O Farpas comemora hoje o seu nono aniversário. A ideia de criar um weblog, um diário digital, onde pudéssemos partilhar convosco textos mordazes, irónicos, justos, nasceu no dia em que tomámos consciência de alguns contornos do perfil do nosso tempo.
Em 2008, Pombal era um concelho totalmente pintado de laranja: todas as 17 freguesias eram geridas por autarcas sociais democratas e a Câmara era liderada pelo Engenheiro Narciso Mota que, em 2005, tinha conseguido 63,08% dos votos. A avassaladora hegemonia política e eleitoral do PSD, por mais que agradasse aos sociais democratas, não era salutar para a democracia. Por todo o concelho proliferava uma classe política pouco culta onde os laços de consanguinidade e os interesses obscuros eram mais fortes que os vínculos ideológicos. O polvo cor-de-laranja era como uma doença que fragilizava a cidadania.
Aquilo a que se acordou chamar "espaço público" era praticamente inexistente. A onde laranja foi engolindo contestações, comprando favores, mantendo uma imagem caricatural de pluralismo em rádios e jornais que se comportavam como meras caixa de ressonância do poder e recusavam o papel de despertadores de consciências. Era urgente romper com a indiferença generalizada perante esta situação, criando espaços de intervenção cívica e de aprofundamento da cidadania. Foi isso o que pretendemos fazer com o Farpas. Correndo o risco de ser pretensioso, afirmo que o Farpas veio trazer uma lufada de ar fresco ao panorama opinativo pombalense, contribuindo para a construção de uma sociedade civil mais pujante e participativa.
Desde o início que nos assumimos como um blogue político de cariz eminentemente regional. Nascemos com o intuito de farpear os interesses e os poderes instalados e, goste-se ou não, é o que temos feito ao longo destes nove anos. Perdemos muitas das batalhas. Um ano após temos surgido, o PSD aumentou a sua votação de 63,08% dos votos para uns históricos 65,79%. Ganhámos inimigos, ódios de estimação e, muitas vezes, questionámos a nossa existência. Mas enquanto os poderes instituídos se recusarem a admitir que o Farpas é também uma forma de participação cívica e os "da casa" forem vistos como "forças do mal", a nossa tarefa continua a fazer sentido.
Obviamente que somos lidos por autarcas e políticos. Neste momento somos a voz mais crítica em Pombal, o que permite ao poder aferir o resultado da sua actuação. Mas também somos lidos por muitos pombalenses que nos vêm como fonte de informação, mesmo sabendo que não somos isentos e recusarmos o rótulo de meio de comunicação social. É por eles que prometemos continuar a cravar as nossas pequenas farpas nos oportunistas, nos manhosos, nos servis, nos obscenos.
Sem liberdade de expressão, não existe democracia.
ResponderEliminarOpinar não é um previlégio: é um direito!
Parabéns a todos os intervenientes, a todos os titulares deste blog.
Por cada voz que se levantar contra, por cada acção que reverta a vontade de escrever, outro Farpeiro ergue a bandeira da resistência!
"Goste-se ou não" é onde reside a relação irónica da região com este blogue!
ResponderEliminarAssim sendo: 1º ninguém assume que lê, 2º a ânsia do conhecimento de fontes e anónimos especula-se na praça, 3º a expressão "já lês-te o Farpas" sussurra-se a cada post e 4º o Farpas irrita tanta gente que "não lê"...
Mais justo ou menos, mais ou menos irónico e rebelde, aqui transpira-se liberdade, doa a quem doer!
"Os da casa" foram mudando e refinando e hoje mais que nunca a verdade anda aliada à liberdade.
Parabéns e (ps) continuem a dar-nos números dos que "não leem"; são muito úteis e são a métrica da vossa/nossa liberdade!
Adelino, bom dia.
ResponderEliminarPor favor, publica este meu desabafo, a pedido do Dr. Adérito.
Mas não te ponhas a brincar com o teu lápis azul.
Obrigado
Amigo companheiro e camarada Adérito Araújo, penso que sabes que no dia do almoço estive na Marinha Grande, toda a tarde, numa Assembleia da Federação de Bombeiros do Distrito de Leiria, o que inviabilizou a minha participação nesse evento.
É sempre com muito gosto que leio os teus posts por entender que um intelectual consegue escrever e o povo iletrado compreender.
Mas vamos ao que viemos.
Parabéns ao Farpas!
