13 de dezembro de 2016

Onde se dá conta da reunião de emergência sobre a rusga da PJ

Nos últimos seis meses, o Príncipe desenvolveu, com a mestria que lhe é reconhecida, o plano de sedução dos súbditos. Até à semana passada corria tudo como previsto e melhor do que o esperado.
Nas conversas de taberna e café, corria há muito a atoarda que do plano do Príncipe para manter o poder fazia parte a utilização, no momento certo, dos esqueletos que, supostamente, o inimigo tinha deixado no armário. E toda a gente que segue estas coisas dava os escândalos como certos; até porque as ameaças já tinham seguido pelo correio, para, antecipadamente, destabilizar e condicionar o inimigo. O que o Príncipe não sonhava, era que o feitiço se virasse contra o feiticeiro - não contava, nem nos seus piores pesadelos, que a PJ lhe entrasse casa dentro, sem avisar, para vasculhar um caso bicudo do seu curto reinado.
Perante a bronca, e os seus efeitos devastadores, o Príncipe protelou a continuação da reunião de delegação de atribuições aos ministros e reuniu o núcleo cúmplice, composto pelo fiel escudeiro e a Marquesa Prada. Estavam inquietos, irritados e no conhecido modo retaliativo; mas não sabiam o que fazer, melhor dizendo, por onde começar. Apetecia-lhes fazer mal, mas tinham medo do efeito do mal feito; a cabeça pedia-lhes acção, mas o corpo estava trôpego, próprio de quem tinha acabado de levar um murro no baixo-ventre. Só estavam de acordo numa coisa, nos culpados: PJ, denunciantes e o ministro das Obras-Tortas. Mas, para além do ministro, sentiam-se impotentes para os condicionar ou fazer sofrer.
Pensaram actuar na PJ, servindo-se dos bons canais, mas desistiram da ideia porque, tendo eles deixado passar o caso para os jornais, havia pouco a fazer, por agora. O Pança defendeu que se deveria dar uma lição aos denunciantes, mas o Príncipe moderou-lhe os ímpetos, advertindo-o que não é altura para isso. A Marquesa propôs uma limpeza no ministério das Obras, e justificou-a com o veredicto de serem inúteis. O Príncipe concordou com a ideia (Marquesa e o Príncepe estão sempre em sintonia) e lembrou que já tinha encostado o Celestino e traçado o destino do ministro das Obras-Tortas.
O Príncipe informou, também, que era necessário conter o escândalo: que já tinha mandado calar o ministro das Obras-Tortas para evitar que se espalhasse com os jornalistas e agravasse a situação; e que só ele falaria publicamente sobre o caso. O Pança e a Marquesa Prada concordaram, mas evitando dizê-lo pensaram para dentro: “quem já se espalhou foi o Senhor: negou que o Gaspar dos Frangos nos tinha financiado a campanha, e ele confirmou-o”.
Apesar da delicadeza do caso, o Príncipe queria mostrar que controlava a situação. Agarrava-se a leis e a regulamentos, desfiava justificações, atenuantes e desculpas, mas havia um por maior que os inquietava muito e que ninguém quis abordar: o parecer negativo sobre os armazéns do caso, dado pelo permissivo Celestino, no mandato anterior.
Ele há cada coisa!

                                                                                                                  Miguel Saavedra

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Este próximo ano de 2017, vão se aborrecendo as comadres e vão-se sabendo as verdades. Toda a gente sabe que existe promiscuidade entre o poder politico e o grande Empresariado. Alguém tem de pagar as campanhas e as jantaradas. Estou para ver se sai na comunicação social do concelho alguma noticia sobre este assunto. O povo não está muito interessado em ser informado, mas a comunicação social tem o dever de ser isenta e informar o povo. Depois cabe ao povo decidir o que pretende para o seu Concelho. Se pretende pão e circo ou se pretende uma gestão transparente e que o Concelho volte a ser de todos e para todos.

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