10 de dezembro de 2009

Assim se pensa a política!

Não espanta ninguém que ande um bocadinho atento a estas coisas: o "nosso" João Alvim é homem que pensa a "coisa pública" com grande intensidade e profundidade. Bem diferente do político carreirista modal, desses que grassam (e grasnam) por aí.
Neste post, e de uma forma frontal, o João toca na ferida. Numa ferida aberta, que vem sangrando faustosamente há já muito tempo. Uma ferida que nos conspurca a todos.
Fica esta sugestão de reflexão. Não deixem pasar em claro. Porque afinal de contas, "o Carvalhal é nosso"!

19 comentários:

  1. Pois é, "o Carvalhal é nosso"! Espero que ele traga para os lados de Alvalade alegrias das quais já não estamos habituados a usufruir ;)

    Infelizmente estão em minoria as pessoas de valores e cujo objectivo é realmente contribuir para fazer mais e melhor pela sociedade onde vivemos. Mas o mais difícil é "sobreviver" à falta de escrúpulos daqueles que só querem um lugar que lhes dê poder, e não olham a meios para atingir os fins.
    Não se pretende que as pessoas sejam perfeitas, porque a perfeição não existe, mas que pelo menos tenham a noção de que não vivemos sós no mundo, sem o outro a nossa existência não seria possível. Somos um todo, e todos sofremos as consequências da forma como a sociedade é conduzida por todos nós.
    "A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular."

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  2. JA

    A questão cada vez é mais simples: nem todos podem mandar, nem todos podem ser ricos, mas ninguém tem de ser escravo e ninguém tem de sofrer sem, pelo menos, as suas necessidades básicas satisfeitas. O resto é uma sociedade que funcione, que proteja os fracos e que dê a possibilidade de todos poderem ter uma oportunidade de melhorar a sua vida. E para isso temos que ter os melhores a governarmo-nos. Aliás, temos de ser nós a escolher os melhores de nós. E exigirmos rigor, transparência, saber onde gastar para gerar mais para aumentar serviços ou saber onde não interferir para aumentar produtividade sem sacrificar direitos inalienáveis. No fundo, temos que saber que queremos uma sociedade de todos onde cada um tem de ser o seu lugar como cidadão respeitado e respeitável. O que cada vez se mais são usurpações de poder e bacoquice elevada à categoria de estratégia e visão. Os melhores reunem-se dos melhores, não de borrabotas que não os contradigam (a História ensina muitos exemplos desses, mas como em toda a actividade humana, apenas a dos vencedores conta ou então contam os pormenores para distrair a atenção do verdadeiramente importante).

    E neste momento, o que vive nos partidos é um aparelho parasita, incapaz de produzir ideias (cuidado que isso é perigoso e pode retirar lugares) e entregue a jogos de corte. E isso, sendo um perigo, permite a sobrevivência de um sistema podre onde já ninguém acredita que um culpado seja, pelo menos, responsabilizado.

    Esta ausência de valores, de referências (e cuidado com as chamadas a 1926) não se resolve com homens providências. Devia resolver-se usando como mantra o velho poema de Niemöller: (http://kthyktrine.blogspot.com/2009/01/martin-niemller-primeiro-eles-vieram.html). Sem uma sociedade civil que saiba que necessita mais do que as excitações de meia-dúzia de arruaceiros libidinosos, não caminhando para o abismo, caminhamos para uma sociedade que desiste de se tornar melhor fiscalizando-se repressivamente (Orwell e Phillip K. Dyck rejubilariam).

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  3. Agrada-me saber que ainda há quem vá ouvindo coisas boas! :)
    Não é exigível a perfeição, JA. Concordo contigo. Errar é humano, não é? Mas por outro lado... tanta imperfeição também já cheira mal. É demasiada humanidade para mim. E para o João, a avaliar pelo magnífico texto!

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  4. JA e Gabriel

    Como dizia uma vez o João André Coelho, tanta coisa na Política, substitui-se apenas por uma palavra: "Responsabilidade".

