6 de março de 2014

Ronda da Gala da Pombal TV

Disponho de poucas certezas absolutas.
Sou mais propenso a dúvidas existenciais.
De absolutismos, conto como certas & sabidas a brevidade da vida e a certeza da morte.
No outono da idade, talvez me seja dado confundir isto com sabedoria.
Talvez.
Ou talvez eu seja como a ADERCE, aquela associação ali da Estrada: existo, fiquei caro e não sirvo para nada.
Ou sirvo só para uma por ano, contabilidade que, à beirinha dos cinquenta anos, até nem é má de todo: conheço serviços ainda mais mínimos.
Que, enfim, as linhas iniciais da prosápia de hoje ao menos me sirvam de justa causa & para devido efeito, benévolo prolegómeno & atilado exórdio ao que, aqui & agora, por escrito me (re)traz ao Vosso convívio: fui à gala de apresentação pública/social da Pombal TV.
Aconteceu no Teatro-Cine pela derradeira noite do agora para sempre transacto mês de Fevereiro de 2014. A senhora com quem sou casado pelos devidos trâmites notário-legais é que me levou lá. Tínhamos convite impresso em papel de boa gramagem. No verso, reparei na galeria de patrocinadores do acontecimento: Óptica Lourenço, Brico Marché, TP Pascoal, Móveis Ilídio da Mota, Município de Pombal e Rádio Cardal 87.6 FM. Bem. Muito bem.
(Todos sabemos levar a mão ao peito para compungidamente reiterar juras de amor-eterno a tudo quanto seja, e faça bem a, Pombal. Por Pombal tudo. Mas: Pombal tudo – menos tirar olhos. Até porque nos fazem falta para ver a Pombal TV. Mas continuando:)

Nas primícias da sessão, foi sem esforço que assimilei as novidades. Havia bolinhos e copinhos no átrio do Teatro. Cachos de gente ensarilhavam-se, como antigamente as G-3 na parada da mafrense Escola Prática de Infantaria, na prática das cordialidades do costume – sobretudo havendo bolinhos, sobretudo copinhos havendo. Era, em plena glória, o nosso jet-6, que a 7 ainda não chegámos. Mas havemos de, queira Deus ou o Diabo por ele.

Novidades, pois:
mudança de comando técnico no Sporting de Pombal;
o Daniel Ponte está muito menos gordo, mais bonito até, considerando que provém do vermoilense Moinho da Mata;
a malta da Rolls Beer (“pomada” a que, para mal dos meus pecados & secura dos meus queixais, ainda não botei espicho) em jantar-encontro no São Sebastião;
aniversários natalícios do Godinho do Red Line (já lá iremos) e daquele Paulo pertencente ao periculosíssimo clã criptocomunista dos Araújos com sede ali ao Barco, essa gente que há mais de um quarto de século conspira contra tudo e contra todos assando revolucionariamente sardinhas para Amigos uma vez por ano e clamando por justiça social para todos nos outros 364 dias (mais um em caso do almanaque vir bissexto);
o facto do fato do apresentador masculino ser Hugo Boss, esse que a comunidade e o Registo Civil assentam por Gonçalo Santos mas que para as meninas é George Clooney – foi excelente ouvi-lo dizer ao micro “Rádio Clube de Pombal” sem se rir;
a peanha estético-capilar difícil do apresentador feminino, Paula Sofia Luz no baptistério mas Miss (Kate) Moss para os varões – também foi excelentíssimo ouvi-la dizer, e praticamente no mesmo lance respiratório, “Notícias do Centro” e “Orlando Cardoso” sem se lhe desmanchar nem um milímetro do ricto labial;
o Mário Freire de fato completo mas gravata obscenamente encarnada à lampião, logo ele, que só é sportinguista por escassez de oportunidades na infância ansianense;
a Kari Guergous, espécie de gardénia ambulatória de pele lacada a vidro porcelânico espargindo no ar normalmente dedicado à respiração a benesse de termos nascido em a contemporaneidade de mulheres tão bonitas, caso absolutamente afim, aliás, da patrocinadora da gala,
a Sissi Lourenço da Óptica idem, cujos olhos nunca por de mais esplendorosamente cortejados por ali andavam escurecendo os outros (digo, os outros olhos) em risco de despiste talvez fatal dos transitórios transitários daquela circulação;
e, finalmente, o não-é-ainda-desta há muitas décadas esperado oficial anúncio nubente-matrimonial do chega-te-para-aí par de rolas constituído pela eléctrica e electrizante Idália da Caixa Agrícola & pelo suave e civilizado João Pessa de sabe-Deus-onde.
(Mas pronto, isto já dá para a Caras. Sigamos:)

