8 de abril de 2016

O rastreio das crianças

foto: EPIS

Passou ontem na TSF esta reportagem sobre o programa EPIS (da homónima associação de empresários para a inclusão social). Já aqui falei sobre o tema, já disse publicamente aos senhores coordenadores e autarcas o que acho daquilo, da invasão de privacidade expressa naqueles inquéritos.No ano passado a coisa correu mal na cidade. Na EB1, entre a centena e meia de alunos, apenas dez pais acederam ao desafio da autarquia, no resto do concelho a adesão passou pouco dos 60%. Ora, se o programa é assim tão bom, se os resultados são tão espectaculares, fico sempre intrigada com o facto de apenas os municípios de Pombal, Figueira da Foz e Pampilhosa da Serra aderirem ao dito. Há pelo país uns 360 que ainda não descobriram esta pólvora. Outros há que apostam numa política de criação de actividades desportivas e lúdicas, que asseguram a igualdade de oportunidades que a escola pública nem sempre dá. O outro Diogo desta história (director-geral da EPIS), diz que ainda estão à procura "do grande resultado quantitativo e estatiscamente relevante".
Ouvi com toda a atenção aqueles minutos de rádio, gravados há coisa de um mês. Martelam-me na cabeça as palavras "rastrear" e "sinalizar". Parece que a Câmara de Pombal (através da equipa que criou para assegurar o EPIS) já "rastreou 1070 crianças". Diz o presidente que a ideia é chegar "aos que são mais pobres, mais vulneráveis". E depois "trabalhar os jovens e a sua capacitação para o futuro". O conceito é este, e quanto a isso estamos conversados. 
São os princípios que me incomodam, os meios que tão-pouco sabemos se vão justificar os fins. nessa óptica da caridadezinha aplicada à escola, que só tem paralelo no que se anda a passar em alguns estabelecimentos da cidade, onde a percentagem de crianças carenciadas é elevadíssima. Num gesto caridoso,  há pão para "os meninos pobres". E isto é dito assim, a todos.
Ora aí um bom tema para reportagem, para quem ousar fazer "caminho paralelo".

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