    Por isso, longe de procurar perfeições, tangíveis e intangíveis,antes que venha o nosso amigo RM com a sua quase infalível AAA desviar a conversa de onde ultimamente ela foi desviada: os princípios que norteiam a nossa actuação. A Política é uma arte. E há artistas que, longe de ser perfeitos, nos levam à exaltação do que é serviço público. Mas esses não são de massas, sabem que o papel não existe porque as pessoas gostam, mas porque precisam. Os outros servem para actuar num qualquer cabaré.

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  5. Eu acredito que temos cada vez mais pessoas interessadas em dar um bom contibuto na política, fazendo-o por gosto e não por necessidade de poder. Pessoas com ideias, vontade de trabalhar, noção da responsabilidade, exigem de si próprias um contributo positivo.

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  6. Temos. E depois temos aqueles que regurgugitam as cartilhas partidárias, que usam pálas na defesa do partido, que desprezam qualquer discussão ideológica e que rebatem ideias (quando sabem articular a palavra argumentos) com argumentos ad hominem. Normalmente também gostam de validar a qualidade das suas ideias em função dos décibéis em que as emitem ou, das duas umas, usam a técnica dos "judeus e do cozinheiro" ou o mais normal: és do contra, um oposicionista, bota-abaixista (também conhecido por medina carreirista ou qualquer pessoa que, tendo ideias, não é bem vista por outrém que tem ideias contrárias mas que prefere não as rebater mas sim minar a hipótese de uma discussão, do género, por exemplo, sei lá, considerar que todos os que têm uma ideia diferente são "iluminados"...)

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  7. Na minha modesta opinião (espero que não seja a única a tê-la, porque corro o risco de ser considerada do contra), quando todos estamos de acordo significa que não estamos a pensar "pela nossa cabeça", mas sim a deixar-nos levar pela "corrente". Ter ideias diferentes sobre um determinado assunto é a prova de que dedicámos algum do nosso tempo a reflectir sobre ele.
    Quem tenta descredibilizar aqueles que têm ideias diferentes das suas, em vez de argumentar válidamente, pode não ter capacidade para justificar as suas ideias, saber que elas nem sequer têm fundamento, ter medo que as novas ideias que surjam sejam melhores ou simplesmente recear perder credibilidade.
    Esses "senhores" que se julgam donos da verdade, no fundo nunca desenvolvem porque acreditam que já são os "maiores".

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  8. A técnica politica em voga é, cada vez mais, a técnica "do coice"...

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  9. Elucidativa imagem a propósito dos atributos de muitos dos actores da nossa arena. Mas a culpa é nossa de não exigirmos os melhores.

    Uma pequena reflexão: Churchill ganha a guerra, em nome dos Ingleses, e perde as eleições gerais logo de seguida (e ele bem sabia que a luta contra a URSS era uma inevitabilidade). Os ingleses não foram ingratos: aceitaram o melhor (ele não foi originalmente eleito, mas sim indigitado por Sua Majestade Jorge VI) para o tempo de Guerra e escolheram um melhor para o tempo de Paz, Atlee, capaz de lançar as condições para a reconstrução britânica. O que demonstra que o povo não é estúpido. Por vezes faz-se (como quando se esquece de que detém o último bom senso) mas sabe bem, perante duas escolhas, qual a que lhe faz menos mal. Pena é que a capacidade de a ver esteja a diminuir para o mero curto-prazo.

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  10. Estou como sabem aposentado... Isto refreia-me a actividade política no terreno da mesma maneira que me limita noutras actividades. (Já não oiço como ouvia, já não vejo como via, já não corro como corria, etc.)Mas não me aposentei de pensar. Leio, escrevo e penso, uso a inteligência que a natureza me deu da melhor maneira que posso e ainda não noto grande desgaste, salvo algumas fixações, um tudo nada maníacas, que os outros, que me ouvem ou lêem, não me perdoando a pretexto da idade, vão pelo menos tolerando.
    Posto este intróito, aqui vai o miolo do meu comentário. Era, nos termos em que se está comentando o post do João Alvim, (usando as palavras para dizer coisas que interessam e dizê-las de forma urbana e escorreita) que eu gostaria de ler os comentários do Farpas sempre que por aqui apareço. Infelizmente nem sempre é assim e eu acho que mesmo quando se faz "blague" e os amigos já viram que eu sou useiro e vezeiro em criticar e satirizar, pode fazer-se com correcção e sem entrar pelo insulto soez e gratuito. É pena que alguns pseudónimos (que eu acho em demasia mas compreendo por motivos óbvios) sejam usados para conflituar nem sempre com a desejada lisura. Não tenho autoridade nenhuma para isso, mas dá-me gozo dar os parabéns à JA, ao Gabriel e ao João pela forma elegante e lúcida como se interpelam mutuamente. Vocês são jovens aproveitem o melhor que têm e sacudam o jugo dos oportunistas que vêm ao nosso concelho exercer os seus mandatos prepotentes, a maior parte das vezes, e voltam aos concelhos das suas residências com a consciência tranquila. Estou a dar-lhes o benefício da dúvida: alguns não sei se ainda a têm.
    Saudações

