29 de outubro de 2009

Vamos ao teatro


Aceitando o repto do Filipe Eusébio, fica, mais uma vez, a sugestão de assistir ao espectáculo "O que não vi", criado a partir do livro de Javier Tomeo, "Histórias Mínimas", que o Teatro Amador de Pombal leva a cena este fim-de-semana (sexta e sábado), no Teatro-Cine, pelas 21h30.

O bilhete custa apenas 2 euros! Como curiosidade, deixo aqui um dos textos desse excelente livro.

11 comentários:

  1. Quem acaba de ler o texto sugerido pelo camarada Adérito Araújo e tenha a possibilidade de assistir ao espectáculo vai ficar fascinado com a forma como ele é apresentado.

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  2. Obrigado Adérito por, novamente, ajudares a dar conhecimento das actividades do TAP.

    Como alguns saberão, neste momento a minha participação no TAP é muito reduzida, no entanto é-nos impossível abandonar a “casa-mãe”, o espaço onde, literalmente, cresci e fui vendo o mundo a rodar… Tento agora voar noutros bairros, uns mais próximos, outros mais distantes. No entanto, nunca deixo de pensar se um dia será possível Pombal ter uma estrutura profissional de teatro (ou outra área artística). Será que existirá lugar em Pombal para este tipo de organismos? Algum dia? Como (talvez) diria R.Marques: “Só no dia de N.Srª. da Boa Morte…”
    Observo as coisas de outra perspectiva: talvez Pombal NECESSITE de estruturas como essas. Para o desenvolvimento cultural de Pombal não será necessária estrutura profissionalizada, para desenvolver a visão das artes não como um “luxo”, mas como um bem fundamental para o desenvolvimento da nossa personalidade enquanto crescemos e uma constante observação do (nosso) mundo quando somos adultos?
    Claro que o papel das associações pombalenses tem sido fundamental. A possibilidade da prática das mais variadas actividades artísticas é um meio para atingir estes objectivos. Sem elas, imaginem o que seria o dia-a-dia do concelho… Mas estruturas culturais podem ter um alcance ainda maior, promovendo projectos que as associações, por muito que queiram, não têm disponibilidade temporal. E, para aqueles que sempre que pensam nestas coisas pela face do reconhecimento externo, pensem se observariam da mesma maneira vilas e cidades como Tondela, Palmela ou Campo Bemfeito se não existissem Acert, O Bando ou Teatro da Serra de Montemuro.
    Observamos o apoio à criação de companhias nos mais diferentes concelhos, até neste nosso distrito. Será que Pombal algum dia terá condições? Ou será necessária uma estrutura cultural para criar essas condições? Seria importante saber as mais diferentes opiniões…

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  3. Filipe

    Seguramente que tu, mais do que eu, tens a noção do que ainda falta fazer cá para criar hábitos culturais a padrões, digamos, razoáveis. A questão passará sempre, e penso que a expressão é tua por "diversidade, regularidade e qualidade". Felizmente há quem nunca baixe os braços e se preocupe, sendo certo que falta uma política cultural em que os políticos, em bom rigor, tomam as decisões que têm de ser tomadas em função do trabalho de quem está em campo. Deixar aos políticos o ónus de definir e aplicar a política cultural de um dado espaço é meio-caminho andado para o dirigismo absoluto.

    Acho que isto passa por criar condições, envolvendo lógicas de mecenato (em que as autarquias devem ser facilitadores de contactos e, por vezes, logística) que contribuam para criar "marcas" como o Acert. O facto de ainda termos um Festival de Teatro com dimensão é bom sinal, mas fica a sensação de que há muita estrutura física que depois é desaproveitada.

    Seria bom, mas corrijam-me se não fizer sentido, ter um programador cultural (de preferência recrutado por mérito e não por cartão) que pensasse na melhor forma de ocupação dos espaços culturais e que ajudasse a criar hábitos culturais mais diversos, tendo sempre como base a regularidade.

    Depois é sempre a questão da imagem, da marca das terras. Seia tem um festival de documentários, Vila de Conde de curtas e por aí adiante. São exemplos de cinema, eu sei, mas mostram outras imagens de marcas de uma dada terra. Podia voltar à carga com os Templários (mais isso fica para depois), mas as migrações não poderiam justificar um festival de cinema, quem sabe com o "alto patrocínio" da UE.

    Em suma, política cultural com objectivos definidos - criar hábitos assentes em regularidade, qualidade e diversidade; um programador cultural e perceber qual o potencial cultural da terra para vender uma imagem. Complicado? Se não se ouvirem as pessoas que mais estão envolvidas, seguramente que sim.

