22 de dezembro de 2009

Cautelas e caldos de galinha!

Há cerca de 3 anos e 2 meses (não é uma efeméride, o número não é redondinho), Pombal acordou depois de uma noite pavorosa. Cheias como ninguém se lembra por estes lados. Mas não apenas em Pombal (cidade): toda a zona próxima do Arunca ficou um lago imenso.
Os estragos foram muitos. Sei-o bem, familiares meus ficaram com graves prejuízos. E se a "razão desculpabilizante" por muitos aludida - a de que foi muita àgua que, de repente, caiu dos céus que, no dizer do Sopas, nos querem castigar -, a verdade é que outras razões que agudizaram os estragos dependem da nossa acção. Da acção dos poderes locais, digo. Cimento onde não devia estar, e a faltar onde seria preciso. Leitos de rio estrangulados, estreitados para metade do tamanho que tinham há 15 ou 20 anos. Condutas de àgua mais baixas que o rio, que em caso de cheia, ao invés de escoarem àgua, a projectam para a zona das habitações.
Todo este tempo depois, com ou sem indemnizações (a anúncio de Adelino Mendes, na campanha, já terá sido materializado na necessária transferência), é bom que se tomem cautelas e caldos de galinha, mas principalmente que se procurem resolver os aspectos que falharam naquele final de Outubro de 2006. Não sejam novas cheias a lembrar-nos do que devíamos ter feito.
Nas etiquetas, vai também uma de "Urbanismo". À consideração dos ilustres comentadores...

5 comentários:

  1. Mete lenha na Fogueira, alguem ainda se vai queimar.

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  2. Sem entender nada de hidráulica, estou certo que bastava, talvez, que os taludes da antiga variante (EN-1) fossem pontes com arcos abertos para as águas das cheias se espraiarem na várzea a jusante, que o encanamento das ribeiras fosse bem dimensionado, que a impermeabilização dos solos fosse limitada e evitada, e que fosse respeitado o coberto vegetal dos solos, para não ter-mos razão para dizer, como Brecht diz:

    "Do rio que tudo arrasta se diz que é violento
    mas ninguém diz violentas
    as margens que o comprimem."

    Abraços e Boas Festas

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  3. Há quem diga "Casa roubada, trancas à porta" e era o mínimo que se esperava após o acontecimento de Outubro de 2006 (já foi há tanto tempo!). A água não foi muita, a cautela é que foi pouca e o que me parece é que caso as circunstâncias naturais sejam semelhantes, o resultado vai ser exactamente o mesmo, só que uma segunda vez não merece sequer uma tentativa de compreensão.
    Esta é uma boa chamada de atenção, camarada Gabriel.

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  4. Bom dia!
    A questão é muito bem levantada e é melhor prevenir que remediar.
    Com o crescimento da cidade a jusante foram cometidas, ao longo de anos, atrocidades ao curso natural das águas.

    Pombal é atravessado por um ribeiro, afluente do rio Arunca. Este ribeiro era alimentado por quatro riachos e hoje está reduzido a três, todos eles estavam atrofiados e abandonados. O riacho que passa no sopé do castelo, vindo do lado dos Vicentes, junto à praça, servia literalmente para receber os despojos dos comerciantes de frutas e hortícolas.
    No local onde este riacho submerge as frutas e couves estragadas alimentavam um canavial bem nutrido que servia de filtro às águas.

    A urbanização Sra . de Belém eliminou pelo menos um curso de água e o riacho vindo da GNR, lado nascente, muito estrangulado fez o resto.As lojas do lado nascente na área deste riacho, curiosamente a zona mais alta, foram totalmente despojadas dos recheios e destruídos, os carros estacionados nesta zona foram arrastados para o centro da cidade. Comerciantes houve que perderam cerca de 60.000 euros em recheio e não tinham seguro.
    A acrescentar aos factos acima referenciados a natureza não fez qualquer retenção de águas, toda a água que caiu foi directa para a zona baixa, não foi retida pela vegetação e não se infiltrou no solo, por vegetação inexistente. No verão deste ano toda a florestação e vegetação a nascente foi consumida pelo fogo.

    Para se compreender este facto vejamos este exemplo: não temos chapéu caiem as primeiras pingas de água o refúgio é debaixo da árvore mais próxima e, num largo período de tempo, a água não nos chega.
    Passados dias abanamos a árvore e apanhamos uma molha e se pisarmos uma zona com vegetação rasteira ficamos com os pés bem encharcados.
    Em suma a vegetação contribui para a retenção das águas e alimenta os aquíferos.

    É fundamental vigiar a limpeza de todos os riachos, sem excepção e fazer uma boa reflorestação a nascente não menosprezar as afirmações de Brecht

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  5. É mais fácil rezar para que não chova muito intensamente.

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