1 de julho de 2010

Porque morrem os peixes?


Chegou-me aos ouvidos que andam a morrer peixes no rio Arunca. A novidade, para mim, está no facto de ainda haver peixes no Arunca! A nossa autarquia, para além de não saber como resolver o problema da poluição no rio, tem investido em obras avulso, completamente descabidas. Uma das que mais problemas tem provocado, principalmente à fauna e às culturas ribeirinhas a jusante da cidade, é a represa que foi construída com o intuito de criar um lençol de água para embelezar a cidade, dando a ilusão que o rio está de boa saúde. Ora, parece que a causa da actual mortandade de muitos dos corajosos peixes que ainda teimavam em viver no Arunca é, precisamente, a existência dessas comportas.

Senhor Presidente da Câmara: se é verdade esta história, como tudo indica, ponha a vaidade de lado e resolva, rapidamente, o problema. Crimes ecológicos desta natureza envergonham-nos a todos! Como pombalenses e como cidadãos conscientes.

18 comentários:

  1. O Sr. Eng. disse ontem na terra dos GAULESES, que não viu qualquer peixe morto. Vamos fazer um peditorio para uns oculos novos....LoooL

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  2. E vivo? será que viu? Vai-se a ver é tudo invenção dos fundamentalistas ecológicos (é assim, não é?), a queixa na GNR não existe e a Câmara de Soure anda contente com Pombal.

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  3. Mas é preciso muita àgua para alimentar aquele jacto que se vê na foto, ao fundo, autêntico monumento à virilidade pombalense. Poucas coisas neste país apontam mais "para cima"! Consta-se que não foi nada barato!

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  4. Então as carpas(mortas) que vi, eram de plástico? E o cheiro nauseabundo no Sábado passado, junto ao rio em Almagreira, não foi de nenhuma descarga da ETAR, mas sim dos "gases" dos peixes?

    E as pessoas que estavam na segunda-feira passada no posto da GNR para fazerem queixa, eram o quê? Actores contratados pela oposição?

    Sr. Presidente se não viu peixes mortos é porque não foi ao local! Ou então anda a ver mal a coisa...

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  5. Tal como as pessoas, há os que morrem de morte natural, os que se suicidam e os que são assassinados... É um espectáculo degradante assistir ao suicídio de um peixe!
    Saudações

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  6. Só para corrigir um pouco o Roque. O Sr. Presidente disse que tinham morrido peixes, mas que tinham sido "pouquinhos".

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  7. Faz sentido: não devem haver muitos no Arunca!

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  8. Amigos e companheiros, bom dia,
    e, particularmente, tu Adérito Araújo.
    Tu és testemunha viva, como eu também sou, de nos nossos tempos de meninice, chover copiosamente dias a fio.
    Ainda te lembras, como eu me lembro, do campo de futebol estar dias e dias coberto com meio metro, ou mais, de água que transbordava do rio.
    Ainda te lembras, mesmo no pino do Verão, do Rio Arunca levar um caudal de água considerável.
    Ainda te lembras (já aqui o escrevi) de apanharem lampreias e outros bicharocos junto à ponte, com um chapéu de chuva.
    Não te lembras, como eu também não me lembro, do Rio Arunca ser navegável até S. José (com os barcos de então).
    Albergaria nasceu da necessidade dos mercadores e dos nobres passarem a pé do Estuário do Mondego para o Estuário do Tejo nas suas viagens por via fluvial (é uma teoria defensável).
    Repara que o nosso caminho de ferro foi construído ao lado dos rios. Transporte de materiais e trabalhadores por via fluvial?
    Sabes que nos anos sessenta, aquando dos trabalhos no túnel de Albergaria o caudal de água que por ali anda em cima do barro foi desviado para o Estuário do Tejo.
    Sabes que o vertente que divide os dois estuários divide, também, as águas em profundidade.
    No nosso lado não há água (o Dr. Pureza tem isso muito bem estudado).
    Do lado Sul há todos os furos artesianos que quiseres. O Restaurante que está junto à Estação da CP de Caxarias tem um furo artesiano na sua sala de refeições.
    Assim, não entendo qual é a responsabilidade do Engº Narciso Mota em não chover, em os níveis freáticos estarem cada vez mais fundos.
    E tens que reconhecer que este Executivo, mesmo não sendo da sua competência, tem acarinhado o Rio Arunca como o Estado não o faz.
    Adérito, bater por bater, como na teoria da água mole em pedra dura…
    está provado que não colhe.
    Mesmo assim, abraço mas pequenino

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  9. De acordo a 100% com o Rodrigues Marques.
    Saudações

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  10. Amigo e companheiro Maia de Carvalho, boa tarde.
    Obrigado.
    Apesar do nosso conterrâneo Ricardo Vieira ter agarrado neste assunto no livro “Albergaria - As partes e o todo” a história está por contar.
    Reconheço quão difícil é agarrar em tal empresa.
    Num destes dias fui encontrar uma cena que me reportou aos finais do anos cinquenta.
    Trabalhadores de uma empresa de manutenção da via férrea estavam (estava um), junto ao nosso campo de futebol, a aquecer as marmitas do almoço dele e dos seus companheiros tendo, para isso, feito uma fogueira com lenha que recolheu localmente.
    Nos anos cinquenta, aquando dos trabalhos no túnel do comboio, os “cozinheiros” (havia, também águeiros) faziam fogueiras com 5 e mais metros de comprimento, com cerca de 20 centímetros de largura, e colocavam, de um lado e de outro da fogueira, pequenas panelas de ferro fundido de 3 pernas.
    Cada fogueira comportava cerca de 50 panelas.
    Cada operário tinha preparado, antes de ir para o trabalho, o conteúdo da sua panela (o seu almoço).
    O “cozinheiro” limitava-se a fazer a fogueira, a mexer a panela e pouco mais.
    Conta-se a história de um “cozinheiro” que à procura de “mimos” mexia a panela dizendo:
    - Passe lá senhora batata, passe lá senhora couve, passe lá senhor toucinho,… olá senhor chouriço. O senhor está preso.
    Tempos difíceis estes.
    Abraço até que um universitário tenha a boa lembrança de fazer o seu doutoramento com a vida vivida dos nossos avós e o publique para memória futura.