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  4. Bom Dia!
    Caro Filipe!
    Permita-me que o informe de alguns factos que o podem ajudar na resolução dos problemas do TAP.

    O teatro apareceu depois de Abril de 1974, em Pombal, pela mão e sabedoria do Sr. seu Pai e com o apoio incondicional da Sra. sua mãe. Esta actividade era tida como uma actividade comunista e, como tal, não tinha apoio de ninguém. Quem apoiava o TAP era críticado. Eu fui muitas vezes críticado por lhes carregar os cenários e os transportar para os diversos locais de actuação.

    Fazer teatro ou ver teatro é uma actividade cultural, não se compra e não se consegue impôr a ninguém, em suma: só vê ou faz teatro quem gosta ou quem têm o seu ADN carregado de cultura teatral, tal como o Sr. têm.

    Posso dizer-lhe que as poucas peças que vi, gostei muito, ainda as tenho na memória.

    Com as pessoas da minha idade não vale a pena insistir para que aprendam a gostar de teatro, quem gosta gosta mesmo, não consegue acabar-lhes com o estigma de que se trata de uma actividade comunista, é mera perda de tempo e recursos.
    Neste pressuposto, que os adultos não entendem o teatro como cultura, semeie para colher, arranje peças de teatro para crianças para as ensinar a gostar desta actividade, culturalmente rica.

    Quêm vê teatro uma vez e gosta, o bichinho fica lá, trata-se de uma aprendizagem cultural irreversível.

    Só depois de lançar as sementes conseguirá assitências capazes de convencer os adultos a subsidiar a sua apaixonante actividade cultural.

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  5. Caro Dboss
    Em relação ao Tap, sem dúvida que o passado teve essa carga. A memória faz parte de nós, no entanto penso que a actividade do grupo soube responder a essas críticas (infundadas como saberá). Aliás, para quem conhece o grupo, sabe que existem pessoas de esquerda, mas também de direita… e cada vez mais elementos de cima, de baixo, pintalgados, sem opinião. Resumindo, a política fica fora da sala de ensaio, tal como desde 1976. A malta quer é fazer e possibilitar ver teatro.

    Quanto ao que tentava transmitir no meu comentário anterior: procurava mais opiniões sobre se as pessoas sentem falta (ou gostariam) deste tipo de estruturas culturais, sejam elas teatral ou de um âmbito artístico mais vasto. Considero que seria um erro transformar o Tap nessa estrutura, pois ele (tal como muitas outras associações) tem já um papel a desempenhar na criação de público e, sobretudo, na possibilidade de ser um espaço onde TODOS podem fazer teatro. E muito menos procuro neste momento fundos para tal…

    Por último, não considera que dirigir este tipo de actividade apenas às crianças é uma instrumentalização do teatro? Uma espécie de “às crianças faz falta”? Teremos nós tão pouca fé nas nossas gerações?

    Aguardo observações tão pertinentes e sagazes como as anteriores. Suas e de outros, claro.

    P.S. – Gostou d´”O que não vi”? Ainda dá para ir ver este sábado (31/10) à noite (21h30)…

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  6. Amigos e companheiros, boa tarde.
    Tenho itinerário marcado para, logo à noite, ir ao teatro ver “O que não vi”.
    Permitam-me, todavia, dizer-vos que, apesar do lauto jantar, sinto-me a definhar.
    Definhar, definhar mesmo e questiono-me se não será falta de vitaminas.
    De cerveja não é certamente, que a cerveja não bate assim.
    Vou à botica em busca de tónico e já volto.
    Volte você também que eu volto já.

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  7. Boa noite
    Caro Filipe:
    Hoje foi um dia muito fícil para mim, cheguei a casa tarde e cansado; apenas vi a 2ª parte do meu Benfica,perdeu, e o dia foi ainda pior(não fico doente). Tenho muita pena por não ter visto a vossa actuação, apenas li o texto.

    Quanto ao meu comentário, no qual me refiro às crianças, eu não entendo que seja uma instrumentalização das crianças mas sim um meio de transmição de um outro tipo de cultura.

    Falando por mim, até aos 20 anos, vi uma peça de teatro e, felizmente, a maioria dos adolescentes da geração seguinte só não viu teatro porque não quiz. Não fora o altruismo da minha pessoa, ao ajudar o TAP no transporte de cenários, hoje não seria um amante de tal manifestação cultural. Eu levava os cenários e assitia aos espectáculos, aprendi a gostar de teatro, valeu a pena.

    A geração depois da minha teve mais oportunidades culturais logo já sente a necessidade de tais manifestações é neste sentido que falo nas crianças, ensinar as crinças a gostar de um outro tipo de cultura, que não a convencional. Como lhe disse, no anterior post, quem gosta uma vez de teatro nunca mais esquece. Entendo ainda que o TAP apenas deve fazer aquilo para que está vocacionado, TEATRO.

