21 de março de 2016

No dia da Poesia

Por mal dar, por mal ter, viram cerradas
Do céu as portas; penam nesta lida
Com mágoas, que não podem ser contadas.

Vês quanto é de vaidade iludida
A ambição, de que os homens a porfiam,
Da fortuna anelando os bens da vida.

A pujança de um povo é grande ou escassa
Segundo o seu querer, que, se escondendo
Qual serpe em erva triunfante passa.

Contra ela o saber vosso não valendo
No seu reino ela tem poder e mando
Como os outros o seu, estão regendo.

Ora no lodo ainda mais tristes somos –
Com voz cortada assim gargarejavam
De palavras somente havendo assomos.

Essa alma, que de orgulho ainda esbraveja,
Avessa ao bem, de raiva possuída,
Deixou em si memoria, que negreja.

Quantos reis, grandes na terrena vida,
Virão, quais cedros, se atascar no lodo,
Fama de si deixando poluída.

Que há povo infindo para o bem avaro!
             Do vadio e genial Dante Alighieri - Divina Comédia

1 comentário:

  1. Partilho convosco um poema intemporal, especialmente dedicado ao engenheiro Rodrigues Marques, que continua a brindar os da casa com comentários, de vez em quando,via e-mail. Para todos vós, a néspera:
    https://www.youtube.com/watch?v=ilrjg5zOQa0

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