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  11. Professor

    Agradeço a suas palavras, tanto que se há coisa que aborrece em Pombal é a quase impossibilidade do ir além do discutir pessoas (embora muitas vezes elas o mereçam por decisões/medidas reveladoras de carácter ou algo afim), sem se poder esgrimir argumentos que permitam construir algo melhor. É engraçado que o esmiúçar tenha entrado no léxico dos portugueses, mas que a mais das vezes nos contentemos com a repetição sistemáticas das figuras de referência sem nos darmos ao trabalho de perceber em concreto o que se discute.

    Por exemplo, eu sou um admirador confesso de Medina Carreira e várias discussões sobre a visão dele tive com o camarada aqui da casa Adelino Malho à volta de dois pormenores essenciais do raciocínio de MC: o diagnóstico (que não abdico de que seja o correcto) e as soluções apresentadas ou, melhor, as não soluções muitas vezes apresentadas. Mas não é por isso que o acho um catastrofista ou um pessimista. Valorizo quem pensa, ainda que de áreas diferentes das minhas ou de pressupostos ideológicos diferentes dos meus (por exemplo, que prazer em ouvir pessoas como o Prof. Adriano Moreira). A política tem uma componente de confronto de ideias (não de combate de ideias) que o inenarrável Guterres reduziu à indigência e ao conformismo e essas ideias são o pilar da participação cívica.

    Posto isto, e assumindo os meus defeitos, reajo mal quando me confrontam com actos sob pretexto de ideias ou quando me criticam uma actuação pelo valor da mesma mas não pelo enquadramento com princípios política e a consciência de quem a pratica. Já a confrontação com ideias é bem vinda. Abomino a cristalização esquerda-direita herdeira do Maio de 68 e convivo tranquilamente com muitos dos direitos individuais e de propriedade. A economia de mercado com um estado regulador, capaz de garantir a todos uma rede sem cair em assistencialismo e sem a necessidade de replicar legislação que serve para ser um gárgula é perfeitamente defensável nos dias de hoje. Não defendo o prêt-a-porter ideológico sob pena de, em última análise, achar-se normal coisas como o NSDAP, mas não tenho paciência para clubites partidárias e para alegadas diferenças ideológicas que se reduzem a uma alternância: estar ou não no poder.

    E como longo vai este comentário, é bom ter gente em Pombal que, comungando algumas ideias é suficientemente diferente, inteligente e interessante para desgarradas políticas. E sem medos de assumir que, para lá de qualquer filiação, há uma opinião própria. Com espinha, portanto.

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  12. Amigo e companheiro Nuno Gabriel, bom dia.
    Dizes:
    Gabriel Oliveira disse...
    A técnica politica em voga é, cada vez mais, a técnica "do coice"...
    Se entendes que é assim nada mais tens que fazer do que “manter a distância de segurança”.
    E a distância de segurança é de um metro e meio que é o alcance do coice da mula.
    Abraço.

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  13. Vou tentando manter mais do que o tal metro e meio...

