3 de dezembro de 2017

A presidente c'est moi



A primeira reunião da Assembleia Municipal tinha tudo para ser cordial e simultâneamente inócua, atendendo à ordem de trabalhos, dominada pela eleição dos diversos membros para representar a AM (e a todos nós) em vários organismos. Já se sabe que, na sua maioria, aquilo servirá de muito pouco, mas já que é assim há tanto tempo (não é dr João Coucelo?) seria uma chatice mudar alguma coisa para tudo ficar na mesma.
Ora acontece que esta nova AM começa mal, partindo da (des)orientação dos trabalhos e da postura da nova presidente, Fernanda Guardado: bem sabemos que a tentação de imitar D. Diogo é grande, mas...como em tudo na vida, é preciso ter corpo para a mania. 
Foi arrogante ao mostrar uma enorme inflexibilidade na atribuição do uso da palavra aos membros da assembleia, nomeadamente  nas interpelações à mesa, colando-se aos tiques autoritários do presidente da Câmara. 
Fica-nos a dúvida: se o desempenho a que assistimos foi porque quis, ou porque não sabe mais.
É verdade que acordou tarde para a vida política, ainda assim já anda nas lides autárquicas há anos suficientes para perceber como se faz, como se honra o legado de Menezes Falcão, António Rocha Quaresma, Luís Garcia ou José Grilo Gonçalves, num passado recente. Fernanda Guardado foi parcial, porque tratou com toda a parcimónia a bancada do seu partido, e usou de toda a prodigalidade para com as bancadas da oposição.
O mais grave foi quando propôs – e foi aceite – a dispensa da votação de uma lista conjunta com o argumento de que, se era conjunta, seria aprovada por unanimidade. A votação de pessoas é sempre nominal e por voto em urna. Os partidos podem acordar uma lista conjunta, mas o voto é sempre nominal e secreto. E o resultado da votação só é considerado válido após a contagem dos votos em urna.
Em suma: mostrou que não sabe conduzir a assembleia. Tendo em conta que esta reunião (extraordinária) se limitava a cumprir formalidades habituais, o que será no futuro, quando a actividade política for a sério? 
Há ainda a manifesta insensatez na forma como tratou o caso JGF e inerentes ocupações desse lugar, mas esse é um caso que merece um post, de tão rico que é. 

1 comentário:

  1. Ha um secreto desejo de eliminar todas as votações, no sub-consciente laranja do momento.
    Nota-se nos tiques repetidos em todas as opprtunidades, com a frase não dita mas percebida: “então, nós é que mandamos, não é? Porque temos que vos aturar, suas criaturazinhas menores e esmagadas em urna?”

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