Estamos a menos de 24 horas de
saber se é decretado o Estado de Emergência no nosso país. Calculo que muito
poucos saberão, no concreto, o que isso representa para cada um de nós. Nem eu!
Estando em isolamento social,
tenho tido tempo. Tempo para pensar em tanta coisa. Tempo para olhar à minha
volta. Equacionar tantas coisas, que eu até aqui, considerava como importantes
na minha vida. Continuam a ser, mas deixaram de ser tão importantes.
Uns acham que DEUS nos está a por
à prova, outros acham que é a própria Mãe Natureza a falar… não contesto nem
uma ou outra teoria, cada um crê no que quiser. De uma coisa eu sei, um
“inimigo invisível” fez-nos parar a todos. Pôs o Mundo em alerta e no geral,
está a modificar o comportamento das pessoas. Há um sentimento de união, de entreajuda,
de solidariedade e de comunidade.
Estamos em “guerra” dizem os
nossos responsáveis políticos e o mundo uniu-se contra o inimigo.
Não é tempo de exigir do Estado tudo
e mais alguma coisa - e aqui refiro-me a todos os órgãos desde o governo até às
juntas de freguesia - porque o Estado somos nós e portanto, cada um terá que
ter a sua quota de participação de responsabilidade. Enquanto cidadãos devemos
olhar pelos nossos semelhantes, desde os nossos familiares até aos nossos
vizinhos, porque todos precisamos uns dos outros.
Sou eternamente grata àqueles que
não estão em casa, continuam a trabalhar, desde os profissionais de saúde
(médicos, enfermeiros, auxiliares, administrativos TSD….) até ao padeiro que
não deixa que o pão nos falte na mesa. A solidariedade dos minimercados das
aldeias que se mantém abertos e que fazem entregas ao domicílio aos idosos e
doentes e tantos, tantos outros…isto é ESTADO, porque ninguém se pode demitir
da sua obrigação, até enquanto ser humano.
Acho (e espero) que toda esta
crise profunda em que vivemos, nos faça reequacionar as verdadeiras prioridades
da VIDA. Porque ninguém vive numa ilha isolada.
“Todo o ser capaz de viver
isoladamente, ou é um Deus ou uma besta, mas não um ser humano” (Aristóteles)
Desde a peste do Egipto em 430 AC, passando pela peste negra em 1300, a gripe espanhola em 1918, que o meus avós me contavam que morreu muita gente na nossa zona, esses surtos são acontecimentos naturais. Não metam Deus, nem a revolta da natureza nestas coisas. Felizmente que estamos no século XXI e a medicina logo encontrará a solução definitiva para este vírus...até lá temos que nos manter atentos e protegidos mas sem pânico, que nunca é bom conselheiro.
ResponderEliminarMarlene, apesar de concordar com muito do que diz neste post apenas pretendo desmistificar aqui um pouco daquela habitual unanimidade, muito emocional, que sempre aparece nos momentos mais difíceis como acontece agora.
ResponderEliminarNormalmente os espíritos mais voluntaristas e emotivos encontram nestas ocasiões aquelas oportunidades de ouro, a charneira do comportamento coletivo almejada para unir definitivamente os povos naquele rumo idílico em que muitos românticos acreditam.
Repare que estes unanimismos e solidariedades momentâneas, que todos aplaudimos, são isso mesmo, pontuais e quando passar a borrasca voltaremos todos a ser como sempre fomos: "cada um por si e todos por Mim"! Porque o que nos une agora é mesmo o próprio medo de um perigo que não distingue individuos, classes, raças ou credos, e nessa medida une-nos porque ao nos entregarmos ao coletivo estamos a garantir que o coletivo cuida também de nós, ou seja, o interesse pessoal impera apesar de ficar disfarçado pela pan-ameaça que a todos aflige.
Portanto aproveitemos a entrega de todos ao momento difícil e à solidariedade de que todos beneficiamos e felicitemos alto e bom som os profissionais da saúde, das policias, dos bombeiros e demais profissões que labutam por todos nós com riscos acrescidos, esses sim os verdadeiros altruístas.
Porque não desejo ser um desmancha prazeres a estragar a miragem, mas em abono da verdade há que não embarcarmos na falsa convicção de que a partir de agora a sociedade virar-se-á do avesso, porque não o vai fazer.
Talvez o mundo aprenda que somos capazes de grandes efeitos quando coletiva e consertadamente atuamos, e nessa medida talvez o futuro das reparações climáticas ainda possam vir a ter lugar e ajudar a manter um planeta mais estável e isento de crises, pragas e cataclismos evitáveis!
Mas tudo o que estimule a união atual, a solidariedade, a temperança nos comportamentos e uma cola social mais eficaz é uma mais valia que não devemos deixar de aproveitar e estimular.
A terminar, quando se refere aos administrativos TSD a quem está eternamente grata, quem são mesmo esses T S D ? Trabalhadores sociais democratas???