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  14. Amigos e companheiros Nuno Gabriel, JA, João Alvim, Professor Maia de Carvalho e Rodrigues Marques (os comentadores deste post), boa noite.
    Não tenho tido tempo suficiente para comentar este post, do nosso companheiro Nuno Gabriel, intitulado “Assim se pensa a política!”.
    E porque entendo que é um assunto importante vou tentar ser conciso e preciso sem fugir ao assunto e sem o desconstruir.
    Todavia, antes, permitam-me transcrever uma notícia da Lusa sobre o “Presidente” de Cuba, não a nossa mas, mesmo, a das Caraíbas, sobre a cimeira climática que está a decorrer em Copenhaga e logo por Raul de Castro cuja ilha é recebedora líquida das emissões de CO2 que não faz porque, pura e simplesmente, não tem economia.
    Assim vai a política global.
    Copenhaga: Presidente cubano dá como facto consumado fracasso da cimeira
    13 de Dezembro de 2009, 17:59
    Havana, 13 Dez (Lusa) - O presidente cubano, Raul Castro, deu hoje como facto consumado o fracasso da cimeira sobre o clima da ONU em Copenhada quando falava na inauguração da cimeira da Aliança Bolivariana (ALBA).
    Referindo-se à cimeira de Copenhaga, Raul Castro declarou que "já se sabe que não haverá acordo" e que terminará nos próximos dias com uma simples declaração política.
    O mandatário anfitrião da cimeira da ALBA, a decorrer em Havana, lamentou a ausência do deposto governante hondurenho Manuel Zelaya no encontro e criticou os Estados Unidos, considerando que Washington continua a considerar a América Latina como o seu pátio das traseiras e quer continuar a dominar a região "a qualquer preço".
    Comecemos, então.
    Companheiro Nuno Gabriel,
    É público e notório que o nosso companheiro João Alvim pensa “a coisa pública” com grande intensidade e profundidade.
    Mas pensa!
    E os que tu dizes que grasnam fazem.
    E o que é tangível é o que é feito e o intangível é o que se diz que se vai fazer, inconsequente.
    Amiga e companheira JA,
    Desculpa, mas tenho que pegar por alguma.
    Tu dizes que, infelizmente, estão em minoria as pessoas de valores…
    Estou perfeitamente de acordo contigo.
    Os ricos são cada vez menos e os pobres são cada vez mais.
    Coisas deste Governo.
    Os socialistas são assim: Nivelam por baixo… e
    não olham a meios para atingir os fins.
    Dizes: Esses “senhores” que se julgam donos da verdade…
    Aí, alto e pára o baile porque a ideia é minha e…
    as palavras são tuas.
    Companheiro João Alvim, vamos à coisa.
    Que eu saiba “ninguém é escravo de ninguém”, mesmo que intelectualmente.
    Aponta casos concretos.
    O “escolher o melhor de nós” também tem a ver com a disponibilidade de cada um.
    Sabes que a capacidade de liderança é um dom nato e que um líder forte reúne-se de fortes e não de borrabotas, como afirmas.
    Se pretendias atingir o Engº Narciso Mota ficas a saber, já sabias, que ele é um líder forte, rodeado dos melhores dos fortes.
    Dou de barato aquela do aparelho parasita, ou dos parasitas do partido.
    Quanto ao abismo, já aqui escrevi, que um Presidente do Brasil um dia disse:
    - Estamos à beira do abismo. Demos um PASSO EM FRENTE.
    Responsabilidade!?
    Liberdade com responsabilidade.
    Quanto aos decibéis.
    É-o porque os socialistas são duros de ouvido.
    Amigo e companheiro Professor Maia de Carvalho,
    Estou perfeitamente de acordo contigo.
    Aconselhas aos jovens que “sacudam o jugo dos oportunistas que vêm ao nosso concelho…”.
    Onde é que eles estão? Quantos são? Quantos são?
    Quanto ao âmago da questão publicada por João Alvim no Blog O Homem do Leme, respigo:
    “Quer isso dizer que não há esperanças? Não, longe disso. …”
    Há esperança, há futuro e há presente.
    E o presente é mesmo presente.
    Abraços.

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  15. Eng,

    No que a mim me "toca", escusa o PSD de enfiar toda a carapuça, mas ainda bem que o reconhece. E sobre o Eng. Narciso Mota, que posso atingir de mil outras formas nem mais directas, qualquer defesa, sua ou de outros, não é mais que cortina de fogo... é o que dá quando as tácticas são já demasiado conhecidas.

