22 de junho de 2018

Ensaio sobre a cegueira


Os dados estavam lançados e aqui no Farpas - onde uma parte importante dos leitores está no Oeste - julgámos que a reunião da Assembleia de Freguesia que iria discutir a auditoria às contas do anterior executivo seria um momento-chave na vida política do concelho. Ledo engano. Aquilo a que assistimos na noite passada, no salão paroquial da Ilha, só não foi tempo perdido porque:

1. Certificámo-nos de que Manuel Serra já foi encostado pelo PSD e Gonçalo Ramos já encostou o nado-morto NMPH (Narciso Mota Pombal Humano).
2. A montanha pariu um rato: a auditoria revela aspectos graves da vida autárquica naquela freguesia, a que só Dino Freitas (CDS) fez cócegas, ao de leve.
3. Uma auditoria paga pelo povo tem de ser do conhecimento do povo. A auditora, Isabel Clemente, que massacrou o público durante uma hora com considerandos de douta sabedoria (quando nem sequer devia ter sido chamada a intervir), bem pode aproveitar as férias de verão para ver uns filmes ou ler uns livros que contam o caso watergate. Gonçalo Ramos também, em vez de olhar por cima do ombro a tentar perceber como é que a auditoria transpirou para fora, qual miúdo que atira a pedra e esconde a mão.

Numa região onde a agregação está longe de ser aceite e não vai demorar até que o tema salte para a ribalta, de novo, o público é a maior lição: enche os salões nas assembleias, e é capaz de esperar até às 2h30 da madrugada para intervir, chutado para último. A mesa da Assembleia comporta-se como os membros do NMPH - faz só figura de corpo presente, não conduz os trabalhos, cada um fala o tempo que quer, como e quando quer. Saímos de lá com a dúvida: a AF daquela União de Freguesias tem regimento, como as outras, ou não?
No fundo, aquela reunião com 10 (dez) pontos, marcada para as 21 horas de uma quinta-feira, foi uma cegueira colectiva. 
Manuel Serra não percebeu que era tempo de digerir a derrota e sair de cena, cego pelo poder. Gonçalo Ramos está deslumbrado com o mesmo, transforma a apresentação de cada ponto em floreado verbal, arrastando os trabalhos no tempo e no espaço. Avançou sem medos para a auditoria, mas depois não soube o que fazer com ela, refugiando-se num "aperfeiçoamento de procedimentos". 
Dino Freitas (CDS) arranca sempre bem, mas intervenções, mas vai perdendo força e não consegue ser eficaz na oposição.
Hugo Sintra (PS) vai acabar com os últimos votos que o partido - que foi ali poder - ainda tinha.

2 comentários:

  1. 1º Esta agregação de Freguesias foi elaborada nas costas do povo e nunca irá funcionar.
    2º Os resultados da auditoria têm de ter consequências politicas ou jurídicas, caso haja matéria para isso.
    2º O Gonçalo Ramos deve já ter algo prometido e age da mesma maneira que os outros Presidentes de Junta que se juntaram oa reino laranja depois de conquistarem o poder com outra camisola.
    3º O Representante do PS foi o pior Candidato que já existiu a uma Junta de Freguesia. Mas pelos vistos nesta zona ninguém quer dar a cara pelo PS...Interesses instalados ?
    4º Ainda bem que foi este Sr. O Candidato do PS, senão os Votos contra o PSD iriam dividir-se entre o NMPH e o PS e o PSD acabava novamente por ganhar. O Gonçalo Ramos bem pode agradecer ao HUGO pela sua eleição.

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  2. Paula,
    No meio daquela cegueira, que bem descreves, há que reconhecer que fomos bem enganados: Fomos à procura de alguma novidade, de alguma coisa interessante, e ficámos mais de três horas a ouvir baboseiras, cada vez piores, algumas roçando a insanidade.

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