Por mal dar, por mal ter, viram cerradas
Do céu as portas; penam nesta lida
Com mágoas, que não podem ser contadas.
Vês quanto é de vaidade iludida
A ambição, de que os homens a porfiam,
Da fortuna anelando os bens da vida.
A pujança de um povo é grande ou escassa
Segundo o seu querer, que, se escondendo
Qual serpe em erva triunfante passa.
Contra ela o saber vosso não valendo
No seu reino ela tem poder e mando
Como os outros o seu, estão
regendo.
Ora no lodo ainda mais
tristes somos –
Com voz cortada assim
gargarejavam
De palavras somente havendo
assomos.
Essa alma, que de orgulho
ainda esbraveja,
Avessa ao bem, de raiva
possuída,
Deixou em si memoria, que
negreja.
Quantos reis, grandes na
terrena vida,
Virão, quais cedros, se
atascar no lodo,
Fama de si deixando poluída.
Que há povo infindo para o
bem avaro!
Do vadio e genial Dante Alighieri - Divina Comédia
Partilho convosco um poema intemporal, especialmente dedicado ao engenheiro Rodrigues Marques, que continua a brindar os da casa com comentários, de vez em quando,via e-mail. Para todos vós, a néspera:
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=ilrjg5zOQa0