9 de julho de 2015

O Cotrofe e o seu regulamento "formal"


É sabido e notório que reina por Pombal alguma confusão entre os papéis que cada um deve desempenhar. Ficou claro isso mesmo nos últimos dois posts do Adelino Malho. E fica claro, para mim, em cada sessão da Assembleia de Freguesia de Pombal, essa lição que me vai ficar para a vida... 
Falta-nos muito espírito democrático, mas falta-nos sobretudo cidadania. Só isso explica a obsessão pelos rótulos partidários, pela colagem forçada, pelo fundamentalismo de discutir pessoas em vez de ideias. A verdade é que essa linha orientadora - que começa na pequena colectividade da aldeia e termina nos Paços do Concelho - chega a transformar-se num muro de cimento armado que impede tanta coisa boa de ver a luz do dia, tanto projecto de singrar, prejudicando todos em nome da teimosia de alguns.
O exemplo mais recente é o (tão necessário) regulamento do Parque de Merendas de Cotrofe, onde todos os caminhos vão dar, mal o sol espreita e o calor aperta. Está aprovado pela maioria social-democrata da Junta de Pombal. E podia ser um bom instrumento de gestão de um espaço público. Podia, mas não era a mesma coisa...
É claro que ficamos conversados a partir do momento em que um dos membros da bancada do PSD atira uma sentença como "nós não precisamos das outras bancadas para o fazer aprovar". Mas seria tão de bom tom como democrático ouvir os contributos que os membros das bancadas do PS e do CDS estavam prontos a dar. À conta dessa birra de poder, o Cotrofe vai ter/já tem um não-regulamento, com pérolas como "a marcação de mesas é feita presencialmente no próprio dia", "o funcionamento do bar (...) deve obedecer às melhores regras" ou - cereja do bolo - "só é permitida a marcação de mesas com antecedência no máximo de cinco, a grupos formais e informais; a grupos institucionais". Saibam os estimados leitores do Farpas que, de acordo com as explicações dadas na sessão da AF pelo executivo da Junta, são considerados grupos formais "por exemplo, os da catequese". 
Uma dor de alma, isto. Bastava ir ali ao lado ao Troncão, no limite da vizinha freguesia de Vermoil e a de Colmeias, para ver como é que se gere um parque com êxito. Naquela noite, na associação do Pinheirinho, garantiu-me a Junta que sim, que lá tinha ido, e que até copiou do modelo algumas coisas. Não consegui identificá-las, mas deve ser um problema meu, que ainda ando atordoada com aquele festão dos anos 80, no sábado passado...

3 comentários:

  1. Paula, o actual modelo e mentor do PSD ( Cavaco Silva) é aquele que raramente tinha duvidas e nunca se enganava ... está tudo dito sobre o pensamento dessa "seita". O Sá Carneiro deve andar as voltas no túmulo porque o seu PPD transformou-se assim numa coisa...

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  2. Muitas vezes almocei, em festas de aniversário e noutras ocasiões, no Jardim do Cerco, junto do Convento de Mafra. E nunca vi regulamento que fosse, nem tão pouco algazarras que viessem a acontecer por falta de regulamento. Qualquer pessoa chega a uma mesa livre e abanca, num mero exercício de senso comum que não obriga ao registo em regulamento de "marcar mesas presencialmente no próprio dia", até porque não existe qualquer funcionário a quem tenham sido atribuídas competências para proceder a registo de marcação. Existem funcionários sim, para zelar pelo jardim, cuidar dos fontanários, e fornecer as grandes pedras de xadrez aos meninos que queiram jogar no tabuleiro gigante do parque infantil. Também impedem o acesso a bolas para não haver acidentes com os meninos nos baloiços, e às mães com sapatos-agulha, para não danificar o chão sintético.
    Também há um bar, que obedece às regras próprias dos estabelecimentos comerciais que se dedicam à venda de café e derivados, pastelaria, refrigerantes e gelados. Se as "melhores regras" se referem à boa educação e urbanidade que cada um, em princípio, demonstra nestes estabelecimentos, não haveria necessidade de se fazer este registo em regulamento. Atitudes menos próprias e mais agressivas em locais públicos podem ser participadas às autoridades competentes, à luz da lei em vigor. Regulamentar estas situações não passa de um mero exercício de pleonasmo. Quanto à marcação com antecedência a grupos, como dizia no princípio, chegamos no local e abancamos o número de mesas necessárias, nomeadamente nas festas de aniversário. E não há disputas, pelo contrário, há convívio entre os convidados dos diversos aniversariantes. Certo é que a frebre regulamentadora tem sido um apanágio deste governo. Mas não estou preocupado. Abanco e pronto. E nunca lá vi "os da catequese", apesar de existirem vários grupos (volumes) logo ao lado, às quintas e aos domingos, no Convento de Mafra.

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    1. Há muito tempo que não via por aqui um comentário tão assertivo, de um anónimo.

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