A questão que abordas é uma utopia, como aquela em que o Farpas sempre se baseou.
E mais. O Farpas sempre cavou com enxadas, consoante as características do terreno, cuja discussão está hoje na ordem do dia, quer sejam as não notícias, quer sejam as notícias falsas, ou os acontecimentos não vividos.
E o núcleo duro dos da casa (os que não eram utópicos foram todos corridos pelo do lápis azul - LIBERDADE. VIVA o 24 A!) utilizam a não notícia como notícia, dizendo que não é notícia e sobre ela dissertam como se de uma não notícia se tratasse.
Por outro lado, inventam notícias que, já sabemos, são inventadas para serem processadas pelos cérebros dos iletrados e transformadas em utopias.
Abraham Lincoln, dizia:
Pode-se enganar a todos por algum tempo;
Pode-se enganar alguns por todo o tempo;
Mas não se pode enganar a todos todo o tempo.
Este pensamento desmascara toda a estratégia do Farpas, se é que há uma estratégia ou são só tácticas a esmo, dos sábios que escrevem os posts.
Vê só.
Afirmas que o mapa laranja do concelho tolhe a inteligência das pessoas, não pela ideologia, mas por interesses obscuros.
Amigo e companheiro, não estarás a confundir os da classe política pouco culta, onde os laços de consanguinidade e os interesses obscuros, com o saber estar, saber saber e saber fazer?
Estou de acordo que o Farpas veio trazer uma lufada de ar fresco ao panorama opinativo pombalense, contribuindo para a construção de uma sociedade civil mais pujante e participativa na construção de um Pombal utópico.
É correcto dizeres que nestes nove anos ganhámos muitas batalhas (o Farpas) mas perdemos a guerra.
Um ano após termos surgido (o Farpas), o PSD aumentou a sua votação de 63,08 % para uns históricos 65,79 %. Ganhámos.
Dizes e eu concordo, que os políticos dizem, que neste momento somos a voz (o Farpas) mais crítica em Pombal, o que permite ao poder aferir o resultado da sua actuação. Mas também somos lidos por muitos pombalenses que nos vêm como fonte de informação, notícias fiéis à nossa utopia e não à realidade de vida vivida.
Morra a utopia! Morra! PIM!
Saúde e Fraternidade.
Rodrigues Marques
Caríssimo Rodrigues Marques: Obrigada pelas felicitações. Continuamos à espera do livro que se ofereceu para imprimir com os posts do farpas, mal tínhamos nascido ;) Quanto ao resto, há no seu longo escrito algumas verdades, o que é natural em si. Afinal, nem tudo pode ser um faz-de-conta. Agora reparo que nos conhecemos há um quarto de século e isso levou-me a rebobinar momentos marcantes da nossa convivência, que me ajudam a perceber melhor a pessoa que é. Lembro-me de si como meu patrão na PombalPress, empresa que detinha O Correio de Pombal. Ou como padrinho da primeira eleição de Narciso Mota (uma e outra função confundiram-se, por ali, como naquela manhã em que entrou pelo jornal dentro a tirar-me satisfações de um escrito qualquer, alusivo). Ou do triste episódio em que ficou de indicar Diogo Mateus para deputado e, chegado à distrital,trocou-lhe as voltas indicou Ofélia Moleiro. Saberá o meu amigo que no seio do PSD se comentava, naquele tom jocoso e de desprezo pelos outros que me agonia, ainda hoje, que "se o Marques ganhar Albergaria, ganhamos tudo". E foi assim, nesse ano de 2005. Honra lhe seja feita. Tenho de memória muitos e bons episódios, para o livro em carteira. Há em si um lado humanista e solidário que me faz, por vezes, esquecer o outro. Para bem dos meus pecados, não dependo em nada da sua pessoa, pessoal ou profissionalmente. E gosto da sua veia poética, do seu lado velhaco, do seu peito aberto às balas. Longa vida ao nosso leitor de estimação. <3
EliminarPaula Sofia...O Coveiro de Albergaria ficou agora com o "rabo" a arder. Quem mete muita pimenta arrisca-se. Por acaso até simpatizo com ele, apesar de ele também já ter tido uma atitude de "velhaco" comigo. Mas depois saiu-lhe do bolso. Viva a Liberdade, Viva o Farpas...longa vida para o coveiro de Albergaria
ResponderEliminarO Farpas é verdadeiramente um exercício cívico de excelência. Faço-vos justa e merecida vénia ao vosso grande nível.
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