3 de junho de 2019

Um outono sem primavera à vista

O outono de D. Diogo é mais insonso que a "primavera marcelista". Naquela, apesar da rigidez do regime, existia uma espécie de oposição, de dissidência, de agitação protagonizada pela chamada Ala Liberal e pelo irreverente Jornal Expresso (da altura). Aqui e agora, nem isso!
Temos um poder autocrático e petulante, que sobrevive não pela sua energia vital mas pela ausência de ameaça. E uma oposição que não o é nem nunca o será, composta por um conjunto de figuras cujo traço comum é a superficialidade, o estupor apático, a falta de instinto político e, pior, a falta de coragem; figuras que não representam nada nem ninguém - propósitos ou aspirações legítimas; antagonismos de grupos ou individuais. E temos uma terra que acolhe esta mixórdia como aquilo que há de mais delicado, de mais grosseiro ou de mais artificioso.
As reuniões do executivo e da assembleia municipal ilustram o quadro na plenitude, e o resto completa-o.
As reuniões do executivo são uma dor de alma; juntam ao executivo que nada executa dois rufiões do espírito com fome de celebridade mas pobres de saber, e duas almas bondosas que vivem demasiado à parte para ter razões pró ou contra o que quer que seja.
As reuniões da AM são uma espécie de reunião de condóminos onde poucos pagam as quotas e muitos se queixam.
Por cima de toda esta vulgaridade reina o senhor-todo-poderoso, com pose de nobre, mas sem nobreza, instintivo como todos os falsos aristocratas, que sabe usar as máscaras e os artifícios do poder.
Cheira a fim de regime, mas não se vislumbra o fim. É difícil apontar o que mais desola: se a petulância e a malícia do senhor-todo-poderoso, ou a insignificância e o risível dos figurantes que o suportam.

3 comentários:

  1. Adelino Malho. Aproveitando que entretanto existem eleições no PS e dado que ainda és militante, se te julgas acima de todos os outros actores políticos da nossa "praça", lanço-te aqui o desafio. Candidata-te à Presidência da Concelhia e mostra o que vales. Aproveito já para te dizer que não votarei em ti, mas gostava de ver quantos votos terias. Ganha coragem e concorre, assim sempre ficas a saber quantos confiavam o partido novamente nas tuas mãos.

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  2. Não faz parte dos meus propósitos, mas reconheço que teria poucos votos – até porque o PS tem pouquíssimos (verdadeiros) militantes.
    No entanto, teria mais votos do que leitores tu tens aqui com a cassete de “comentários”. E a prova é que todos os militantes que tenho convidado para fazer coisas comigo - coisas com alguma exigência - têm aceitado.
    Como és viciado no comentário, devolvo-te, também, um desafio: se vales alguma coisa porque não fazes um blog (coisa fácil) e pões à prova as tuas capacidades/qualidades?

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    1. Adelino, com a tua resposta posso concluir que arrumaste a tua carreira politica no armário. É pena, um ser tão inteligente, dinâmico e pro-activo não desenvolver um projecto politico por si liderado. Pombal fica mais pobre. RIP.

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