas venderem e produzirem. A Austeridade excessiva somente leva ao empobrecimento e ao desemprego. VOLTA GUTERRES ESTAS PERDOADO...

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  6. Amigo Jorge Ferreira, subscrevo na integra o que escreveste...e sabes que mais? Emocionei-me ao ler o teu comentário...porque são precisamente as tradições (pagãs ou religiosas), a nossa identidade cultural! Se assim não fosse, porque é que está tudo tão orgulhoso da elevação do FADO a património da Humanidade? Acabem com as tradições, e já agora de pieguices!
    Abraço amigo

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  7. Boa tarde!
    Caro Jorge já tinha saudade dos seus escritos!

    Exportar o quê? só se exportarmos sindicatos em troca de arroz!
    Uma regra inteligente: todas as Câmaras seriam obrigadas a escolher o dia do município num feriado histórico ou religioso já existente!

    Da minha parte não concordo com a extinção do dia da restauração, a meu ver, é mais importante que o dia 25 de Abril a não ser que exista algum projecto para sermos integrados na Espanha, se tal acontecer, digam-me que vou agrupar a minha companhia e tomamos conta de um quartel qualquer.

    Como o PIM está na moda: volta SALAZAR estás perdoado! PIM

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  8. Caro amigo Jorge Ferreira
    Respeitando o teu entendimento e o similar do Gabriel, deverei dizer-te que me parece que as nossas posições, antagónicas, poderão ser representadas pelos insectos de que falaste no teu comentário: a minha posição pela “formiga” do trabalho e a tua pela “cigarra” da “lenga-lenga”.
    Meu caro, nunca fui prisioneiro de tradições nem admirador de ídolos. Só aceito como sãs as ideias e as actividades que valorizam a vida do “homem”, da fauna, da flora e do universo.
    Mais te digo que acredito que todas as praxes são condenáveis, por levarem sempre, nalguma ocasião, à obtenção de prazer à custa da humilhação ou do sofrimento alheios. Digo-te ainda que não me revejo nos sentimentos colectivos dos grupos ou multidões (histéricas), no seio das quais me parece que se perdem os valores éticos individuais que norteiam a conduta humana, ou seja, onde o individuo perde a sua identidade e a sua capacidade de valoração, de autocritica e de autodeterminação.
    Também me parece que o argumento das “receitas do comércio e do turismo” não passa de uma falácia. A perda de tempo com a folia e com os gastos nos “adereços” tem custos muito superiores às “hipotéticas” ou falsas receitas do turismo. Afinal o meu amigo é partidário do consumismo, do abstencionismo e do endividamento.
    Resumindo, direi que quem se quiser divertir, nos muitos Carnavais de todo o ano, o faça à sua custa e não me obrigue a trabalhar e a pagar impostos ou a endividar-me para aquele fim.

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  9. JGF, vamos ser claros e concisos: isto tresanda a populismo! Mas para lá de tudo, há o inqualificável timing. Se PPC queria acabar com a diversão do povo (sim, porque a das elites faz-se sempre, de outra forma, longe dos bailaricos ou dos bares), que o anunciasse com tempo. Continuava a ser condenável (subscrevo tudo o que disseste, Jorge Ferreira), como tantas das medidas por ele anunciadas neste inverno, mas menos desonesto. Pensando bem, talvez seja bom isto ter acontecido já. É uma forma de acordar este povo.

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  10. VAMOS TRABALHAR! Os «executivos-do-faz-nenhum-da-moda» são os primeiros a sugerir aos outros: vamos trabalhar! Mas quem quer realmente trabalhar não anda sempre a apregoar aos outros - vemos trabalhar! Trabalha mesmo!

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  11. Jorge Ferreira, agradeço o teu comentário, pela reflexão que ele me permite fazer.

    Parabens pelo teu sábio comentário.
    Subscrevo na integra.

    (tenho pena do povo Chinês que vive na escravidão, não lhe sendo sequer possivel sonhar com tradições, com cultura, ou com o simples prazer de escutar uma musica...
    Trabalham como uma máquina descartável...
    Tenho mais pena ainda por serem explorados pelo povo europeu que compra o que lhe é roubado, pois o seu trabalho não é pago... para que a ditadura dessa nação Chinesa (a que os antigos chama o Leão Adormecido) se sirva dos milhões que eles rendem, para estar a comprar o mundo e qualquer dia o controlar totalmente e nós impávidos fazemos tudo ao seu jeito.
    Deveriamos lutar por esse povo como lutamos por Timor.
    Deveriamos lutar para que eles pudessem festejar o Carnaval ou outro qualquer dia especial para a sua cultura)

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  12. Dona Paula
    Populismo é oferecer pão e circo para cacicar. Pelo contrário, estabelecer exigências de responsabilidade é sempre impopular.
    Eu opto pela exigência.
    Cara Cassandra
    Para quem se habituou a trabalhar desde criança, como eu, continuará a trabalhar, a gostar de trabalhar e a falar de trabalho sem se envergonhar do que fez, do que faz e do que diz. Continuará a falar sem necessitar de argumentos manhosos...

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  13. De acordo, JGF. Mas há mil e uma formas de lá chegar. E a falácia de abolir a tolerância do carnaval para gerar riqueza é um verdadeiro circo. De resto, é precisamente quem trabalha muito e desde cedo que normalmente valoriza muito o descanso, o lazer e a festa! Pessoalmente acredito que para sermos felizes e estarmos de bem connosco e com a vida precisamos disso. E a história vai mostrar a PPC que há erros que se pagam caro. Como mostrou a Cavaco, no passado ;)

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  14. Boa tarde!
    Sou indiferente ao Carnaval e, para mim, este dia sempre serviu para dar uma volta com os meus filhos.
    A pior atitude que um governo pode tomar é impor-se contra uma manifestação ancestral, não há lei que prevaleça contra a vontade dum povo, a vontade fará o habito.

    Esta manifestação ancestral, veja-se carnaval, reconhecida pela igreja e pela maioria dos povo como uma festa pagã, marca o fim de um ciclo e o início do outro: a quaresma.
    Por tradição, no Carnaval, os povos iam às salgadeiras retirar toda a carne para a festa porque no imediato tinham a quaresma, período este na qual não se devia comer carne. Como sabemos de imediato vinha o verão e as carnes estragavam-se.

    Sem dúvida que o Carnaval é uma festa popular, nunca vi nenhum político nesta manifestação cultural, excepção a Alberto João, logo uma festa do povo, cultura do povo que os grandes senhores auto intitulados de cultos querem ignorar.

    Quanto à China, volto a afirmar, está na altura de exportar-mos para lá as nossas Centrais Sindicais, é a única coisa que temos para lhes vender mas, eles nem dadas as querem.

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  15. Eu estou aqui firme e hirto como uma barra de ferro. A bem da nação decidi trabalhar amanhã, mas como durante o dia de hoje recebi mails e telefonemas de clientes e fornecedores a informar que não trabalham... inclusivé o meu Banco não abre.... então pensei eu aqui para as minhas teclas, mas que parvo que eu sou, vir trabalhar só porque o Sr. dos Passos me pede..... Então vou fazer gazeta tambem. Então até Quarta-Feira de cinzas Camaradas

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