29 de janeiro de 2009

GO, GO que se faz tarde

Está em consulta pública o estudo de impacte ambiental do GO Shoping, essa faca de dois gumes que vai cortar a cidade ali perto do Castelo. Pode ser ser consultado na Agência Portuguesa do Ambiente, na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, na Câmara Municipal de Pombal e na Junta de Freguesia.
Da leitura do documento resultam duas coisas: Vem aí mais emprego. Mas vamos arrasar com o que resta da mata do castelo, que sucumbe a cada dia à falta de uma recuperação digna, como merecia. Como merecíamos. O que o estudo não diz - nem lhe compete, pois que isso deveria ser avaliado por quem aprova e incentiva - é que o avultado investimento que ilusoriamente criará mais de 700 postos de trabalho está condenado ao mesmo destino de todos os centros comerciais de Pombal: um abandono disfarçado a cada loja que fecha, a cada negócio que não resulta. É talvez o preço a pagar pela nossa centralidade, pela proximidade a Leiria e Coimbra, pela peculiar forma de estar e de ser dos pombalenses, sempre a desdenhar o que temos e a valorizar o que é do vizinho. E o problema é que nas últimas décadas faltou o rasgo, o engenho e a arte para contrariar essa tendência. Ainda se ao menos tivéssemos qualidade de vida. Ainda se houvesse um jardim. Um parque. Uma brecha por onde pudessem respirar avós e netos. E nós todos, fartos de escritórios, muros de betão e paredes de vidro. Mas não há. Nem se vislumbra que haja tão depressa, pois que no horizonte está tudo na mesma, como a lesma.
E não aprendemos nada com o Pombal Shoping. Ainda lhe acrescentámos as Galerias do Marquês. E As Jerónimo. Em qualquer um destes o exercício de apreciar a vitalidade do comércio é deprimente. Agora o castelo. Faltava o castelo. Era só o que faltava.

4 comentários:

  1. Quanto à falta de espaços verdes na cidade concordo plenamente e mais ainda concordo com a importância de reabilitar a mata do castelo.
    Quanto ao Centro Comercial (e abstraindo-me da localização) acho que é um bom projecto e que nenhum dos actuais centros comerciais da cidade terá capacidade para competir quando se tem Coimbra aqui tão perto. Mas este projecto parece-me mais capaz de fazer frente à concorrência dos grandes centros e pode dar uma nova vida à cidade. Talvez com lojas que não estejam condenadas à falência e que tragam de volta os pombalenses para fora de casa.
    Agora também não duvido que fosse melhor trazê-los para fora de casa, mas para a rua também e não só para mais um amontoado de betão e ferro a apelar ao consumismo em tempos que se dizem de crise e contenção.

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  2. Não sei explicar porquê (talvez devido às notícias dos últimos dias) ao ler GO Shopping vem-me à memória o Freeport, mas deve ser mesmo um efeito psicológico.
    Eu não discordo da construção do GO Shopping em Pombal. Talvez discorde da localização apontada, mas pronto, os entendidos em urbanismo e ordenamento que têm a responsabilidade de o aprovar (se os há) que decidam.
    Quanto à sua viabilidade económico, com toda a certeza que os promotores devem ter estudado esse aspecto. No entanto, custa-me imenso ver nascer um projecto desse género depois de ver as lojas do Centro Comercial do Cardal, Pombal Shopping, Galerias do Marquês e Galerias Jerónimo, fechadas e em degradação.
    Também duvide que tenhamos no novo GO Shopping investimentos de lojas "âncora", como a Zara e outras, quando estamos a escassos 20 minutos de Leiria e Coimbra. A ver vamos.
    Mas creia-me que este projecto tenha mais como objectivo rentabilidade imobiliária do que outra coisa qualquer. Para já, porque o proprietário do terreno quer é vendê-lo.

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  3. Do Resumo Não Técnico:

    "A sua elevada volumetria quer em termos de área ocupada quer em termos de altura, irá provocar uma significativa intrusão visual, degradando a actual paisagem envolvente ao Castelo de Pombal, tornando a presença deste na paisagem mais insignificante.

    Este impacte será negativo e de elevada magnitude. Relativamente à importância dos impactes, dado que a construção do GO! Shopping irá reduzir o destaque do castelo de Pombal na Paisagem, devido às elevadas dimensões do empreendimento comercial, considera-se que as perturbações serão muito significativas."

    Este impacte é uma verdadeira aberração, aqui perto existe um bem semelhante (apesar de proporções bem maiores!), o Estádio de Leiria.

    Só pela existência deste impacte a sua localização devia ser repensada e bem.

    É certo que muita gente anda desertinha para expandir Pombal por aquele vale acima, agora se pensarmos bem naquela área especifica, digam lá se não seria bem mais lógico "renascer" um antigo projecto do tempo do Guilherme Santos, um grande corredor (parque) verde do Castelo à Mata da Rola, com o devido aproveitamento desta, à semelhança da Mata do Castelo, enquanto área de lazer florestal.

    Sinceramente não vejo neste projecto melhor sorte que as anteriores superfícies comerciais do burgo. Não se trata de bota-abaixo mas sim uma realidade pura e dura. O pessoal queixa-se que cá não há nada e quando há vai comprar fora.

    Mas OK, vivó betão e especulação imobiliária!!

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  4. Lamento informar o SM mas um comentário desses já dava direito a um discurso do Sr. Presidente da Câmara para uns bons 45 minutos por ser bota-abaixo. É que já o fez na Assembleia Municipal, mas acrescenta sempre a tristeza que lhe dão todos os políticos em Portugal, que em 40 e tal anos de profissão nunca viu engenheiros tão pobres como os do Partido Socialista e que em Pombal ele vai continuar a ser o porta-estandarte do progresso pelo menos até se reformar para responder num livro a todos quantos o criticam.

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