25 de outubro de 2017

Política não entra?

Há quem possa não acreditar mas nós, aqui no Farpas, somos muito ingénuos. Vejam lá que chegámos a acreditar que a PMUgest iria acolher positivamente uma iniciativa que pretendíamos levar a cabo no Café Concerto!

Após o péssimo resultado da esquerda nas eleições autárquicas, pareceu-nos pertinente promover um debate da série "Um café e uma farpa", subordinado ao tema "A esquerda tem futuro em Pombal?". O Café Concerto (apesar do desleixo da página web) afigurava-se como o espaço ideal, não só pela sua centralidade, mas também por ter sido palco de inúmeras iniciativas, de cariz público e privado, levadas a cabo por inúmeras instituições. E, convenhamos, existindo desde 2008, o Farpas não é propriamente uma entidade obscura em Pombal. 

Como muitos de vós já devem estar a imaginar, o nosso pedido não foi atendido. Citando as 16 alíneas do Artigo 6º dos Estatutos, o Conselho de Administração comunicou-nos que  "não se afigura ajustável à utilização do espaço do Café Concerto a realização de eventos de cariz político". 

Louvo o zelo da empresa municipal no cumprimento escrupuloso dos deveres enumerados nos seus Estatutos. Mas, sem querer discutir a pertinência da sua decisão - há quem tenha medo de falar de política -, são legítimas algumas questões. Em que alínea dos Estatutos a PMUgest encontrou fundamento para aceder ao pedido da JSD/Pombal para realizar o evento que teve lugar no Café Concerto no dia 18 de Março de 2015Ou, noutro caso, a 7 de Março de 2016, uma conversa sobre empreendedorismo feminino, organizada pelas Mulheres Social-Democratas? Será, por ter sido a JSD/PSD  a pedir, o "cariz político" foi encarado de forma diferente? 

Como empresa municipal que é, PMUgest não pode ter dualidade de critérios nas suas decisões. Se assim o fizer reforça a ideia instalada de que o Café Concerto é gerido como uma coutada privada da sua Administração, com a porta escancarada para os seus amigos  e fechada para os restantes pombalenses.

13 comentários:

  1. "Quatro rodas tem o carro (não tem? lá isso tem)
    três pèzinhos tem o banco (não tem? lá isso tem)
    dois olhinhos tem o cego
    quando anda a fazer que é manco

    O fascismo é uma minhoca (não é? lá isso é)
    que se infiltra na maçã (não é? lá isso é)
    ou vem com botas cardadas
    ou com pèzinhos de lã

    O mandão é que põe e dispõe
    mas o povo é que manda no povo
    ai isso é claro, claro
    mais claro que a clara dum ovo

    Há quem mande obedecer (não há? lá isso há)
    há quem disso se encarregue (não há? lá isso há)
    e também há quem não tenha
    ponta pr´onde se lhe pegue

    Há partidos de direita (não há? lá isso há)
    que põem sempre a bola ao centro (não é? lá isso é)
    mas quem melhor os fintar
    é que vai marcar o tento

    O mandão é que põe e dispõe
    mas o povo é que manda no povo
    ai isso é claro, claro
    mais claro que a clara dum ovo

    É da gente da nossa terra (não é? lá isso é)
    é da terra a nossa gente (não é? lá isso é)
    de Trás-os-Montes ao Algarve
    das ilhas ao Continente
    e é estranho que haja p´ra quem
    isto não seja evidente

    O mandão é que põe e dispõe
    mas o povo é que manda no povo
    ai isso é claro, claro
    mais claro que a clara dum ovo"

    Lá Isso É! Sergio Godinho

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  2. O Jorge Silva escreveu aquilo porque não sabe nada do que se passa no Café Concerto- coitado. É administrador executivo mas não executa nada, quem executa é administradora não executiva - anacronismos à moda da terra.

