Pedra Filosofal, porventura por ser a mais ternurenta das canções de intervenção, tornou-se rapidamente uma espécie de hino de resistência contra a ditadura. Manuel Freire aproveitou a musicalidade do poema com o mesmo nome, de António Gedeão, publicado no livro Movimento Perpétuo, em 1956, para criar, em 1970, uma canção que entrou definitivamente na memória auditiva das pessoas e o catapultou para a fama depois da sua participação no popular programa de variedades Zip-Zip.
O poema de António Gedeão é uma ode ao sonho como força de transformação pessoal e da realidade. A repetição dos versos
“Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida.”
reforça a ideia de que muitos não reconhecem o poder dos sonhos. No entanto, a música celebra aqueles que compreendem
“que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança,
como bola colorida
entre as mãos de uma criança”.
Os ditadores não gostam de sonhos, mas para desgosto seu não os conseguem proibir. Manuel Freire, com a sua voz profunda e timbrada, acompanhado pela melódica sonoridade da viola, deu corpo e força ao sonho de mudança - coloco-o na mente das pessoas.
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