25 de outubro de 2017

Ode aos mensageiros da propaganda


"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade". A frase é normalmente atribuída a George Orwell por essa internet fora, mas terá sido dita por William Randolph Earst, proprietário de vários jornais e revistas, que de resto inspirou o filme "Citizen Kane", de Orson Welles. Elevar o nível é o mínimo que podemos fazer quando vamos citar o discurso de Diogo Mateus na sua tomada de posse, em que dedicou um minuto e dez segundos "aos órgãos de comunicação social" que acompanharam o último mandato.
Da ascensão e queda dos media em Pombal já reza a história, e Diogo Mateus tem capítulos reservados. Mas, por ora, não é desses que importa falar. Importa antes sublinhar como interpreta o papel dos órgãos de comunicação no exercício da democracia. Na verdade, tem a imprensa que lhe dá jeito, que não levanta ondas nem questiona, que não publica uma linha que belisque ou comprometa o "bom relacionamento", que prefere desempenhar o papel de mensageira, porque é muito mais cómodo. Ou alguém se lembra, nos últimos quatro anos, de qualquer "notícia" que não seja transmissão do que a Câmara disse, fez, ou pensa fazer, à laia de caixa de ressonância?
Retrocedemos muito, sim. Desde o tempo de Orwell ou Earst, quando Pombal ombreava com o resto do país, pela diversidade de jornais, isto para não irmos ao tempo do célebre "Cão de Fila". 
Diogo tem razões para agradecer, sim. Muitas. E o povo? Tem aquilo que merece, claro.

Adenda: Com uma imprensa desta, Diogo Mateus pôde dar-se ao luxo de promover a secretária Andreia Marques a Adjunta, e de mandar embora a adjunta para a comunicação, Alexandra Serôdio.

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