"E na epiderme de cada facto contemporâneo cravaremos uma farpa: apenas a porção de ferro estritamente indispensável para deixar pendente um sinal."
5 de março de 2009
Lobo Antunes fala de nós
Quer dizer, dos nossos antepassados. Fala do Eco e do Notícias de Pombal de outros tempos. Afinal sempre somos notícia pelo que não é necessariamente mau. Para ler aqui, numa edição de aniversário do Público que vale a pena ler e guardar.
9 comentários:
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Então o Lobo Antunes tem ou teve familiares pombalenses!!
ResponderEliminarSó por isto, vá lá não sejam semíticos, medalhem lá o senhor no 11 de Novembro!!!
Infelizmente, chamou "Ecos de Pombal" a "O Eco" e a referência ao jornal, embora castiça e com piada, não é propriamente laudatória...
ResponderEliminarPaula sofia, a sua capacidade está muito acima daquilo que tem sido a sua participão neste blog. Vamos a dar o seu contributo de forma verdadeiramente construtiva. isto de jornais e Lobos Antunes tem o pais de mais, falta é gente para trabalhar, conversa até eu tenho e muita. Não Vê?
ResponderEliminarMinha cara Sofia, então porquê tanta estranheza em que se fale bem de Pombal e dos Pombalenses - dos antepassados e dos vivos. Não encontro razões para o seu desencanto. A objectividade - e senhor é objectiva - obriga a dizer que Pombal e os Pomblenses têm os defeitos comuns da natureza humana. Como as outras cidades - incluindo a onde vivo - só melhora enquanto houver cidadãos a acreditar que pode melhor e que se empenhem em o fazer.
ResponderEliminarPara o primeiro comentador. Os irmãos Lobo Antunes tiveram um tio que era de Pombal e se dava pelo nome de Fernando Eloy Borges de Figueiredo. Possivelmente, pessoa com a bonomia própria dos pombalenses, como o parece demonstrar a empatia do seu afamado sobrinho.
Ao contrário do avô, possivelmente autoritário e rabugento, o tio tirava as cintas dos jornais e deixava-os abertos à liberdade de um jovem curioso, abrindo-lhe o destino, a amizade às palavras e à conversa. O que, não é do agrado do terceiro anónimo que, ex. catedra, "malha" e diz: "falta é gente para trabalhar ..."
Pois, é meu caro "anónimo", sabe quantos postos de trabalho, quanto valor acrescentado e quanta captação de divisas se conseguiram com o labor deste insignificante artesão da "conversa", e, com o de muitos outros que por cá temos?
Veja bem a qualidade de pais que teriamos se todos pensássem como Sr.? Vá lá que não é daqueles a quem a cultura reclama o uso da pistola!
Sabe meu caro: os Burros, zurram! Os cavalos, relincham ! Os Bois, berram! Todos escoicinham e alguns Marram!... São todos estimáveis animais de trabalho. Não consta, porém, que algum da sua espécie se tenha distinguido pelos conhecimentos do léxico e da gramática e, ao que parece, também não constam das diferentes rúbricas da contabilidade nacional.
Esquece o meu caro anónimo, que o que nos distingue de tão distintas bestas, é, precisamente, o manuseio das palavras.
Se, como diz, tem tanto amor ao trabalho, o Júlio Lopes está a contratar pessoal para partir pedra de calçada - com martelo e escopro - para ser usada nos arranjos do futuro centro comercial de Pombal. É contrato sem termo, com semana Inglesa há maneira da progressista, e há muito revogada, Lei Geral de Trabalho. O que, nos tempos que correm não é propriamente escravtura. Aceite a oferta e daqui a duas semanas diga, aqui, se ainda mantém a mesma opinião e se tem mãos para o que vem a seguir!
SEIOS
Sei os teus seios.
Sei-os de cor.
Para a frente. para cima,
Despontam alegres os teus seios.
Vitoriosos já,
Mas não ainda triunfais.
Quem comparou os seios que são teus
(banal imagem) a colinas!
Com donaire avançam os teus seios,
Ó minha embarcação!
Porque não há
Padarias que em vez de pão nos dêem seios
Logo p`la manhã?
Quantas vezes interrogas-te ao espelho, os seios?
