O projecto de requalificação da sede de Abiúl parece ter
sido feito com os pés: desqualifica o que qualifica, e mantém o que
desqualifica.
O erro maior está na demolição da escadaria da igreja e
construção de uma nova escadaria, menor, assimétrica, com pedra nova talhada a régua
e esquadro. O edifício/monumento que mais qualifica a vila histórica é a igreja;
apesar de já ter sido alvo de outros atentados. Há pouco tempo atrás,
rebocaram as pedras das colunas da fachada porque acharam que lisas ficavam melhores.
Entretanto removeram-no, e sobrepuseram pedra trabalhada nas colunas e na porta, porque alguém deve ter alertado que o reboco era um escarro na fachada da igreja. Corrigiram parte do erro, mas a traça primitiva foi-se. Felizmente, não se lembraram de substituir a laje muito gasta da porta principal - salvou-se um elemento traça primitiva da fachada.
A demolição da escadaria e sua substituição por uma
escadaria de pedra trabalhada é um crime ao património arquitectónico de Abiúl.
É verdade que a escadaria actual necessita de intervenção: está desnivelada,
com fissuras e com muitos remendos de argamassa fruto de atentados anteriores.
Mas uma coisa é reabilitar a escadaria, respeitando o carácter arquitectónico do
edifício e do espaço envolvente, salvaguardando a traça primitiva e a imagem do
edifício e da praça; outra, bem diferente, é edificar uma nova escadaria que destrói
inevitavelmente património muito antigo.
Não se cometa o mesmo erro que se cometeu na Igreja do Alvorge, substituíram as escadas de pedra antigas por outras com aspeto moderno e já se arrependeram da obra.
ResponderEliminarBem observado, Natividade.
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