9 de julho de 2010

Morcegos expiatórios

É uma espécie que faz furor em Pombal. Não há tantos aerogeradores como devia haver, a culpa é dos morcegos. Não vai haver estrada alternativa de acesso à pedreira (pelo menos aquela que foi apresentada) e a culpa é dos morcegos. Arre para a espécie que, de tão única, até faz ninhos. Mas só em Pombal. É óbvio que, nem num caso nem outro, o factor determinante se prende com os morcegos, sendo natural, contudo, que sem fundamentalismos, se proteja a natureza - sempre com conta, peso e medida (para evitar coisas como mortandades de peixes ou lagos estagnados para "embelezar" a cidade).

Mas o factor determinante no caso da estrada de acesso à pedreira - uma necessidade, na qual a Assembleia de Freguesia de Pombal, em bloco, se tem empenhado - tem a ver com debilidades do projecto, como a consulta ao parecer prévio, também da responsabilidade do ICBN, esclarece: é que de 7 conclusões, apenas 1 se refere expressamente a morcegos e as restantes falam na falta de alternativas ou de dados concretos para uma proposta positiva. Na acta da reunião da CCDRC, onde se junta a ARH, o responsável é claro: falta dados para apreciar o projecto. Mas mais uma vez é mais fácil querer atirar a responsabilidade para os morcegos que para quem não fez o trabalho de casa.

Note-se mais uma vez: a estrada que retire os camiões de passar pelo Barrocal e Caseirinhos é uma necessidade. É o descanso e a segurança das pessoas que o determinam. É também um gigantesco quebra-cabeças onde nem todos os interesses em jogo poderão ser salvaguardados e onde terá de ser feita uma ponderação de valores. Obviamente que havendo mais alternativas, menos difícil se torna uma escolha. Ou pelo menos que a alternativa equacionada esteja devidamente fundamentada. É que assim é fácil escolher alvos como os morcegos.
PS: Quem estiver interessado em ler o parecer, é só pedir-mo por mail.

11 comentários:

  1. Deixou de haver uma politica para as pessoas. Catalogaram-se como intocáveis as pedreiras (não serão elas próprias prejudiciais aos morcegos?), os próprios morcegos, e portanto sacrificam-se as pessoas, que aparentemente têm um estatuto menor.

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  2. Se a pedreira é assim tão importante porque não nos dizem quais são os impostos e mais valias para o orçamento da Junta e/ou da Câmara. (Em milhares de €) O lucro da pedreira para a Empresa Exploradora. (Em milhões de €)
    Como vai ser feita a reposição da paisagem? A expensas de quem?
    Façam os trabalhinhos de casa e deixem os morcegos em paz.
    Deixemos-nos de "inocências".
    Saudações

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  3. No comentário acima, onde se lê "deixemos-nos" deverá ler-se "deixemo-nos".
    As minhas desculpas pelo lapso.
    Saudações

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  4. Era por aí que queria ir, professor: não sou a favor de se incomodarem os morcegos. Mas acho é que, sendo a raça humana tão criativa, deve haver uma alternativa que agrade a todos. Tem que se trabalhar para se encontrar essa alternativa!

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  5. Caro João Alvim, sabes onde posso encontar esses tais morcegos? Precisava de alguns exemplares, aqui para os lados do Casalinho, a ver se conseguia retirar daqui o Centro de Meios Aéreos. É que o barulho daqueles "chaços" que aqui colocaram incomoda um bocado....
    Abraço.

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  6. Companheiro Sérgio Gomes, boa tarde.
    Penso que te posso ajudar.
    Há muitos anos que tenho, em minha casa, um casal de inquilinos.
    De entre os vários visitantes de Biscarrosse que têm passado por minha casa, esteve lá um casal que me questionou que barulho era aquele que se ouvia, num dos serões que passávamos em amena cavaqueira.
    Fui em busca de um dicionário (português-francês) e disse-lhe que era um casal de chouettes, mais os seus filhotes.
    Vi-me grego para os convencer que era verdade.
    Assim sendo e como os inquilinos ainda lá estão, apesar de não pagarem renda, posso conversar com eles a ver se eles estão disponíveis para te ajudarem.
    Todavia, apesar de não ter nenhum campanário, sei que as corujas habitam, normalmente, neles.
    Trata disso.
    Logo mais, à noite, vou abrir as conversações com o “meu” casal de corujas.
    Disso te darei notícias.
    Abraço.

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  7. Sérgio

    Não sei se os morcegos te bastavam. Aliás, por aqui não tem sido por causa deles que não se têm deixado de fazer coisas. O que talvez te ajudasse era outros perceberem que as obras devem ser sempre devidamente enquadradas na zona onde são feitas e que as populações afectadas devem perceber quais são as contrapartidas. Moral da história: o bicho-Homem é bem capaz de fazer muito pior que o desgraçado do morcego expiatório...

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  8. Companheiro Rodrigues Marques, acho que vou optar pela solução das "chouettes". Parece-me mais fácil convencer uma "chouette" do que determinadas pessoas...Como diz o nosso conhecido Octávio Machado..."Vocês sabem de quem é que eu estou a falar" :)
    Abraço, para si, para as suas "chouettes" e para o J.Alvim, que obviamente tem razão...

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  9. Essa protecção, e particular valorização dos morcegos, terá alguma coisa a ver com as inequívocas parecenças operacionais que um dos vereadores tem com esta nobre espécie animal?

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  10. Olá!
    Será que os vereadores também são uma espécie em extinção?

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  11. Caro Amigo Grilo , claro que não estão em extinção. Enquanto houver a crise e os vencimentos dos Vereadores forem muito superiores ao que se pode ganhar ca fora, vão sempre existir centenas de "jovens" com ambições a esse cargo.

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