O Adérito diz muitas vezes que "elas" (nós) têm uma perspectiva diferente de ver as coisas. O Alvim, o Malho e o Gabriel costumam concordar. Quando nos reunimos para aguçar farpas lamentamos sempre (eu mais do que eles, estou certa) que não haja uma maior participação das mulheres na vida pública deste Pombal e do blogue em particular. Sou avessa à paridade por decreto, embora com o tempo comece a convencer-me que às vezes só lá vamos assim. A mim, a condição de mulher trouxe-me mais coisas boas que más, a começar pela maternidade. Com o tempo fui-me habituando ao registo de super-mulher que a sociedade imprime.
Mas ainda acho que isto não é vida. Que não é impunemente que nos desdobramos entre a casa, o trabalho e o resto.
De modo que não gosto de ver este dia transformado numa noite de carnaval, em que os restaurantes servem ementas para mulheres "à solta". Talvez fosse importante canalizarmos alguma dessa (muita) energia para mudarmos as mentalidades. Porque o paradoxo é este: queimaram-se tantos soutiens, foi uma guerra pela direito ao trabalho, e hoje as mulheres portuguesas têm essa medalha para gerir, ao peito. E uma grande maioria dava tudo para ter tempo de experimentar receitas e cuidar dos filhos. As voltas que isto dá.
"E na epiderme de cada facto contemporâneo cravaremos uma farpa: apenas a porção de ferro estritamente indispensável para deixar pendente um sinal."
8 de março de 2010
9 comentários:
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Cada vez mais assistimos que o Sec XXI vai ser o Sec das mulheres. Vejam quem é que mais frequenta as Universidades. Daqui a uns anos vamos ter que criar é um dia para os homens sairem de casa. Cada vez mais são elas que mandam nas Empresas e Organismos Públicos.
ResponderEliminarAmigas e companheiras, boa tarde.
ResponderEliminarNum intervalo, o “guerreiro” que tem que mourejar pela vida, principalmente para pagar os seus impostos, quer, aqui e agora, deixar a sua homenagem a todas as mulheres e particularmente às esbeltas e aperaltadas.
Sem engenho, nem arte vai socorrer-se de Nicolau Tolentino de Almeida (1740-1811) com o seu Toucado:
O Toucado
Chaves na mão, melena desgrenhada,
Batendo o pé na casa, a mãe ordena
Que o furtado colchão, fofo e de pena,
A filha o ponha ali, ou a criada.
A filha, moça esbelta e aperaltada,
Lhe diz côa doce voz que o ar serena:
- “Sumiu-se-lhe um colchão?! É forte pena!
Olhe não fique a casa arruinada …”.
- “Tu respondes-me assim? Tu zombas disto?
Tu cuidas que, por ter pai embarcado,
Já a mãe não tem mãos?” E, dizendo isto,
Arremete-lhe à cara e ao penteado.
Eis senão quando (caso nunca visto!)
Sai-lhe o colchão de dentro do toucado.
Amigo Rodrigues Marques, numa altura em que, como diz o amigo Roque, o "ocaso" da macheza se anuncia, acho genial lembrares-te dos versos do "Toucado". Querida Paula Sofia, muitos parabéns! Avizinham-se os tempos em que o seu filho homem ficará em casa, de avental e bebé ao colo, aguardando ansioso o regresso da mulherzinha dele que labuta lá fora pelo sustento da família. Os meus netos masculinos também para aí caminharão! E isto, assim o creio firmemente, não é anedota. Anedota é esta antecipação que eu fiz aqui há uns anos dirigindo-me à minha primeira mulher que me acusava de nunca parar em casa: «Mas eu não me importo de ficar em casa a tratar dos filhos e da casa; vais ver que hei-de ter tudo bem mais limpinho e arrumado do que tu e ainda hei-de ter tempo para ...» [não é publicável o que eu disse que ainda teria muito tempo para fazer]. Obviamente ela não aceitou.
ResponderEliminarSaudações machistas.
Em primeiro lugar, cara Paula Sofia, é estranho que tu lamentes mais do que os camaradas masculinos a pouca presença feminina no Farpas. Será que eles se sentem intimidados? ;)
ResponderEliminarEste é o dia do ano em que faço os possíveis para não participar em eventos relacionados com pseudo-homenagens à mulher, ou meros jantares de mulheres. Há 5 anos (se não estou em erro) fui a um jantar do "Dia da Mulher" e fiquei estupefacta com o estado a que conseguem chegar algumas mulheres, já para não falar do barulho e das conversas associadas a muitas mulheres juntas...é de fugir!
Não é fácil ser mulher. Não é fácil ser homem. (pelo menos, eu creio que não é fácil ser homem, mas se os senhores disserem o contrário, eu acredito!)
Todos temos obrigações, somos alvo de preconceitos, temos necessidades, fazemos parte desta sociedade pouco animadora. E todos temos o dever de participar na vida pública, e claro, dar a nossa contribuição no sentido de defender os interesses comuns.
Mulher(s) sempre
ResponderEliminarPA LLEGAR A TU LADO -
Gracias a tu cuerpo doy
Por haberme esperado
Tuve que perderme pa'
llegar hasta tu lado
Gracias a tus brazos doy
Por haberme alcanzado
Tuve que alejarme pa'
llegar hasta tu lado
Gracias a tus manos doy
Por haberme aguantado
Tuve que quemarme
Pa'llegar hasta tu lado
http://www.youtube.com/watch?v=mzh200DAy7c
LHASA DE SELA
Caro Jorge Ferreira, excelente sugestão, mas que ainda tem muitos vestígios de dor pela recente partida de Lhasa de Sela. De qualque modo, aqui está a prova de que existe vida depois da morte, pois esta voz continua e continuará a ser ouvida.
ResponderEliminarÉ isso, Paulinha!
ResponderEliminarUm abraço forte a todas as "nossas" meninas.
Adérito
Amigas e companheiras, boa noite.
ResponderEliminarAcabaram de perder, as que perderam, um lindo serão organizado pela APEPI, no Teatro Cine de Pombal, sobre o tema “Dia Internacional da Mulher”.
O Chefe de Gabinete de Sua Excelência o Senhor Governador Civil do Distrito de Leiria, Dr. Carlos Lopes, fez um curto discurso de se lhe tirar o chapéu.
Vereadores presentes: Dra. Paula Silva e Dr. Pedro Pimpão.
Os que não participaram ficaram a perder.
Obrigado Dra. Teresa Silva, mui ilustre Presidenta da APEPI.
É para repetir.
Abraço.
Fica pr'ó ano, engenheiro!
ResponderEliminarEu própria já participei dessa iniciativa, em anos passados. Só não estavam lá os vereadores drª Paula Silva e dr. Pedro Pimpão. Logo havemos de recuperar.