1 de março de 2020

Vergonha alheia





A presidente da Assembleia Municipal de Pombal há-de chegar ao fim do mandato sem os mínimos olímpicos para o desempenho da função. Fernanda Guardado é um caso perdido na política: confunde a nobreza do órgão com uma reunião do partido, é sectária militante, usando sempre dois pesos e duas medidas - quer se trate do PSD ou de outro partido qualquer. Só não destoa mais porque a maioria que constitui aquela Assembleia acompanha-a na perfeição - também não sabe muito bem o que está ali a fazer. 
Há, no entanto, noções básicas de respeito pelos outros que não existem para uns quantos. A forma como o vereador Pedro Murtinho goza com a deputada Célia Cavalheiro (BE), servindo de batuta para  a bancada do seu partido, é gritante. Para quem transpira cera por todos os poros exigia-se um bocadinho mais no tratamento do próximo. 
Acresce que o voto de repúdio era sobre os actos racistas que ocorreram recentemente no futebol português. Estando ali um campeão da felicidade (e dos relvados) como Pedro Pimpão, era expectável que ao menos fizesse de conta. Para quem cita Nelson Mandela mais adiante...é pouco. Até se compreende que nalguns deputados (como aquela sumidade política do oeste que se chama Rui Acácio, a jovem-promessa-do-CDS-Chicão Liliana Silva, mais um ou outro personagem) não dê para mais. Para quem anda na linha da frente...é poucochinho.

Mas voltemos às questões práticas de funcionamento de uma assembleia. 

1. A mesa não tem que opinar sobre a natureza dos votos, propostas ou moções. Na versão integral do vídeo vemos Fernanda Guardado desvalorizar o voto de repúdio ao racismo, dizendo mesmo "aqui todos condenamos esses actos". Pois, pois. Viu-se. 

2. O facto da dúzia de mulheres que integra a AM não querer, sequer, discutir a importância da greve feminista de 8 de Março, é reveladora do ponto em que estamos, em Pombal. Ah esperem...a proposta não veio (como não poderia vir) do PSD. 
Sobre a segurança, a demagogia de uns e outros, falarei mais tarde, em post próprio.

3. É perfeitamente discutível a pertinência de cada um dos temas, e a consequente inclusão das moções  na ordem de trabalhos, em cima da hora. Carlos Lopes (PS) recordou uma reunião de há um ano, de que pelos vistos todos se esqueceram. Até o PS, em reuniões passadas, quando alinhou com o PSD em moções de defesa do dono (dos colégios, quero dizer).   
De resto, as imagens falam por si. Servirão para memória futura, e para que tantos e tantas que elevaram em sucessivos mandatos o nível da Assembleia Municipal de Pombal...dêem voltas no túmulo.

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