Apertou-me a mão dextra cá fora, entre fumadores, o grande Pedro Roma, gentil orgulho da terra.
Perto, vi um homem chamado Rui portar-se, como de costume, caladinho e Benzinho.
Não vi o agente técnico de engenharia mecânica Narciso Mota. (Atenção: agente técnico de engenharia mecânica por receio de lhe chamar engenheiro, dada a confusão que por aí grassa em desgraça de “licenciaturas” sócr’arrelvadas…). Contava vê-lo. Talvez até lá tenha estado e eu o não tenha visto, como naquela noite em que veio cá um Barreiras Duarte então secretário de Estado e não houve lugar para ele, ele Narciso, à mesa dos que ficam virados de frente para os tolos da plateia como eu e como tu, Leitor(a). A circunstância da sua ausência (a meus piscos olhos, pelo menos) acaba dando azo de justificação a um trocadilho nada menos que “franciú”: ai Narciso, depois de tantos anos de tout-venant já te tratam por tu-marchant
Vi o senhor Carrilho, que me boa-noitou de não distraída maneira, mesmo que eu ache, como ele acha que eu acho, que a obrigatoriedade de re-aterrar a área explorada da mineiração pedreira é mais comunitariamente ética e mais paisagístico-ambientalmente decente do que imperativamente legal. Não é assim, senhor Júlio Lopes, aliás?
Entabulei negociações de desfalece-coração com o engenheiro (este sim, de certeza engenheiro, certeza minha sem desfazer noutros) Francisco Faro, cujo fácies augusto e cuja arguta bonomia sempre me reiteram a dívida-para-além-da-vida que hei-de ter (para) sempre (para) com o Pai dele, senhor Professor Elias Rodrigues Faro, meu Mestre-Escola e meu Mestre-Vida, meu perpétuo avatar de tudo quanto seja escrita que eu faça, sem o qual não poderia eu nunca jamais saber o que fazer com um lápis na mão, um papel por baixo e tu, Leitor(a), pela frente.
Não vi o ex-pombal-patriado João Melo Alvim. Isso também me fez espécie. Afinal, era a gala da Pombal TV. Meu raciocínio em cadeia, a propósito do bom Alvim: ora, TV, ecrã; ecrã, filmes; filmes, cinema; cinema, Alvim. Mas pronto. O João segue dentro de momentos, pedimos desculpa por esta interrupção.
O Henrique Falcão, esse vi-o. É, como bem no sabeis, homem de material solidez, até malar. Não clona o irmão, o Zé, esse sósia do escritor Hemingway a quem nós, na Cervejália, em Dezembro, estamos sempre a chamar Pai Natal, mas a quem também, nos onze meses restantes, tratamos por Capitão Iglo, a ponto de, quando em apuros de pesca, já lhe chegarem douradinhos os peixes que à linha lhe vieram. O Henrique Falcão estava a falar há uma data de tempo com o Diogo. Mais de quatro minutos contei eu, o que é sempre notável e de registo. (Cuida-te, ó Zé Guardado!)
O último, até agora, parágrafo refere-se já ao período pós-gala, quando a plateia se desfez em três:
1) a que ajuizadamente foi para casa;
2) a Oposição (ou o que sobra dela), que foi para o Black & White;
e
3) a Situação, vulgo corte de Dom Diogo, que foi tornar Orange a parte Red do bar Line do aniversariante Godinho.
Estive, por esta ordem, nos pontos 2), 3) e, finalmente, 1).
No sítio 2), sofri, como os demais, a decepção de ainda não ser desta que a Idália e o Pessa juntam trapinhos. A música estava um bocado alta, pelo que tivemos todos de comunicar por gestos como aquele doidinho intérprete do funeral do Mandela. Quando desconfiei que a minha mulher também queria tomar bebidas de adultos, raptei-a e desembestei com ela rumo ao sítio descrito em 3). Aí chegados, topei a tal conversação Henrique Falcão/Diogo Mateus. O Ricardo, filho do mui saudoso e querido Tó Silva, guitarr’electricanimava o maralhal, que era muito e, suspeito que também, inçado de jotas. O Pedro Pimpão pelo menos andava por lá, mas esse já não é jota, que a bananeira já lhe deu fruto mais alto. O melhor da festa foi o shot de Jameson que o grande, em todos os aspectos, Jorge Franco me içou aos beiços. À nossa mesa, presidia a beleza já duas vezes maternal da Raquel, belíssima moça que deu à boa senhora mãe dela, Lurdes Farinha, o desgosto de ter casado com aquele rapaz Freire da Cardal, mas pronto, bem diz o Povo que um mau passo pode dar uma boa mãe. (NB: também falei com o Presidente da Câmara – mas isso é “bitaite” para crónica, ou memória, futura.)

