14 de outubro de 2017

Pombal dos pequenitos

Respigando o que já escrevi no "O Eco" em 2003, reafirmo que a salvação das democracias ocidentais encontra-se no reforço dos partidos minoritários. Reduzir as eleições a um confronto bipolar, para além de perverso, é perigoso. Os actos eleitorais são momentos de escolha entre diversas opções políticas que devem ser exercidos em total liberdade. Os constantes apelos ao voto útil, aliados a uma menor capacidade financeira dos pequenos partidos, enviesam a decisão dos eleitores e, como consequência, muitos deixam de se rever nos seus representantes e de acreditar na democracia.

Em Pombal, forças políticas como o CDS, a CDU e, mais recentemente, o BE, têm tido dificuldade em se afirmar. O CDS, apesar do enorme empenho dos seus protagonistas, não conseguiu reforçar a sua representação. Por outro lado, a CDU, que tinha conquistado um deputado municipal em 2013 (fruto do aumento do número de representantes na Assembleia Municipal), perdeu-o agora para BE. Com uma votação ao nível do movimento Independentes por Pombal - claramente a candidatura autárquica mais mal preparada de sempre -, a CDU teve uma evidente derrota. O número de votos é preocupantemente baixo, tornando legítima a dúvida de saber se já não foi ultrapassado o ponto crítico da sobrevivência.

Como estive envolvido na candidatura da CDU, não enjeito responsabilidades. Considero mesmo que os camaradas que, tal como eu, participam nas listas sem assumir a militância são os primeiros culpados. Não se podem ganhar eleições sem o empenho de todos e a CDU em Pombal tem sobrevivido com o esforço de poucos. Mas há que reconhecer que é difícil fazer omeletes sem ovos. As estruturas partidárias, com uma castradora política de coligações, impedem, muitas vezes, o aparecimento de soluções credíveis a nível local.

Há muito que defendo uma coligação CDU/BE (para já não falar com o PS) para concorrer às eleições autárquicas em Pombal. O trabalho efectivo que a CDU tem dado à vida democrática do nosso concelho - muito para além do que era esperado pela sua fraquíssima prestação eleitoral -, aliado aos votos e ao dinamismo do BE, sobretudo junto dos mais jovens, poderia resultar numa dinâmica interessante, com forte possibilidade de sucesso e bem mais consistente do que as candidaturas protagonizadas por movimentos independentes.

5 comentários:

  1. Amigo e companheiro Adérito Araujo, as nossas divergências programáticas estão muito abaixo da linha de água, com muita tristeza minha.
    Mas não resisto a dar a minha opinião, por ter por ti muita estima e consideração, o que não é correspondido.
    O Partido Socialista de Pombal e o Partido Comunista bateram no fundo por que sempre ostracisaram a JUVENTUDE.
    E agora... é tarde.
    Nem mesmo chorando sobre o leite derramado lá vão.
    Saúde e Fraternidade

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    1. O Partido Comunista SEMPRE ostracizou a juventude? Ai meu amigo, meu amigo, as coisas que o ouço dizer. Abraço.

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  2. Caro Rodrigues Marques,

    Divergências à parte, os seus comentários são sempre bem-vindos.

    Um abraço,
    Adérito

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  3. Eng. Rodrigues Marques...Quer que lhe faça um desenho sobre o verdadeiro motivo da aderência dos jovens á JSD ? Desde lugares como Assessores na AR por parte de jotinhas Pombalenses, até lugares de avença na C.M.P. e "empregos" para os Boys e Girls em várias Instituições do Concelho...É a cenoura que os Boys e Girls procuram e em Pombal a esquerda não tem cenouras para dar.

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    1. Amigo e companheiro António Roque, podemos centrar a questão na pescadinha de rabo na boca.
      Saúde e Fraternidade

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