    Quer mesmo exemplos de quantos perante o poder ou os seus acólitos dizem e agem de forma diferente, esquecendo críticas (muitas certeiras outras vezeiras)? Vamos fazer uma praça pública para autocríticas? Não obrigado, a minha consciência basta-me. Já é valor raro neste mercado.

    Não percebo o reforçar a dicotomia pensar/fazer. Que eu saiba até 1993, também o PSD o pensou e depois o fez, ou desqualifica-se o pensamento apenas porque não pode ser executivo? Muito estratégico, sim senhor, digno dos anos 30 e de uns meses do ano de 1975.

    No resto, lamento não o ver a abraçar essa esperança feita de responsabilidade e de liberdade.

    De qualquer forma, permita-me o abraço.

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  16. Companheiro João Alvim, porra (pau em Espanha),
    assinei por baixo os teus votos de esperança no futuro e vens tu, agora, dizer que eu não a abracei.
    Fique triste.
    Quanto ao pensar/fazer, voltamos à mesma.
    Saber ser.
    Saber saber.
    Saber fazer.
    Abraço.

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  17. Quanto ao pitoresco, é, realmente difícil bater o nosso Pombal profundo que o camarada Rodrigues Marques, tão bem, sabe trazer à luz da superfície. Só mesmo as mulas de Pombal para darem coices de metro e meio! Ou mais...

    No que respeita às questões de fundo, parece-me que aí em Pombal, apesar de tudo, há um excelente grupo de debate. Creio, aliás, que se não se perder, será, mais tarde ou mais cedo, um excelente grupo de acção que ajudará a fazer um Pombal melhor. Basta que a ironia de Brecht seja isso mesmo, ironia. Não precisam de mudar de povo. Só precisam de ser e saber personalizar o povo, mudando e transformando o modo de comunicação de forma a alargar o debate a todos e introduzindo outros temas que mobilizem a sociedade para a mudança. Insistam na construção dos vossos perfis pela via do estudo, da competência profissional, da independência intelectual e financeira – sim, é fundamental ter de comer para se poder ser livre de dizer sempre o sim e não e de se voltar para casa ou para a lavoura. Podem outros, usar o aparelhismo e insuflar os currículos de vaidades, aparecendo sem quê nem porquê em lugares de destaque, que se não tiverem outros atributos e competências não acrescentam nada ao bem comum e não passarão de figuras de estilo e de publicidade enganosa.

    Por isso, como diz Virgílio Ferreira:

    Só nos Pertence o Gesto que Fizemos

    Só nos pertence o gesto que fizemos
    não o fazê-lo como, iludida,
    a divindade que em nós já trouxemos
    supõe errada (e não) por convencida.

    Porque o traçado nosso em breve cessa,
    para que outro o recomece e não progrida;
    que um gesto em ser gesto real se meça,
    não está em nós fazê-lo, mas na Vida.

    Assim o nada a sagra quando finda
    porque o que é, só é o não ainda.

    Vergílio Ferreira
    In Conta-Corrente1

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  18. Engenheiro

    Espero ver o dia em que abraça a esperança da responsabilidade em liberdade composta por aqueles que, com mais ou menos decibéis, pensam, fazem e, acima de tudo, se ajudam.

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  19. Caro Rodrigues Marques, concordo plenamente os pobres são cada vez mais...pobres de espirito, pobres em ideias, pobres em dedicação, pobres em competência, pobres em sentimentos, pobres em coragem. E isto não são coisas do governo, nem têm a ver com partidos, mas sim com pessoas, com a sociedade! Conheço pessoas dos diferentes partidos que têm exactamente em comum o facto de "não olharem a meios para atingir os fins". E quando refere que a "ideia é sua", espero que não esteja de algum modo a tentar dizer que eu não tenho ideias próprias.

    Caro Professor, agradeço o facto de nos felicitar por aquelas que são as nossas sinceras opiniões. Porém, cometeu um grande erro ao colocar-me ao nível dos camaradas Gabriel e João Alvim, ainda tenho que "comer muita sopa"...mas se depender de mim, empanturro-me em sopa para conseguir contribuir positivamente para o nosso concelho.

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