Tão tolos os teus seios! Toda a noite
Com inveja um do outro, toda a santa noite
Quantos seios ficaram por amar?
Seios pasmados, seios lorpas, seios
Como barrigas de glutões?
Seios decrépitos e no entanto belos
como o que já viveu e fez viver!
Seios inacessíveis e tão altos
Como um orgulho que há-de rebentar
Em desesperadas, quarentonas lágrimas...
Seios fortes comos os da Liberdade
- Delacroix - guiando o Povo.
Seios que vão à escola p`ra de lá sairem
Direitinhos p`ra casa...
Seios que deran o bom leite da vida
A vorazes filhos alheios!
Diz-se rijo dum seio que, vencido,
Acaba por vencer...
O amor excessivo de um poeta:
"E hei-de fazer um almanaque
Na pele encadernado do teu seio!"
(Gomes Leal)
Retirar-me para uns seios que me esperam
Há tantos anos fielmente, na provincia!
Arrulho de pequenos seios
No peitoril de uma janela
Aberta sobre a vida.
Botas botifarras
Pisando tudo, até os seios
Em que o amor se exalta e rebostece!
Seios adivinhados, entrevistos,
Jamais possuidos, sempre desejados!
"Oculta, pois, oculta esses objectos,
Altares onde fazem sacrificios
Quantos os vêem com olhos indiscretos"
(Abade de Jazente)
Raparigas dos limões a oferecerem
Fruta mais atrevida: inesperados seios...
Uma roda de velhos seios despeitados,
Rabujando,
A pretexto do chá...
Engolfo-me num seio até perder a memória de quem sou...
Quantos seios devorou a guerra, quantos,
Depressa ou devagar, roubou à vida,
À alegria, ao amor, e às gulosas
Bocas dos miúdos!
Pouso a cabeça no teu seio
E nenhum desejo me estremece a carne.
Vejo os teus seios, absortos
sobre um pequeno ser.
Alexandre O`Neil
Recomendações:
1- Deve fazer muito bem ao Sr. Adelino Malho, que é um homem abnegado, como o nosso comentador, também muito arreigado ao trabalho e ao nosso torrão natal. Ao Sr Presidente Narciso Mota, que além destes predicados, gosta é de falar como povo e, por isso, já deve prescisar de diversificar a conversa. Porra, Homens!... Diversifiquem mais os vossos interesses! Nos tempos da televisão e da net, quem não se diversica, esquece. O povo já não vai em lérias, já não se conforma com a monotonia (nem na cama!), cansa-se, e quem sabe, foge para outro canal, ou procura noutro lado o que lhe falta em casa. Sempre o mesmo (trabalho, claro!), é demais e trás lesões profissionais. Não, seguramente, as conhecidas tendinites, que essas são próprias de quem insiste em usar, sempre a mesma mão! O que não é o caso, de um e de outro!
2- Ao José Gomes Fernandes, meu caro parente: ambém por esta via se poderiam reduzir - e muito! - as despesas do Município. Bastaria que só recorressem a esta fonte, os que a apreciam e, verdadeiramente, dela precisam. E que, alguns se desapegassem dos seios porque já usufruiram de mais do que lhes poderia caber e podem ir mamar para outro lado, apesar de já estarem grandes demais para isso, e de tanto rilharem com os dentes já não há seios que os aguente!
- À nossa Ilustre Deputada Srª Drª Ofélia Moleiro pede-se que se afate destas lides e se ocupe com as coisas sérias do Parlamento.Pode ser que ainda se veja e se sintam os efeitos benéficos da sua tão empenhada acção.
Lagos, 8 de Março de 2009
Jorge Ferreira
P.S. : Há vezes que se me afloram uns seios que nunca me cansei de tanto os ver enquanto eu e eles andávamnos aí na escola secundária nas aulas da Profª Aurora. Agora, como então, talvez "Seios inacessiveis e tão altos/Como um orgulho que há-de rebentar/ Em desesperadas quarentonas lágrimas..."
Jorge, obrigada pelo momento de poesia. E pela lição de história a propósito da família de Lobo Antunes - que até aprecio, pese embora o facto de ousar comparar o alentejo a uma torrada queimada...