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  3. Não vou entrar no ponto principal deste post, mas no tema do debate proposto. Acho que esse debate parte de uma premissa que me parece errada. Na minha opinião na política nacional faz sentido a escolha entre esquerda e direita. Eu sou de esquerda porque acredito que o Estado tem como missão reduzir as desigualdades entre as pessoas, mesmo que para isso sacrifique a riqueza total. Isto contraria a visão da direita que defende que essa não deve ser uma função do Estado e que se deve deixar cada agente (trabalhador, empresa) atingir o seu potencial e ser remunerado de acordo com o valor dado pelo mercado.
    O papel das autarquias nesta dicotomia é limitado. É verdade que podem variar a percentagem do IRS que devolvem aos munícipes e a derrama do IRC das empresas, mas é ao Estado Central que cabe fazer as escolhas ideológicas que diminuem ou aumentam a desigualdade (volto a escolher esta simplificação para distinguir esquerda e direita).
    A votação nos orgãos locais é essencialmente feita pela qualidade das pessoas, ou pelo menos pelo seu reconhecimento. É claro que há quem veja os partidos como os clubes de futebol e vote no seu, independentemente dos candidatos, mas a análise dos resultados das eleições autárquicas, em especial das diferenças de votação na mesma freguesia para os diferentes orgãos, mostram que as pessoas fazem escolhas que estão para além da clubite partidária.
    Por isso acho que o futuro da esquerda em Pombal, ou em qualquer outra lugar de Portugal, passa por escolher pessoas reconhecidamente competentes para os cargos. Mas na verdade, o importante é que haja pessoas competentes nos cargos municipais. Se eles vêm de partidos de direita, de partidos de esquerda ou de listas independentes acho que isso é o que menos interessa.

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  4. Adérito Araújo, senão emprestam o Café Concerto é procurar a cedência de outro espaço. O celeiro do Marquês era um local agradável. Pedro Pimpão fez lá a sua tomada de posse, logo não podem invocar que não cedem o espaço para fins políticos.

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    1. Caro Roque,

      Acho que não percebeste o que está em causa.

      Abraço,
      Adérito

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  5. Cada vez repulsa mais esta coutada instalada. É mesmo esse o melhor termo a empregar Adérito, força nisso.
    É vergonhoso.
    Leia-se a CRP - Constituição da República Portuguesa que logo no Artigo 13.º(Princípio da igualdade)
    "1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
    2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual."
    O que notoriamente está aqui colocado em causa, logo no mínimo deve-se exigir um pedido de desculpas público e que seja reposta a legalidade o mais rápido possível.
    Há limites democráticos que têm de ser obrigatoriamente cumpridos.
    Demissão já de todos os responsáveis. Quem não tem postura democrática e valores de tolerância não pode estar a exercer funções públicas e/ou privadas de entidades públicas.
    Bem haja.

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  6. "Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que outros", George Orwell (Animal Farm)

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  7. Sou quase tentado a concordar com a posicao da PMU. Faltou dizer que "POR PUDOR, o tema politico nao é adequado a este espaço".
    Por pudor, pois entao. Ja que a politica, em Pombal, é um nojo. Como este episódio comprova.
    Fosse este um espaço do executivo, e eu ainda diria que "ainda bem! Fazer esta iniciativa num espaço deles seria desprestigiante para o evento". Mas o problema é que nao é deles: o café concerto é NOSSO!
    "De quem é o Carvalhal?"

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  8. Nuno, foi exactamente assim que concluí a partilha deste post na minha página de FB. "É nosso!"

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  9. Tenho uma proposta concreta: fazemos a iniciativa na rua, em frente ao café concerto. Pede-se autorizaçao. Pode ser até que recusem (ja que aquele pessoal nao se destaca pela inteligencia). Se o fizerem, faz-se na rua mesmo, num jardim. Pede-se autorizacao à GNR. E chama-se comunicacao social local, regional e nacional, e explica-se a arrogância e vontade de manipular a opiniao pública que estão subjacentes a este triste episódio.
    E pode-se até mudar o tema, para algo como "onde terminam os poderes dos eleitos, e como devem os representados restringir as tentações autoritárias dos seus representantes".

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    1. Ó Nuno, não estão a fazer uma tempestade num copo de água?

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    2. Meu caro, nao sendo esta tertúlia o acto redentor que irá salvar o mundo, mesmo assim não retira grandeza à prepotência dos que perpretaram a recusa. Ou dos que aceitaram tal ordem (porque até admito que quem escreveu tão indecente resposta não tenha feito mais do que redigir um ditado, explicito ou tácito).
      O mote dos anos que se avizinham está dado. Já foi manifestado em diferentes contextos. O que deve ser ferozmente combatido, na minha opinião. Os resultados eleitorais não determinaram um uso indiscriminado de poder. Continua a haver o limite da sensatez e da decência. Nao sendo cumprido, impõe-se a rebelião. Ou a luta em campo aberto.

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    3. Nuno, se a via são as armas, conta comigo.
      Ainda tenho o sabre com que o meu avô Felizardo combateu na Primeira Grande Guerra.

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