5 de outubro de 2015

Síndrome do Estocolmo à moda de Pombal


Contados os votos, enquanto o país acorda para esta açorda em que está metido, olhemos então para o distrito de Leiria e para o concelho de Pombal.
Não admira que a galeria de fotos da PàF, na noite eleitoral de Leiria, seja dominada pelo híper-mega deputado Pedro Pimpão e todos aqueles que querem ser como ele, quando crescerem. Este é um concelho às direitas.
Porém, contudo...
A grande negociata eleitoral foi feita pelo CDS. Há quatro anos contabilizou 3.270 votos, enquanto o PSD somou, sozinho, 15.300 votos. Agora, os dois juntos convenceram (ainda assim...) 15.235 votos. É fazer as contas...
O Bloco de Esquerda - que nem sequer está organizado em Pombal, e que vê regressar à AR um grande deputado, por Leiria, que é Heitor de Sousa - consegue chegar também aqui ao lugar de terceira força política no concelho, duplicando os votos, enquanto a CDU se mantém na mesma, com os seus 500 votos, mais coisa menos coisa.
Quanto à abstenção, continuamos para bingo: somos os maiores, pois mais de metade não vota. E isso contribui para a leitura certeira que fazia, na rede, um dos milhares de pombalenses que teve de embalar a trouxa e zarpar, nos útimos quatro anos: Coligação 1 - Portugal 0.
E o PS? - perguntam vocês.
O PS local (e distrital) está mais ou menos como o nacional, para pior. Um artigo de Ana Sá Lopes, no jornal i, poucos dias antes das eleições, sintetizava muito bem aquilo de que o povo gosta, aquilo que o povo vê: "Quem vê as televisões, vê em Passos Coelho essa criatura radiosa, com as rugas disfarçadas. Quase que se poderia dizer que a coligação não se contentou com a maquilhagem: foi directa ao cirurgião plástico e tirou daqui e pôs ali. Pedro e Paulo, jovens e bonitos e amigos, são um prodígio por estes dias. António Costa está demasiadamente gordo, baralha-se com a maquilhagem e não sabe escolher os casacos."
Os números dizem que o eleitorado do PS mal mexeu, contribuindo apenas com cerca de 80 votos (a mais, em relação a 2011) para a subida dos 7.600 no todo distrital. Adelino Mendes falha a eleição para deputado. O que é pena. Conheço poucos com a sua capacidade de trabalho, e acredito que Pombal e o distrito perdem, também.
Eu bem dizia, no último post, que as sondagens não eram forjadas. Em Portugal sofremos de síndrome de Estocolmo. E só uma união da esquerda poderia contrariar este cenário a que chegámos. Mas, para isso, é preciso que o PS perceba primeiro se ainda é um partido de esquerda. 
Quando olhamos para as fotos da noite eleitoral em Leiria, custa a acreditar que o PSD/CDS tenham perdido 33.238 votos. Como questionava Rui Correia, resistente socialista das Caldas da Rainha, riem exactamente de quê?


3 comentários:

  1. Paula,
    Uma vez mais, saiu peça enxuta e bem esgalhada. Gostei!
    Realmente foi pena o Adelino Mendes não ter sido eleito. Sempre era mais um a lutar por todos nós.
    Leiria e Pombal e o Distrito, resultados e comentários com acuidade e pertinência…
    A açorda nacional servida, na noitada do passado domingo, - pelos que sabem porque não ficaram em casa - virou numa avantajada caldeirada que, aos mais afoitos, causou algumas “complicações gástricas”. Claro que é assunto dos que vivem lá na Capital.
    Abraça-te o,
    Pimpão dos Santos

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  2. Riem exactamente de quê ????? Ora bem, riem de depois de 4 anos terem empurrado o povo para os limites da indigência, esse mesmo povo os ter escolhido para os colocar na miséria. A serem explorados pelo grande capital.... Já sei, o grande ZÉ GOMES FERNANDES, vem dizer que sem criar riqueza não se pode distribuir.... Claro que pode... a riqueza distribuida pelos grupos: Sonae, Amorim, Jerónimo Martins e outros que tais... e o povo pá... Esse gosta de lamber as botas e apanhar sabonetes.

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