12 de abril de 2024

Canções de Abril #12

 


Em 1970 o jovem Hugo Maia Loureiro destacou-se no VII Grande Prémio TV da Canção Portuguesa. Nesse ano a RTP decidiu não participar no Festival da  Eurovisão, ainda mal refeita das expetativas goradas do ano anterior, com a Desfolhada de Simone de Oliveira.

“Canção de Madrugar” ficou classificada em segundo lugar, num concurso em que se sagrou vencedor Sérgio Borges, com o tema “Onde Vais Rio que eu canto”. Mas ficou no ouvido de todos o tema cantado por Hugo Maia Loureiro, um poema de Ary dos Santos, com música de Nuno Nazareth Fernandes.

Esta canção é uma obra poética, dividida em duas partes quase antagónicas. Na primeira, a alusão ao linho e aos nardos sugerem a preparar para algo sagrado. A segunda parte é marcada por uma entrega dolorosa, numa cadência de elementos negativos: nem 'choros', nem 'medos', nem 'uivos', nem 'gritos', ‘nem farpas nem farsas’…

A “canção de madrugar” termina sem a realização desse amor, mas com a persistência do desejo. O que à época foi um arrojo, e um desafio à censura. Ao longo dos anos muitas foram as versões que conheceu: Carlos do Carmo, Sérgio Borges, Conjunto Académico João Paulo, e mais recentemente Susana Félix, no projeto “Rua da Saudade”.

Foi banda sonora da série “E depois do Adeus”, da RTP, dedicada ao drama dos “retornados”.

Hugo Maia Loureiro morreu em fevereiro deste ano, afastado dos palcos. Canção de madrugar foi o seu maior sucesso. 

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