ResponderEliminarDe resto, julgo que percebe o trocadilho. É que diz-se, por cá, que Pombal (qual entroncamento) é terra de fenómenos e por isso só noticiada pelos maus motivos. Prazer em revê-lo por cá.
Olha! Temos QUIM BARREIROS!!, Boa. Tambem gosta de mamar.
ResponderEliminarMinha cara Paula Sofia,
ResponderEliminarAfinal parece que nos conhecemos pessoalmente é esposa do Daniel “Girolme”, do Moinho da Mata?
Independentemente disso, agradeço as tuas amáveis palavras.
Quanto aos trocadilhos, é como em quase tudo, a maior parte das vezes pensamos que percebemos. Mas às vezes as voltas saiem-nos trocadas. Com o aumentar da idade a elasticidade mental reduz-se. A experiência é maior, mas nem sempre compensa. Por isso, por vezes, já nem entendo os meus (trocadilhos, claro!). A minha geração, ao contrário das que me precederam, é que tinham essa arte e sabiam ler nas entrelinhas.
Quanto à comparação ou metáfora da torrada e do Alentejo, vai concordar, que até não é insólita, nem significa menos amor e respeito pelo Alentejo. Além da originalidade, têm efeito artístico e estético (não confundamos estas realidades com o "Belo" ou "Agradável", comuns). Esses, eu e o comum dos "escrivões", facilmente escreveríamos uma dúzia de comparações e de metáforas mais sonantes e grandiloquentes. Mas essas, as boas, possivelmente, não seriam originais, e as originais se o fossem, não seriam nem boas, nem teriam qualquer interesse estético. Como costuma dizer-se., na melhor das hipóteses, seriam “lugares-comuns”.
Mas não é só isso. Esta metáfora, transmite, porventura, uma sensibilidade profunda em relação a um Alentejo que muito poucos conseguem representar com igual e estranha sensibilidade. Além de visual é, também, táctil e sonora. Veja se assim não é? Se quisesse referir-se à cor, seria mais fácil comparar com o “café de cevada”, que, com mais ou menos nuance, corresponde à cor castanha da terra. Se quisesse referir-se à cor e à temperatura era mais simples aduzir ao “café de cevada escaldante”, corresponderia à cor da terra e ao calor excessivo do verão. Mas ao referir-se à modesta e comum torrada, além da cor da terra ser mais realista, temos os matizes da vegetação predominante, que vão do castanho intenso ao leitoso e amarelo dourado da palha dos restolhos e dos matagais (estepes, dizem os entendidos), temos, também a expressão da sensação de calor intenso, comum à torrada acabada de sair do lume e ao Alentejo no verão. Mas, em meu entender, a maior virtude da metáfora está na sensibilidade táctil que transmite a textura do Alentejo, que se sente, ao ponto de poder causar arrepio, como sucede quando tocamos com a nossa pele mais sensível numa torrada ou numa superfície com a mesma rugosidade. Com um pouco de mais atenção, até os nossos ouvidos são chamados a essa metáfora, basta andar pelos campos alentejanos em pleno verão, verá que a palha as ramagens, e até, a terra solta, produzem o som de uma torrada mais seca, quando se nos desfaz nas mãos.
Também o sentido olfacto nos é despertado, veja a subtileza do cheiro de uma torrada fresca, é tal qual o cheiro do verão no Alentejo, é quase imperceptível. No entanto está lá, e torna tudo mais agradável.
Se não conhecer, digo-lhe que existe um pintor que nos transmite, ao seu modo, as mesmas sensações, que também, não o parecendo, são, afinal do que há de mais simples, profundo, ou, simplesmente, Belo. Chama-se Nikias Skapinakis, tem alguns quadros no Centro de Arte moderna, aqui em Lagos também existem alguns, propriedade do Município. Dele se diz: “Nikias Skapinakis deforma os objectos e os espaços, verticalizando-os e comprimindo-os. Ao esquematismo do desenho corresponde então uma paleta austera de tonalidades cinza ou térreas”.
