3 de fevereiro de 2017

O respeitinho.


Esta semana ficou marcada pela agressão de um professor a um aluno, na escola Marquês de Pombal. Aconteceu tudo numa aula de substituição, essa artimanha do sistema que mantém os meninos na sala, quando um professor falta, aos cuidados de outro qualquer, em vez de os deixar brincar - para o bem de todos.  Os factos foram descritos pelo irmão do miúdo agredido, no facebook, num post partilhado centenas de vezes por amigos, conhecidos, curiosos da comunidade. Ainda bem que foram: num tempo esquizofrénico como este, a rede (que tantas vezes é um pelotão de fuzilamento) tem esse lado libertador, de democratizar o acesso ao público. E isso para mal dos pecados de quem acha que tudo se resolve dentro de quatro paredes, com os panos quentes do sistema, que abafam todos os males - sobretudo os/dos maiores. Não faltaram moderadores furtivos, nem justificações diversas para o injustificável. De todos os argumentos e tentativas de apagar o sucedido - alguns podem revelar-se eventualmente chocantes, como entidades legalmente superiores sugerirem primeiro o silêncio cúmplice, e mais tarde a retirada do post do facebook. Neste particular, uns e outros vivem ainda noutro século, sem perceberem que nada se apaga: uma vez na net, sempre na net. 
Mas à distância dos dias, o que fica é a questão de fundo: tal como no flagelo da violência doméstica, não perdemos a mania de fazer de conta que não existiu, e pior - somos fartos a arranjar justificações para um adulto que, dentro de uma sala de aula, leva uma criança a fazer xixi nas calças. 
"O meu filho quase ficou numa cadeira de rodas e ninguém fez nada", desabafou um pai, por estes dias, no facebook, aludindo a uma história do passado recente. Só há uma maneira de alguém fazer alguma coisa: Falar. Escrever. Destapar. Ou ainda há dúvidas?

1 comentário:

  1. Falar. Ninguém ouve.
    Escrever. Ninguém lê.
    Destapar. Todos vêem, mas ninguém quer saber!...
    A nossa cultura agarrada ao passado, cegos surdos e mudos. Desta forma não somos apontados nem criticados.Vivemos em demasia o umbigo, socializamos pouco, instruímos-nos nada, cultivamos o corpo e a mente é porca.

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