Nos Novos Contos da Montanha, Miguel Torga deu-nos a conhecer o Alma Grande, uma personagem fantástica criada a partir da lenda do Abafador. Segundo se consta, no tempo dos Cristãos Novos, existia uma figura - o Abafador - cuja função consistia em acabar com o sofrimento alheio. Quando um moribundo se encontrava às portas da morte, o Abafador era chamado para cumprir o seu desígnio e pôr fim à sua agonia. O prestígio, e a função social, do Abafador eram enormes e quem tinha a seu cargo essa importante missão era alguém muito respeitado na comunidade.
"E na epiderme de cada facto contemporâneo cravaremos uma farpa: apenas a porção de ferro estritamente indispensável para deixar pendente um sinal."
2 de novembro de 2009
O Alma Grande
11 comentários:
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O abafador tinha outra particularidade, Adérito: as pessoas achavam que ele fazia um favor à sociedade. Até que um dia o abafador lhes tocava à porta, quando eles estavam com alguma "maleita estranha".
ResponderEliminarO conto "Alma Grande" remete para uma questão muito actual, a eutanásia. A dignidade humana sempre foi um aspecto muito relevante na sociedade.
ResponderEliminarQuem tem ou já teve familiares próximos em estados muito graves, com grande sofrimento, e quadro de morte certa, provavelmente já disse a frase "mais valia morrer do que estar nesta situação degradante". É sempre difícil aceitar o fim, e quanto à possibilidade de este ser antecipado, depende muito da própria escala de valores de cada um. Viver mais, mas sem qualquer dignidade nem capacidade para interagir com o mundo que nos rodeia? Ou Viver menos, com grande qualidade de vida e possibilidade de usufruir do que o mundo nos oferece?
O Abafador é o fim da esperança, mas pode também ser sinónimo de amor.
Indo de encontro a outro contexto, será que "o asfixiador" era uma hipótese equacionada por NM para acabar com umas "maleitas estranhas" como a homossexualidade?!?!
Bem dito
EliminarBoa tarde!
ResponderEliminarNa realidade o "ALMA GRANDE" é um relato baseado em factos verídicos do grande escritor que foi MIGUEL TORGA.
Adérito permite-me que corrija um pequeno aspecto. O abafador existiu até há bem poucos anos e foi praticado, no concelho de Pombal, até final dos anos 50 a troco de 50 escudos. Era corriqueiro ouvir dizer aos mais velhos a frase "estava a sofrer demos-lhe o abafa, foi um gesto de caridade".
Sem dúvida que a questão que se levanta é: como morrer? em sofrimento ou com qualidade?
Da década 60 para cá sugiram outros tipos de abafadores, uns exerceram o poder até 74 e outros exercem-no agora. Os métodos da década de 80, até aos nossos dias, são os mesmos e os preços são mais elevados. Vejam bem que um modesto engenheiro exigiu 200 mil para libertar um processo dos abafadores. Quanto cobra um jornalista ou um legislador para alterar uma vírgula duma notícia ou de um decreto lei, respectivamente? Entendo que a ASAE deve fazer uma vistoria e exigir a fixação dos preços e aplicar as respectivas coimas e contra ordenações, caso contrário isto continua uma balda.
Amigos e companheiros, boa noite.
ResponderEliminarEstou a ver que temos “Bichos” na pena do saudoso Dr. Adolfo Rocha, médico ortolaringologista com consultório montado, num primeiro andar, mesmo de frente com a estátua do “Mata Frades”, em Coimbra.
Abraços.
“Não…Ainda não… Ainda não…”
ResponderEliminarÉ bom continuar a respeitar o mistério da vida e deixá-la seguir o seu curso natural sem grandes interferências. No amor cabe toda a Esperança no futuro e toda a Vida, nunca justificação para
matar ou ajudar a morrer. Espero bem que nunca se coloque essa possibilidade nas nossas mãos. Não queiramos ser Deuses e decidir sobre a “hora da morte”. Procuremos ter respeito pela vida e pela dignidade na morte, que, por certo, para todos nós virá um dia.
Indigno é morrer sem a presença e o amor dos que nos são próximos, sem a assistência e cuidados que permitam caminhar para a morte com a consciência clara e a serenidade de quem está preparado para ela quando chegar o momento.
JA , penso que a exigência de uma sociedade solidária e fraterna, o respeito pela condição humana, mesmo no sofrimento, resolveriam grande parte dos dramas, e, os cuidados paliativos sempre podem dar uma grande ajuda nestas situações. Interferir no processo natural da vida e da morte é perigoso, e pode ser catastrófico, se for objecto de decisão politica. Os Judeus sabem bem disso.
Ai as apócopes. Rodrigues Marques, o falecido Dr. Adolfo Rocha era “otorrinolaringologista” .
Caro Jorge Ferreira, concordo consigo, mas a verdade é que por vezes, ao olhar para o estado degradante de alguns doentes, vem-me à mente "mais valia morrer do que estar neste sofrimento absurdo". Não é clueldade, mas sim o lado humano a falar mais alto. Julgo que não seria capaz de aplicar a eutanásia, mesmo que ela fosse permitida principalmente porque a vida talvez seja o valor que considero mais importante.
ResponderEliminarIsto faz com que não consiga compreender o suícidio. Por piores que sejam as situações acredito que há sempre solução, que pode ser muito difícil encontrar, mas há.
Boas tardes.
ResponderEliminarEu tenho que fazer um trabalho sobre o Alma-Grande e já li a História e ainda não percebi praticamente nada do conteudo deste conto.
Será que alguem me podia ajudar o mais rapidamente possivel?
Boas tardes.
ResponderEliminarEu tenho que fazer um trabalho sobre o Alma-Grande e já li a História e ainda não percebi praticamente nada do conteudo deste conto.
Será que alguem me podia ajudar o mais rapidamente possivel?
Boas tardes.
ResponderEliminarEu tenho que fazer um trabalho sobre o Alma-Grande e já li a História e ainda não percebi praticamente nada do conteudo deste conto.
Será que alguem me podia ajudar o mais rapidamente possivel?
Alguém conseguio fazer o trabalho ? eu precisava de um urgente :S
Eliminarnão consigo perceber o conto .