20 de maio de 2016

Quanto mais a luta aquece, mais longe está o PS


As eleições desta sexta-feira vão trazer para a ribalta um novo líder do PS/Pombal. Não conheço o senhor Alberto Gameiro Jorge, mas espero, sinceramente, que esteja à altura dos desafios. É verdade que desconfio sempre de quem só se lembra que é de Pombal no outono da vida - embora, no caso, me pareça que foi alguém que se lembrou por ele - como o próprio admite em declarações ao Jornal de Leiria.
Numa altura em que o PSD está a braços com a pior crise de que tenho memória (a iminente guerra fraticida entre Diogo Mateus e Narciso Mota), seria de esperar que o PS aproveitasse para cavalgar a onda e instalar-se onde há brechas. Mas isso era se o partido existisse entre eleições, se houvesse trabalho feito, e se os dirigentes locais soubessem fazer a destrinça entre o que são problemas internos e a causa pública. Não sou militante (nunca serei) mas já dei a cara e a alma pelo partido, como independente, nas eleições autárquicas de 2013, integrando a lista candidata à Junta de Freguesia de Pombal. E o que aconteceu depois disso legitima-me para questionar um partido que utiliza as pessoas de quatro em quatro anos, para depois as abandonar à sua sorte. 
Como é que um líder local se demite de funções, a pouco mais de um ano das eleições autárquicas, sem dar justificação do acto? 
Esperará ele - e os outros membros da comissão política igualmente demissionários - que os eleitores tenham compreensão pelas razões desconhecidas? 
O que importa ao cidadão comum que as guerras intestinas do PS tenham levado mais de meia dúzia de dirigentes locais do PS a um processo judicial ainda sem fim à vista, por causa das eleições para a federação, há dois anos? Ou melhor: o que interessam as guerras internas ao cidadão comum? Zero. O que falta ao PS - e aos eleitos pelo partido - é qualquer coisa de muito básico: perceber que o eleitorado que, de 4 em 4 anos, às vezes a vida toda, vota naquele projecto político, merece respeito e defesa até ao fim. Que um eleitorado que não se revê na forma como o PSD faz política há 20 anos.
É por isso que a unanimidade não é apenas burra (como dizia Nelson Rodrigues), mas é também uma falta de respeito, quase desprezo, para com aqueles que acreditaram - noutra gente, noutro projecto, noutra forma de estar e fazer política. Ser oposição é isso. É mostrar que há outra forma de fazer as coisas, e ter coragem de o dizer. Já se sabe que ter opinião cria muitos inimigos, mas lá dizia o outro: quem não suporta o calor não se chega a cozinha. 
Como sou crente, fico à espera dessa mudança que aí vem. Até porque identifico no grupo gente de muito valor.
Ou isso ou o PS corre o risco de ser rapidamente ultrapassado pelo CDS nas próximas eleições. É que esse, se conseguir libertar-se do espírito PaF, está com todas as condições para capturar esse eleitorado descontente. O resto, aquele resto que alinha pouco em centralismos, obviamente penderá para a esquerda, em Bloco. Se os candidatos se aproveitarem, claro.

4 comentários:

  1. Em Bloco Paula? É que poderá pender para a esquerda em boco. Porque a esquerda é sobretudo o outro partido que há 95 anos mostra não ter medo. O Partido Comunista Português, o mais antigo e resistente partido da verdadeira oposição, apesar das tentativas de que assim não seja. O Sr. Alberto é um concidadão Albergariense.Desejo-lhe o melhor.

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  2. Paula, Como te disse conheci o Sr. na Campanha das ultimas legislativas e posso dizer-te que é uma pessoa com grande capacidade de trabalho, muita experiência e conhecimentos políticos. Movimenta-se muito bem nos corredores do PS em Lisboa, agora de Pombal e dos seus militantes e simpatizantes não creio que esteja realmente a par da realidade, mas se for bem assessorado conseguirá fazer um bom trabalho e escolher os melhores Candidatos do PS ás próximas Autárquicas, nomeadamente na Escolha dos cabeças de lista as Juntas , que nas ultimas foi tudo muito mau, ao ponto de se chegar ao grau ZERO ( O PS não ganhou uma JUNTA de FREGUESIA) só por aqui se vê os erros de casting cometidos.

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  3. Maria José, o PCP tem o peso que sabemos, a honra e a glória que nunca lhe neguei. Mas esta é a minha opinião: quem desvia um voto do PS, sobretudo a nível local, raramente o faz para a CDU. Se comparares os resultados das legislativas com as autárquicas, facilmente percebes que a coligação tem um eleitorado fiel e transversal às várias eleições, enquanto o BE ganha pontos nas legislativas. Só não o tem conseguido nas autárquicas por falta de comparência, o que - parece-me - não vai acontecer desta vez. Mas posso estar enganada.

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    1. Como te disse, o PCP está cá há 95 anos. E não vai a lado nenhum, continuando sempre a garantir os direitos e soberania do povo Português. E ao contrário do que a direita quer fazer crêr, os votos que vão para o Bloco não nos incomodam. O que incomoda são os votos que vão para a direita. Mas, o PCP cá está. Seguro e sólido, para continuar a assegurar que o barco não afunda. Que Abril continua.

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