Quando um rapazola (ou outra criatura), sem conhecimento
reconhecido numa determinada matéria, discorda e contesta publicamente posições
assumidas, em uníssono, por centenas de especialistas (ex-ministros,
professores catedráticos e prémios Nobel), estamos em Portugal, onde o patético
e o ridículo se tornou normalidade e a convicção e a fé são critérios de verdade.
Atualmente, somos matraquejados e conduzidos por criaturas convictas e com fé, por
epiléticos das ideias. Gente que despreza o conhecimento e o saber.
F. Nietzsche não fazia grande distinção entre estes fanáticos
dos partidos e os padres, nem entre convicções e mentiras. Afirmava mesmo que
“as convicções são inimigos da verdade mais perigosos que as mentiras”. A
convicção, tal como a fé, não tem qualquer preocupação em distinguir o
“verdadeiro” do “falso”, apoia-se em argumentos simplistas e
estúpidos.
Há muitas formas de estupidez. Musil fez uma "distinção entre
a estupidez honrada ou genuína e a desonesta ou
superior". Para ele, a "estupidez honrada resulta da limitada capacidade
intelectual de quem a produz, e não tem remédio. Pelo contrário, a estupidez
superior comporta uma cegueira interessada e interesseira. Alardeia saber tudo
sobre todas as coisas importantes da vida, quando de facto as ignora". "Não há
domínio em que não se infiltre, nem ideal, por muito nobre, de que não consiga
aproveitar-se. Pode ocasionalmente envergar as vestes da verdade. É uma doença
espiritual que opera com total desrespeito pelos demais, uma pretensão de
superioridade destituída de qualquer fundamento no conhecimento efectivo
daquilo de que se fala".
Mas o problema maior, como
diz Erasmo, é que "o povo gosta e quer ser enganado e está sempre pronto a
deixar o verdadeiro para correr atrás do falso" e porque em situações de
complexidade extrema nos tornamos vulneráveis à estupidez e os epiléticos das
ideias ficam com o caminho livre para impregnar convicções. Como diz L. Moura, "há poucas coisas mais poderosas que a estupidez que está na moda. E a sua difusão
está tão facilitada pelos meios de comunicação que ela dá a volta ao mundo
enquanto a lucidez acaba de calçar as botas".
Amigo e camarada Adelino Malho, boa noite.
ResponderEliminarNão sei a quem é que chamaste rapazola.
Mas fica-te mal não respeitares os argumentos dos outros, independentemente da sua idade, ou grau acadêmico
Redime-te
Pois ... Pois...
ResponderEliminarAssim fala Zaratrusca,!
As crenças falam mais alto ou os lugares que elas nos levam.
Amigo e companheiro Fernando Carolino, boa noite.
EliminarQuando te apanhar eu dou-te o Zaratustra.
Prometo-te que vais ficar grego.
Abraço, Grande
Bom dia
ResponderEliminarEste texto está bem conseguido e aplica-se perfeitamente aos políticos portugueses, vejamos: todos os políticos se julgam num pedestal, pertencem à casta superior,estão convictos do valor que não têm, irradiam simpatia que não têm nas campanhas eleitorais e sofrem sempre de amnésia após as eleições.
A provar as minhas afirmações estão, como por exemplo, as palavras trocadas entre Morais Sarmento e o " Ganda Noya ", dois comentadores da TV.