Nos finalmentes, permiti-me Vós que, da gala e do motivo dela propriamente ditos, retenha o que ouvi alguém em palco dizer: que “não é o meio que interessa, mas a credibilidade”. Cem por cento certo. E nisto acabo afinal chegando aos dois nomes maiores da noite: os dos jovens Jaime Pessoa & Rita Ribeiro, forças motoras de um projecto que, para já, merecem crença, estímulo e frequência. Aproveitando a “embalagem” das primeiras linhas desta crónica, à Rita & ao Jaime tenho tão-só a dizer que a boa-sorte, mesmo em Pombal, é coisa que se faz, não que se deseje. Atenção: o meio é adverso; o ambiente é avinagrado; isso por aí não é tudo gente boa. Mas vós sois. Por isso,

POMBAL TV, SAÚDE!

16 comentários:

  1. As tuas palavras quase que me levaram à Gala. Não estive mas tenho um excelente retrato.
    Parabéns à PombalTV mas parabéns à ti também.
    Abraço.

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  2. As tuas palavras quase que me levaram à Gala. Não estive mas tenho um excelente retrato.
    Parabéns à PombalTV mas parabéns à ti também.
    Abraço.

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  3. Para mais sorrisos, favor consultar: http://www.canildodaniel.blogspot.pt/2014/03/rosario-breve-n-348-in-o-ribatejo-de-6.html

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  4. Amigos e companheiros boa tarde. Li e com atenção. Deixou-me a pensar nas duvidas do Daniel que também são as minhas, vejamos:
    a) a PombalTV vem para nos mostrar exposições de bordados e surpreender os pombalenses de que a obra defronte aos correios é uma excelente ideia e no futuro sera o local aprazivel para homenagear Narciso Mota com estatua ou mesmo coisa mais pequena mas que fica no centro da cidade, e assim vai fazendo uns contratos de publicidade.
    b) a PombalTV coloca na sua grelha de programação semanalmente um espaço da responsabilidade do Farpas Pombalinas e e e pois sim é isso...........
    O Jaime e a Rita vêm de bom grado mas isto não é o que se quer é o que se pode.
    Na festa vi muita gente que não é da "casa" que foram muito bem recebidos, a "casa" tem um mordomo que sabe estar e receber bem, eu estou com ele e com as duvidas do Daniel.

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    1. Caro Samuel,
      acho que percebo. Espero (e desejo) que a Pombal TV possa ser o que, por exemplo, nem o Notícias do Centro nem o Pombal Jornal querem, e que a Pombal TV queira ser o que nem o Pombal Jornal nem o Notícias do Centro podem.
      Julgo ter sido claro.

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  5. hahahaha! Adoro a prose deste homem... Parabéns pelo retrato da gala! Beijinhos virtuais de Paris...

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  6. Bom dia
    Caro Daniel: a meu ver, fizeste uma excelente reportagem da gala aqui por esta janela , não está ao alcance de todos.mas o que escreves é uma coisa e a realidade é outra.

    Pergunto:
    As forças vivas são apenas aquelas que apresentas no texto? Onde está a cumplicidade dos empresários cá da terra com a Pombal TV? Foram convidados ou não? será que esta gala era apenas reservada aos órgãos de informação ?

    Um abraço de sempre

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  7. Bom dia
    Caro Daniel: a meu ver, fizeste uma excelente reportagem da gala aqui por esta janela , não está ao alcance de todos.mas o que escreves é uma coisa e a realidade é outra.

    Pergunto:
    As forças vivas são apenas aquelas que apresentas no texto? Onde está a cumplicidade dos empresários cá da terra com a Pombal TV? Foram convidados ou não? será que esta gala era apenas reservada aos órgãos de informação ?

    Um abraço de sempre

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    Respostas
    1. Meu caro,
      isto não é uma reportagem. É uma crónica.
      O que escrevo é real porque existe.
      A realidade ser outra - tem de ser outro a escrevê-la.
      Eu de forças vivas não percebo nada.
      De cumplicidades dessas, muito menos.
      O abraço é o mesmo.

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    2. Mais uma vez
      Quanto à crónica a especialidade é tua , não sou cronista nem jornalista !
      Quanto me refiro: "a realidade é outra " não é a realidade que viste e escreveste muito bem nesta janela, isso não está em causa, mas sim a realidade do espectro social que poderá servir de suporte à Pombal TV. ou seja: tudo o que vai para além do bairrismos Pombalino ,

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    3. Pois é uma boa questão, essa. A ver vamos. Tem tudo para correr bem, tem tudo para correr assim-assim - e tem o resto. O panorama sociopolítico pombalense é aquilo que todos sabemos. Não precisamos de concordar, muito menos à força. São jovens que tiveram uma ideia, fizeram dela um projecto e levaram projecto e ideia à prática. Já há mérito nisso. A ver vamos, enfim.

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    4. Boa tarde Daniel
      De facto há muito mérito nesta ideia, trata-se de um projecto muito arrojado, há que apoiá-lo, saber estar, saber fazer e cativar tudo e todos, muito para além dos bairristas, como nós.

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