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  8. Caro Eng. Rodrigues Marques, cuidado com a sua saúde, provavelmente precisará de descanso. Mas aposto que a ida ao teatro permitiu relaxar um bocadinho.

    Caro DBOSS, acredito que nunca é tarde para aprender a gostar de novas coisas. Por vezes acomodamo-nos ao cansaço e é verdade que após um dia de trabalho pode ser difícil encontrar motivação para sair de casa, mas a vida faz-se de todo o tipo de experiências e naturalmente que uma saída para libertar as tensões diárias é por tradição um belo fármaco.
    Quando refere que "o TAP apenas deve fazer aquilo para que está vocacionado, TEATRO", em primeiro lugar gostava que me definisse o que é fazer teatro, na sua perspectiva. E por outro lado, é importante que as pessoas consigam distiguir a entidade TAP e os elementos que pertencem a esta entidade.

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  9. Amiga e companheira JA, boa tarde.
    Quando eu falava no lauto jantar, no Lagar, em Pombal, da passada Sexta-feira e que algo, que não eu, estava a definhar (a Paula Sofia perdeu essa parte já que teve que sair mais cedo para cuidar da filha, que estava com febre) estava-me a referir ao que foi lá dito.
    Essa parte irei contar no post “Aquisições”.
    Até lá um beijinho nas costas da mão.

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  10. Boa noite!
    JA:
    Fazer teatro é uma arte de representar que utiliza uma linguagem universal, gestual, comum a todas as raças e gerações.

    Quando um homem ou mulher está a representar não interessa o sexo que está por traz da máscara, o que é importante é o que a máscara representa: o sexo da personagem, se é rude, severa ou meiga.

    Representar bem é arte, é cultura!

    Esta manifestação cultural, teatro, não é exclusiva de uma raça, credo, religião época ou cultura. É uma arte de imitação, representação, sempre actual que passou de geração em geração e a sua qualidade depende da imaginação dos seus actores e da sua sensibilidade. Há uma linguagem universal para se imitar um cão, que todos entendem ou seja: podem fazer de uma rábula uma peça de teatro, onde os animais têm direitos e tomam lugar na família e a máscara que representa assume grande relevância.

    O que acabei de escrever é o que penso, no entanto, há quem confunda a arte de representar com actividades profissionais. Quando ouço um chefe de uma tribo profissional a referir-se ao local de trabalho como teatro de operações entendo que este brinca com a actividade profissional dos seus camaradas.Afinal os seus companheiros representam ou trabalham?

    Vendo a questão por outro prisma, filosofando, uma chefe de família é uma actor social:quando está em casa representa o papel de chefe de família; na AM. o seu papel social é o de deputado; no hospital o seu papel será o de enfermeiro ou outro compatível com as suas competências.
    Em suma: cada elemento da célula social, família, nas várias peças que representa, têm um papel social a representar, compatível com as suas competências.

    Se estes representam bem ou mal é uma questão que levanta outras questões que os profissionais saberam dar resposta.

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  11. Filipe,

    Acho muito importantes as questões que apontas e, quanto a mim, mereciam uma discussão pública. Havemos de pensar nisso...

    Muito brevemente: considero que faz falta a Pombal uma estrutra profissional dedicada às artes performativas. À semelhança do que existe na biblioteca, o Teatro-Cine também precisa de profissionais que elaborem a sua programação e, mais importante, ponham em prática um verdadeiro serviço educativo. Seria, obviamente, uma mais-valia se esses profissionais fossem pessoas ligadas ao teatro ou à dança.

    Agora, o que eu também acho é que não se deveria criar uma companhia profissional com funcionários municipais. Deveria ser uma estrutura independente, co-financiada pela Câmara na exacta medida dos serviços prestados. O ideal seria se houvesse um conjunto de pessoas (ligadas ao TAP, por exemplo) que se constituíssem numa cooperativa ou associação e apresentassem um projecto à Câmara. Esse projecto, para além dos aspectos que já referi, poderia contemplar a produção de espectáculos e a promoção de eventos (como o Festival Municipal de Teatro). Seria também importante que esse projecto fomentasse a criação de parcerias com os grupos de teatro do concelho, no sentido de promover as suas criações e de os ajudar a crescer qualitativamente.

    Pombal, se quisesse ter alguma relevância cultural na área das artes performativas, deveria apoiar um projecto dessa natureza, especialmente se fosse protagonizado por pessoas ligadas ao TAP, que já deram provas da qualidade do seu trabalho.

    Grande abraço,
    Adérito

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