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  11. Caros,

    Peço desculpa mas sempre pensei que, em Pombal, o Eng. Narciso Mota também decidia sobre a chuva e a profundidade dos níveis freáticos. Mas, não é disso que se trata. A questão tem mais a ver, pelo que me constou, com decisões de abertura ou fecho de comportas. Ou será que as comportas também são da competência divina?

    Grande abraço,
    Adérito

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  13. Eh pá, Gabriel,

    os peixes de certeza que não morrem por causa da gaita (viril) lançar seus fluidos para o ar. Bem pelo contrário, é uma forma de fazer circular de contribuir para a sua oxigenação e limpeza aliviando (a água)das suas impurezas.

    Este ano foi um ano excepcional de chuvas e o caudal até está acima do que vem sendo costume e, como há menos regas, os nitratos e pesticidas das escorências devem ser bem menores do que antigamente.

    A represa só será a causa da mortandade se não tiver sido acautelada a passagem do chamado caudal ecológico, o que não creio. Os Serviços da Câmara e da Direcção Regional do Ambiente não deixariam de acautelar esse caudal.

    Há trinta ou quarenta anos, havia verões em que rio ficava quase seco, mas a água dos fundões (“bajanques”) assegurava a sobrevivência dos barbos, das bogas, das tainhas, das enguias e das lampreias de que era um exímio pescador. Segundo estudos feitos o Adelino Leitão, seguindo a tradição familiar de os pescar, se necessário, à dentada. Nas valas e nos poços feitos de troncos havia milhares de ruivacos, que se pescavam com moscas, minhocas ou miolo de pão, e que hoje, quase só sobrevivem no Guadiana. Eram,e são, espécies adaptadas aos regimes do caudal dos rios mediterrânicos. Portanto, penso que se deve procurar a causa noutro lado, especialmente nos dejectos industriais e domésticos lançados ao rio.

    Para mim, o espelho de água beneficia, e muito, a paisagem urbana de Pombal e ameniza o estio. Até a fotografia me repousa, me conforta a alma e me faz sentir mais fresco. Por causa dela não podendo estar aí, imagino-me como Al Mut Amide - Poeta e Rei do Al Andaluz - numa curva do Arade, que atravessa Silves.


    Evocação de Silves

    Eia, Abû Bakr, saúda os meus lares em Silves
    e pergunta-lhes se, como penso,
    ainda se lembram de mim.

    Saúda o Palácio das Varandas,
    da parte de um donzel
    que sente perpetua nostalgia desse alcácer.

    Aí moravam guerreiras como leões,
    e brancas gazelas
    - em que belas selvas, em que belos covis!

    À sua sombra, quantas noites passei
    com mulheres de quadris opulentos
    e de aparência extenuada!

    Brancas e morenas
    provocavam-me na alma
    o efeito das espadas refulgentes
    e das lanças escuras!

    Quantas noites passei,
    deliciado, numa volta do rio,
    com uma donzela cuja pulseira imitava a curva da corrente!

    E servia-me o vinho do seu olhar,
    e o vinho do jarro,
    e outras vezes o vinho da sua boca.
    Assim passava o tempo!

    Feridas pelo plectro,
    as cordas do seu alaúde faziam-me estremecer,
    e era como se ouvisse a melodia das espadas
    nos tendões dos peitos inimigos ...

    Ao despir o manto descobria o corpo, florescente ramo de salgueiro,
    como o capulho se abre
    ao exibir a flor…

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  14. Caro Jorge Ferreira,

    A síndrome da construção de repuxos foi um mal que afectou alguns autarcas do PSD. Se não me engano, a repuxite começou a atacar em Mirandela, propagou-se pelo país e, infelizmente, chegou a Pombal. Até em Coimbra se chegou a falar nisso, quando o Santana Lopes concorreu.

    Eu não sei se esses autarcas foram contaminados nalguma das viagens que fizeram a Genebra. O que sei a probabilidade dessas coisas acontecerem é grande. Lembro-me do actual presidente da Câmara ter falado na construção de um teleférico em Pombal depois de ter visto um a funcionar muito bem em Barcelona! Felizmente não foi ao Oceanário pois, nessa altura, poderia vir com outra ideia magnífica, desta vez para rentabilizar o castelo. Bem... nesse caso, ainda poderia haver alguma safa para os tristes peixes do Arunca.

    Caro Jorge Ferreira, o repuxo é caro e inútil. Quanto ao lençol de água, até seria capaz de partilhar do teu bucolismo se o Arunca fosse um rio saudável e acarinhado pelos pombalenses.

    Grande abraço,
    Adérito

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  15. Jorge,
    Eu não disse mal do repuxo. Acho até muito dignificante. É uma coisa "macha"! Só que eu, no meu mau feitio, não sou muito sensível a ela! :)

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  16. Amigo Jorge Ferreira, estive a semana passada em Silves, e publiquei no "Blogue do Maia de Carvalho" uma foto dessa poesia, colhida in loco e que muito me comoveu.
    Saudações

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  17. Os peixes morrem porque...a estupidez do ser humano é cada vez maior, não respeitando o ambiente, nem os seus semelhantes, nem qualquer coisa a não ser o seus próprios interesses?

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