29 de outubro de 2010

Dois em um

Para quem (como eu) refere com frequência o marasmo cultural da cidade, não pode deixar de assinar a presença de dois nomes notáveis da cultura portuguesa, no próximo Sábado, em Pombal: João Tordo, às 18h, na (incontornável) K de Livro e Bernardo Sasseti e Orquestra das Beiras, às 21h30, no Teatro-Cine.

5 comentários:

  1. O Bernardo Sasseti é um óptimo pianista ao vivo, pena não poder assistir.

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  2. Estamos no fim do mês de Outubro. Por sinal o meu mês…
    http://www.youtube.com/watch?v=1U380J_NHqs
    POEMA DE OUTUBRO
    Era o meu trigésimo ano rumo ao céu
    Quando chegou aos meus ouvidos, vindo do porto
    e do bosque ao lado,
    E da praia empoçada de mexilhões
    E sacralizada pelas garças
    O aceno da manhã
    Com as preces da água e o grito das gralhas e gaivotas
    E o chocar-se dos barcos contra o muro emaranhado de redes
    Para que de súbito
    Me pusesse de pé
    E descortinasse a imóvel cidade adormecida.
    Meu aniversário começou com as aves marinhas
    E os pássaros das árvores aladas esvoaçavam o meu nome
    Sobre as granjas e os cavalos brancos
    E levantei-me
    No chuvoso outono
    E perambulei sem rumo sob o aguaceiro de todos os meus dias.
    A garça e a maré alta mergulhavam quando tomei a estrada
    Acima da divisa
    E as portas da cidade
    Ainda estavam fechadas enquanto o povo despertava.
    Toda uma primavera de cotovias numa nuvem rodopiante
    E os arbustos à beira da estrada transbordante de gorjeios
    De melros e o sol de outubro
    Estival
    Sobre os ombros da colina,
    Eram climas amorosos e houve doces cantores
    Que chegaram de repente na manhã pela qual eu vagava e ouvia
    Como se retorcia a chuva
    O vento soprava frio No bosque ao longe que jazia a meus pés.

    Pálida chuva sobre o porto que encolhia
    E sobre o mar que umedecia a igreja do tamanho de um caracol
    Com seus cornos através da névoa e do castelo
    Encardido como as corujas Mas todos os jardins
    Da primavera e do verão floresciam nos contos fantásticos
    Para além da divisa e sob a nuvem apinhada de cotovias.
    Ali podia eu maravilhar-me
    Meu aniversário Ia adiante mas o tempo girava em derredor.
    Ao girar me afastava do país em júbilo
    E através do ar transfigurado e do céu cujo azul se matizava
    Fluía novamente um prodígio do verão
    Com maçãs
    Pêras e groselhas encarnadas
    E no girar do tempo vi tão claro quanto uma criança
    Aquelas esquecidas manhãs em que o menino passeava com sua mãe Em meio às parábolas
    Da luz solar
    E às lendas da verde capela
    E pêlos campos da infância duas vezes descritos
    Pois suas lágrimas me queimavam as faces e seu coração
    se enternecia em mim.
    Esses eram os bosques e o rio e o mar
    Ali onde um menino
    À escuta
    Do verão dos mortos sussurrava a verdade de seu êxtase
    Às árvores e às pedras e ao peixe na maré.
    E todavia o mistério
    Pulsava vivo Na água e nos pássaros canoros.
    E ali podia eu maravilhar-me com meu aniversário
    Que fugia, enquanto o tempo girava em derredor. Mas a verdadeira
    Alegria da criança há tanto tempo morta cantava
    Ardendo ao sol.
    Era o meu trigésimo ano
    Rumo ao céu que então se imobilizara no meio-dia do verão
    Embora a cidade repousasse lá embaixo coberta de folhas no sangue de outubro.
    Oh, pudesse a verdade de meu coração
    Ser ainda cantada
    Nessa alta colina um ano depois.
    .(Dylan Thomas, tradução: Ivan Junqueira)

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  3. Já não soube a tempo de orientar a minha vida para ver o grande Sasseti. Tinha um dilema: ir lá ou às tasquinhas do Bodo das Castanhas, a Vermoil. Estava quase a vir aqui escrever post a respeito dessa feira secular, quando me apercebi do programa de animação desta noite: as misses do Correio de Pombal. Em pleno Bodo das Castanhas. Vê só, Adérito, que o grave é isto: a Bárbara, a nossa Bárbara, não chegou sequer a finalista. As outras hão-de animar a malta, como faz falta.

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  4. De tanto querer ver a Barbara, despistei-me nas Águas Férreas. Tudo por culpa do Farpas que não me avisou a tempo e me obrigou a acelerar. Ou Então foi praga do Nobre Povo. Assim tenho o estrago para pagar e fiquei sem lhe poder testemunhar a minha admiração. Hoje à noite, todos ao Bodo de Vermoil.

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  5. O Jorge pensou que a Barbara estava no Teatro Cine a ouvirver o Sasseti a a Orquestra das Beiras. Lixou-se. Já agora, leiam o último livro do João Tordo " O Bom Inverno ". Li e admirei. Livro obrigatório.

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