Se ainda não estiver convencida, vamos pelo lugar-comum e impressivo. E perdoe se vou por este caminho, mas gosto de paisagens secas e amores intensos. A Margarida Rebelo Pinto nunca faria o cenário em Pombal e, no Alentejo, teria de ser numa Herdade de uma família com cheiro a nobreza, porventura “Mendia”, que remete para a cirurgia plástica Preferencialmente, seria na Comporta, na herdade dos Espirito-Santo, onde o mais importante, seriam os cavalos e o mergulhar nos “Daiquiris” com o sol a cair na Praia Nunca no campo escalavrado ou o pousio abrasador, a meio da tarde. Mas nós exigimos, não deixando de ser lugar-comum, amantes intensos e descontrolados, como todos os amantes o são, a quem qualquer desconforto, ao invés de desmotivar, inspira! Imagine dois amantes vindos do Algarve para Pombal, fartos do artificialismo de Albufeira ou de lugares semelhantes – o que é verdade, mas também não deixa de ser lugar-comum e há necessidade de encurtar e resumir. Vamos então! Como o que é próprio dos amantes, entusiasmam a eles mesmos, e resolvem amansar esse entusiasmo no que a natureza do Alentejo tem de mais próprio e intenso. De que até as cigarras fogem, por se afoguearem – mesmo na fábula, elas podem cantar, mas têm de ter condições, não se lhes pode exigir sacrifícios, senão como lhe daríamos um sentido moral. Mesmo assim, estes amantes encontram um lugar discreto onde podem camuflar a pele “castanho-bronze” que se tem depois de quinze dias de praia – a sombra do chaparro nesta altura também é importante – e resolvem sair do carro (século XXI ) que os oprime, e resolvem partilhar-se, eles mesmos. Seguramente não ligarão à cor, não ligarão ao calor, não verão o céu, nem a copa da árvore, mas não poderão deixar de sentir a textura do chão, o estalar da palha a ser amassada, e odor. O deles e o a torrada, a que o Alentejo cheira. No verão!...
Por comparação, o grande Jorge Amado – não tão grande como o dizem - tem metáforas, mais facilmente acessíveis, como as que faz com os diferentes tipos de “Baianas”, com o cacau , outros sabores, e cheiros como o do suor. Quer as mulatas, quer o cacau e os outros sabores, são metáforas a que facilmente se adere. O suor é o contraponto que abrilhanta o estilo. Agora as torradas tem o sabor simples, tem um ton sur ton”- esta é um pouco amaricada, mas pós-moderna – do castanho intenso ao amarelo dourado, mas tem aquele odor subtil que nós gostamos de sentir nas pessoas que amamos e aquela textura ligeiramente rugosa que nos corre a pele como as unhas de quem, verdadeiramente, nos ama. São lugares-comuns, mas gosta-se deles.
Então, Paula Sofia, é de todo desapropriado associar torradas e do Alentejo?
Às vezes tirar a seriedade às coisas é uma forma de as tornar mais sérias. Não sei se alguma vez o conseguirei, mas é esse a intenção. Participei por ver que uma boa parte dos intervenientes dá a cara e o tom geral, mesmo dos anónimos, tem graça e elevação. Por isso, se não estiver no espírito do vosso blogue, diga. Estou afastado daí há mais de vinte anos, e não quero ser, nem intrometido, nem desfasado.
Um grande abraço para o Daniel, seja ele, ou não? E também ao Adelino Leitão que, desde que enriqueceu, dizem-me que deixou de beber, se tornou mais esquecido e, “para compor o ramalhete”, foi atacado pela gota.
Lagos, 10 de Março de 2009
QUIM BARREIROS
P.S. : Também se falou de politica, sempre por associações livres.
Compreendo muito bem Sr. Jorge diga então quantos postos de trabalhor esse senhor criou em pombal?. w já agora tambem gostaria quantos postos de trabalho é que o senhor criou. Diga tambem qual tem sido a sua contribuição para o concelho em termos de participação na causa publica ( Autarquia, colectividades e outras entidades que procurem o interresse comum), com isto não afirmo que não tenha dado a sua contribuição, serve apenas para ficarmos certos do contrario. Um grande abraço do proletariado
ResponderEliminarSr.Quim Barreiros, ainda não percebeu que este blog é dedicado a vida do concelho de Pombal e não ao trocadilho de "textos" pseudo- intelectuais. Ou será necessario fazer o desenho
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