29 de julho de 2014

Regina e os livros


Até há bem pouco tempo, a Soares era uma papelaria que também vendia uns livros. Em boa hora, os seus responsáveis decidiram dar mais espaço à livraria, preenchendo assim a lacuna criada em Pombal com o fim da K de Livro. Mas foram mais longe: convidaram a Regina Gaspar para esse projecto.

A Regina é uma excelente leitora. A página que dinamizava com a Nathalie na K de Livro e a que agora é responsável na Soares são prova disse mesmo. Mas nada como uma visita ao seu local de trabalho para confirmar o seu encanto pelos livros e a forma discreta como nos convida a viajar no seu universo literário. 

Raras são as pessoas que têm o dom de transformar uma livraria num espaço de cultura. A Regina é uma delas. Agora que se aproximam as férias, fica a sugestão para uma visita à Soares e o conselho para que se deixe contaminar pelas escolhas da Regina.

5 comentários:

  1. A Regina é, de facto, a pessoa certa para este projecto. Para além das qualidades já referidas pelo Adérito, acrescento a coragem (da Regina, mas também dos sócios da Papelaria Soares).
    Um projecto desta natureza não é fácil em Pombal.
    É facilmente constatável que a cultura é perfeitamente hostilizada na cidade. A vereação da cultura parece ter peçonha. A politica cultural (???) assumida pela CMP é frouxa e inconsequente. E como se isso não bastasse, vemos constantemente ataques à "coisa cultural", como se antes de se saber o que é, já tivesse que se defender do "pecado original" da sua existência. Enraíza-se a percepção de que "o que é cultural, é mau".
    Constatem nos posts e comentários em redor (antes e depois deste), e constatem que a principal "influência cultural" que alimenta os mesmos provém do preconceito. Dir-me-ão "urbano" ou "elitista", talvez até "pseudo-qualquer-coisa", mas levam com novo conselho: a cultura vem dos livros, e dos palcos, e das vozes das pessoas sensíveis, e das telas... e não do preconceito, como é hábito em Pombal.
    Depois, vemos o preconceito e a incultura chegar ao poder (politico) com demasiada facilidade e frequência. Ganham-se eleições sem nunca se ter lido um livro, porque "o que conta é a vida vivida" (não é, engenheiro?), e os erros ortográficos, mesmo que aos centos, não tira votos a ninguém, e até há tangerinas com legítimas pretensões que nunca mostraram vergonha em tratar a língua de Camões e Pessoa ao coice e ao pontapé. E batem-se palmas, meus senhores... como se essa tristeza fosse a própria cultura.
    Pois bem, eu acredito em coisa diferente. Acredito que a cultura dignifica um povo, e lhe dá dimensão para sonhar com um futuro melhor.
    Acredito que a cultura liberta as pessoas, e constrói democracias autênticas, e não este "faz-de-conta-que-é-como-o-povo-quer" - não há prisões mais efectivas que as dos muros no pensar.
    Acredito que a cultura tem esse lado saudavelmente aditivo, que é a de se reclamar cada vez mais quanto mais é consumida. E que esse caminho é um verdadeiro investimento, com um retorno incomensuravelmente maior que o seu custo.
    Bom trabalho, Regina, e que a cidade te mereça, como não mereceu outros antes de ti.

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    1. Amigo e companheiro Nuno Gabriel, boa noite.
      Vocês são uns sectários.
      E onde colocam aqueles que gostam de ler, mas também gostam de escrever, mesmo que seja sobre a vida vivida?
      Abraço

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  2. Boa noite Adérito,
    Uma vez perguntei à Regina quantos livros tinha lido no ano anterior. A resposta veio com naturalidade, 80 livros (julgo que foram mesmo 90). Perante esta “enormidade”, mudei imediatamente de assunto não me fosse a pergunta devolvida.
    Eu acho que o conselho de alguém que conhece as obras/ os autores, os gostos/ as preferências dos seus clientes é meio caminho para que as mesmas não fiquem a caminho meio nas mãos de quem as lê … assim, penso que ter a Regina (por perto) facilita quando queremos levar um livro até à contracapa.
    Parabéns pelo teu post, gostei muito.
    Um abraço .
    .
    .
    que se estende a todos os que como eu gostam de vos ler

    Gil Moleiro

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  3. Caríssimos:
    Respeito o assunto postulado, não o comento porque há outras pessoas mais conceituadas para o fazer.

    Por alguns comentários anteriores concluo que há pessoas interessadas em que a CMP contrate um cura para este, de chicote na mão, exerça pressão sobre as pessoas no sentido delas frequentarem a biblioteca, leiam um livro por semana e visitem os nossos museus pelo menos duas vezes por ano.

    À Câmara Municipal compete gerir o erário público, criar condições culturais, educacionais, de saúde, de desporto e estabelecer as normais de acesso mas não pode obrigar todas as pessoas a gostar de ler ou de dançar

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  4. Não vejo isso escrito ou indiciado em qualquer comentário.
    Mas entendo que a CMP deveria ser promotora ou facilitadora de eventos culturais, sim.
    Ainda assim, não é a CMP a principal visada do meu comentário, que é o único que, em teoria, poderia justificar este comentário, Besouro.

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